Capítulo 34

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Pérola





Estávamos sentados na sombra da árvore, eu com o meu violão,que fiz questão  de busca-lo em meu quarto  e o Leon,sorrindo por ver o quanto sou esforçada e talentosa. Ele fez questão de me colocar a parte da aula de hoje. Estava passando um resumo muito bem explanado e eu assentia e anotava em um dos meus blocos as partes que eram importantes. Que por sinal,era todas.

— Sua voz é linda. — Comentou ele,após eu cantar um trecho de uma música.

— Podíamos montar um banda só nossa. — Sugeri, e ele refletiu sobre a idéia.

— Não sei... — Murmurou. — Eu não sou muito bom com platéias.
— Constatou. — E outra,eu gosto de musicas bregas. — Eu ri. — Os jovens de hoje curtem essas músicas pobres de letras e acham o máximo.

— Você  fala como se fosse velho.
— Constatei e ele achou graça. — Sou quantos anos mais nova  que você ?
— Ele pensou, mas logo falou.

— Uns cinco anos. — Me disse e eu ri.

— Cinco! — Afirmei.  — Não cinquenta. — Ele riu. — Você é  novo o suficiente para ter uma banda.

— Sou novo por fora,e com uma alma de velho por dentro. — Constatou.
— Eu não  sou tão  bom quanto você! — Você é  linda,tá se aperfeiçoando no violão e é   afinada. E eu já  disse linda? — Eu ri e assenti. — Eu só  tenho o meu teclado velho, um trabalho meio período na lanchonete,outro na escola de música e o tempo vago que me sobra tô pensando na vida.
— Comentou.

— Você é  um rapaz responsável,inteligente ,esforçado e divide os fios alaranjados comigo.
— Ele riu. — Seu teclado não  é  velho. Ele é  vintage.

— Vintage é  velho pra mim.
— Murmurou sorridente.

— Tá. — Dei-me por vencida. —  E você tem um dom, você toca muito bem e o mais incrível,  aprendeu sozinho. — Ele assentiu, orgulhoso.
— Poucas pessoas conseguem aprender desse jeito, como você.
— Constatei. — Eu penso em ter uma banda,aproveitar a juventude e me divertir com o que gosto de fazer. Mas encarar um palco sozinha, não sei se consigo. Tenho vergonha,e isso é uma merda. Depois,correr atrás da carreira dos sonhos. Fazer meu nome,e viver disso. Não  dá  pra viver de barzinho. O dinheiro é uma miséria. — Ele sorriu. —  A vida é glamorosa,nos palcos, mas pra se ter reconhecimento leva muito tempo, e às vezes acabamos morrendo sem ao menos termos sentindo o gosto que a fama tem. — Comentei.

—  Mais você pode ter as duas coisas. — Me disse. — Ser a Pérola respeitada por fazer sua parte na sociedade de dia, e a noite ser a menina pop star . — Eu ri. — Você seria a cinderela do Rock! — Não agüentei e acabei gargalhando.

— E a meia noite eu iria virá uma abóbora e ser devorada pelos lobos malucos que existem nas florestas?
— Ele riu alto.

— Isso só  iria acontecer se você fosse a chapeuzinho vermelha do Rock.
—Ele assenti,sorrindo.

— Você é muito bobo, sabia? — Eu foquei em seus olhos e deixei o meu violão ao meu lado.

— Só estou sendo pé no chão. — Me deu um leve esbarrão nos ombros.

— E você? — Fiz uma leve pausa.
—O que pensa do seu futuro? — Ele encostou seu ombro ao meu,e colou nossas cabeças.

— Eu não  sei...— Virou-se para me olhar. — Acho que vou virar o Ceo da lanchonete. — Fez piada e eu ri.
— Vou continuar a dar aula,e quem sabe futuramente investi numa faculdade.

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