Capítulo 57

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Pérola


Foi impossível levá-lo para meu quarto sem que ele fizesse nenhum barulho. Com muito esforço consegui. O deitei na minha cama, e notei que ele estava um pouco molhado e sujo. Tirei seus sapatos,em seguida sua camisa e a calça. O deixei apenas de cueca, e o cobri. Fechei a porta e segui de volta até a cozinha. Preparei um café forte,e busquei um comprimido que o ajudasse a não ter tanta enxaqueca ao acordar. Enquanto a cafeteira passava o café, tomei um pouco de água e me assustei com a voz do Miguel.

— Vê se não acaba com a água toda,eu estou cheio de sede também. — Falou o Miguel tomando o copo das minhas mãos.

— O que você faz aqui? — Murmurei já puxando o copo novamente das suas mãos,mais ele não deixou eu pegar e tomou toda a água.

— Toma. — Devolveu-me o copo. — O vô me expulsou da casa dele,ele me disse que já estava melhor e que eu podia voltar a pertubar os meus pais por tempo interterminado. — Eu gargalhei.

— Pirralho ,o vô te chamou de chato incoveniente. — Ele me deu língua.

— Incoveniente é você,que atrapalha o romance dos coroas. — Me disse enquanto buscava algo pra comer na geladeira. — Quer um? — Eu assenti. Ele puxou uns frios da geladeira,e eu peguei o pão no armário e o deixei sobre a mesa.

— Eu não atrapalhei nada. Fiquei quieta,assistindo a um filme que me fez dormir. O ajudei a preparar os sanduíches. Fiz dois pra mim,e ele apesar de achar estranho não perguntou nada. Ele terminou o dele mais rápido, pegou um copo de suco e levou com ele até a sala. Assim que o café ficou pronto,coloquei numa xícara. Estava forte e amargo. Coloquei o sanduíche numa bandeja ,junto com o café e um copo de suco. Os comprimidos estavam juntos, dividindo espaço entre a xícara e o prato. Sai da cozinha, e vi o Miguel devorando o dele,com os olhos penetrados na televisão.

— Pérola? — Chamou-me sem tirar sua atenção da televisão.

— Fale pirralho.

— Vou sentir sua falta. — Eu sorri.

— Também vou sentir a sua.
— Constatei antes de subir os degraus tendo o cuidado de não deixar nada cair. Fiz o máximo de silêncio que consegui. A televisão do sala estava um pouco alta. O Miguel sempre fazia isso,nesse momento era uma boa camuflagem. Abri a porta com uma das mãos, enquanto meu outro braço equilibrava a bandeja. Puxei uma cadeira, e apoiei a bandeja sobre minha penteadeira. Comi meu sanduíche e tomei meu suco. O Luan dormia,mais eu tinha que acorda-lo para força-lo a tomar o remédio. Assim que terminei de comer, fui acorda-lo. Foram várias tentativas frustradas até a que ele se permitiu ingerir o comprimido. Logo voltou a dormi, e eu puxei um travesseiro da minha cama e um cobertor do armário. E me aconcheguei no tapete do meu quarto. Adormeci ,ali mesmo.





Algumas horas depois



Luan




Eu devia está morto de enxaqueca, mais não estava. Acordei bem,apesar de me sentir desorientado. Eu não me lembrava de muita coisa. Esfreguei meus olhos,e notei que aquele teto era diferente do teto do meu quarto. Observei a minha volta,e notei que aqueles móveis não me pertenciam. Até que vi o mural de fotos e reconheci as pessoas que haviam nele. Eu estava no quarto da Pérola. Mais como eu havia parado aqui? Me sentei na cama,e assim que coloquei meu pé no chão a vi deitada. Me avaliei,e notei que eu usava apenas a minha cueca. Eu ainda estava sonolento. Ela se mexeu, e ao abrir os olhos notou que eu já estava disperto.

— Tem café e um sanduíche pra você na minha penteadeira. — Eu assenti. Ela se sentou no tapete,e eu me estiquei para pegar o café. Estava frio,forte e amargo. Tomei assim mesmo,me faria bem.

— Como eu vim parar aqui?
— Indagou curioso.

— Eu esperava que você me contasse.
— Ela sorriu,sem graça. Puxou o sanduíche e me  entregou. O peguei de suas mãos  e mordei um pedaço.

— Ah,me lembrei. Eu estava num bar com uns caras. — Contei. — Acho que foi eles que me deixaram aqui.

— Interessante. — Riu. — Porque eles te trouxeram pra cá?

— Eu não me lembro de muita coisa. — E eu estava sendo sincero.


Pérola





O Luan voltou a tomar o café, e terminou de comer o sanduíche que eu tinha deixado pronto. Me levantei ,dobrei o cobertor e coloquei em cima da cadeira da minha penteadeira junto com o travesseiro. Olhei no visor do meu celular e vi que ainda era sete horas da manhã. Meus pais ainda dormiam. Ninguém sabia onde ele estava. A essa altura a Helena devia está desesperada. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para o Leon,pedindo que avisasse a ela que ele passou a noite na minha casa. O telefone dele começou a tocar. Ele revirou o bolso da calça e assim que o achou, desligou o aparelho.

— Não vai atender? — Ele respirou fundo e voltou a tomar o café.— Todos estão preocupadíssimos com você.

— Eu sei,é que não estou com cabeça pra nada no momento. — Justificou.

— Quer aproveitar pra tomar um banho antes de ir? — Ele assentiu.
— Essas malas,são pra que?

— Eu me mudo hoje,pra minha casa temporária na faculdade.

— Eu não sabia. — Comentou sem graça. —É melhor eu ir. Não quero te atrapalhar.

— Eu só vou no fim da tarde
— Expliquei. — Você não se lembra de mais nada? — Ele negou.

— Quando dei por mim,eu já estava aqui!— Concluiu.

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