Capítulo 28

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Luan


Estacionei o carro na garagem,assim que cheguei. Abri a porta do carro e o rapaz que trabalhava no estacionamento veio até  mim ,e eu o cumprimentei com um aperto de mãos. Ele se lembrava de mim, mais eu não  me lembrava dele. Tranquei o carro e caminhei até  as portas de vidro do restaurante. As portas eram automáticas,e se abriram assim que seus sensores me notaram. Entrei e sorri ao me ver pisando aquele salão  mais uma vez. A tia vê  não  se encontrava,o tio Artur não  estava no salão, talvez tivesse trancado na cozinha. O Nícolas estava sentado no balcão, com seu computador em mãos concentrado. O salão  estava quase cheio,me envorgelhei quando dei conta que eu usava roupas simples, e calçada chinelos e não  sapatos ,como os demais que estavam sentados ao redor do salão. Caminhei em direção  ao Nícolas, tive o cuidado de não  esbarrar nos garções e nem nas mesas. Aqueles vinhos eram caros de mais pra um pobre fazendeiro como eu.

— Luan! — Murmurou meu nome,o Nícolas  assim que me notou. Ele não  sorriu,como das  outras vezes.  Ele apenas me viu,mais não  me deu a atenção  devida. Me aproximei dele,e puxei uma das cadeiras para me sentar ao seu lado. — O que faz aqui?— Murmurou enquanto digitava algo no seu laptop.

— O Artur ,onde ele está ? 
—  Ele respirou fundo e me olhou rapidamente.

— Na cozinha,como sempre. Você  já  devia ter se acostumado. — Foi ríspido e então  eu entendi que ele estava magoado comigo.

— É, eu sempre me esqueço.
— Constatei sem jeito. Me levantei e segui em direção  a cozinha.

— É  proibido a entrada de pessoas que não  trabalham aqui, lá  dentro.
—  Alertou- me,e eu bufei. Dei meia volta e voltei a me sentar ao seu lado.

— Será que seria muito incômodo eu pedi-lo para chama-lo? — Ele parou de digitar e focou seus olhos em mim.  Sua feição  estava estranha e aquele momento estava se tornando muito tenso.

—  Isso não  é  meu trabalho, e eu não   seu subordinado. — Eu engoli a seco.—E sim, isso seria um imenso incômodo  eu ter que parar de trabalhar  para fazer  esse capricho para você! —  Eu arregalar meus olhos e me calei.

— Nícolas...— O chamei,temendo outra represalhia e  ele continuou  com seus olhos fixados aos meus  e isso,  me deixou totalmente constrangido. — O que eu fiz para você? — Idiota, Idiota... Você  sabe muito bem o porquê  desse desacatos. Logo pensei comigo e me arrependi de ter aberto a minha boca. Eu nem sei porque fui me sentar ao seu lado. 

— Ainda preciso dizer? —Me encurralou mais uma vez. — Você  Me enganou ,usou e abusou da minha pequena. — Ele cerrou seus olhos para mim. — Seu moleque ,você me pediu conselhos para usar na minha própria filha! — Murmurou.

— Me desculpe. — Pedi. — Eu estava apavorado ,e ainda estou. — Confessei e ele se desarmou um pouco .

— Já vi que vocês estão resolvendo suas incompatibilidades.
— Murmurou o tio,se aproximando de nós dois. Ele ainda vestia suas roupas brancas,e as mesmas estavam toda suja de molho. O tio entrava na cozinha e se divertia com o que fazia. Me levantei e o abracei forte e ele retribuiu o abraço.

— Tio ,que saudades. — Confessei e ele riu daquele jeitão dele.




Pérola






Assim que cheguei em casa, me despedi do meu pai e ele seguiu direto para a empresa. Eu abri a porta e me joguei no sofá. Peguei meu celular e fixei meus olhos na foto do Luan que eu coloquei no caminho de volta como papel de parede.

— Que cara de retardada é  essa aí?
— Murmurou o  Miguel aparecendo na sala.

— Cara de nada , seu intrometido.
—  Dei língua para ele , e ele me ignorou e seguiu para a cozinha, e eu fui atrás  dele.

— O que faz aqui? — Ele bufou. — Você  agora ,praticamente mora com o Vô. — O questionei e ele revirou os olhos e abriu os armários.

— Eu ainda moro aqui! — Murmurou de volta.

— Não  parece. — Ele me imitou.

— Nossa,não  me diga.
— Bufei. — O que veio fazer aqui?
— Puxei uma cadeira e me sentei.

— Não te interessa! — Me disse,puxando uma garrafa de água  da geladeira. Eu vi que ele não  iria me dizer nada,me levantei e segui para o meu quarto. Aproveitei e  tomei um banho gelado ,e voltei a suspirar ao me lembrar de todas as sensações que presenciei . Meu banho foi um pouco longo ,aproveitei para lavar a minha roupa íntima que havia ficado um pouco suja de sangue.Após o banho ,vesti uma roupa leve e calcei meus chinelos vermelhos com flores pretas e voltei para a sala . Achei o meu irmão já  abrindo a porta para sair de casa.

— Me espera! — Pedi e ele murmurou. — Eu vou com você para a casa do Vô.— Ele revirou os olhos impaciente. 

— Só não anda como uma mocinha!
— Eu ri. — Eu não quero levar mais tempo do que realmente é preciso para chegar a casa do vô.

—Mais eu sou uma mocinha,oras.
— Ele riu,cheio de deboche.

— Não me diga! — Gritou e eu bati de leve na sua cabeça  com a minha mão.

— Já  volto. Vou buscar o bolinha.
— Eu concordei e o aguardei no lado de fora. Assim que ele voltou ,finalmente seguimos para a casa do nosso avô Sidney .Fomos implicando um com o outro o caminho inteiro. Eu me divertia e ele não  achava nenhuma graça.

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