Pérola
Comi o suficiente para me satisfazer. Meu irmão só faltou comer a tigela também. Meu avô ria do Miguel. Ele havia se sujado todo. Assim que terminamos o nosso almoço, eu ajudei meu avô a retirar as louças da mesa. As deixei dentro da pia,aguardei a jarra de suco, que por milagre ainda tinha bastante líquido. Puxei da pia,a esponja que estava dentro do pote de sabão pastoso,me preparando para lavar toda louça suja.
— Filha...— Chamou-me. Poucas vezes ele me chamava assim,mais eu gostava. — Quer sobremesa?
— Indagou-me.— O senhor quer? — Ele riu.
—Eu quero. — Disse o Miguel,voltando pra cozinha com a camisa em mãos, e um pano molhado que ele tentava passar na camisa para tirar a sujeira do molho que ele havia deixado cair em cima.
— Sorvete? — Murmuou e nos assentimos.
— Sorvete,seria ótimo.— Nos disse.
— Então vamos. — Chamou-nos. Larguei a esponja no pote ,sequei minhas mãos no pano de prato e meu avô me abraçou e seguimos juntos,até a saída da casa. O Miguel nos seguia.
Alguma horas depois
Estávamos sentados em uma das mesas de uma sorveteria,não muito longe da casa do Vô. Meu avô terminava seu sorvete de maracujá, o Miguel terminava o seu de chocolate e eu lambia o meu sorvete de casquinha no sabor de brigadeiro.
— Isso aqui é uma delícia.
—Murmurou o Miguel, raspando com a colher a calda da taça de vidro.
— Eu quero outro. — Nos disse,ainda de boca cheia. — Pérola! — Eu o olhei e ele sorriu,e logo abriu a boca e me mostrou seu sorvete derretido.— Cadê a educação que meus pais lhe deram? — O repreendi, mais ele deu de ombros e soltou um arroto em seguida.
— Você é um caso perdido.
— Murmurei e ele achou graça.— Que tal irmos visitar a minha mãe na floricultura? — Olhei para o Vô e o vi mexendo no seu sorvete. — Vô?
— Toquei em seu braço e ele me olhou. — O que houve? — Ele sorriu e tomou uma colherada de seu gelado.— Só lembrei da Marina. — Me disse. — Ela adorava esse lugar. O de maracujá era o seu preferido. — Ele sorriu,voltando a mexer no sorvete que derretia.
— Sidney! — Ouvimos uma voz masculina chamar nosso avô. Olhei para trás e vi que se tratava de um homem da idade dele. Porém o seu oposto. Ele era magro ,cabelos negros,na certa tingidos para mascarar a verdadeira idade.Usava uma roupa que lembrava o uniforme antigo da corporação onde meu avô passou os melhores anos de sua vida. — Meus pêsames. — Meu avô assentiu. — Eu fiquei sabendo a pouco tempo,o que houve. Eu estava viajando,não fazia idéia que a nosaa Marina havia ido embora.
— Tudo bem. Não tem problema.
— Disse meu avô, ao moço que estava em pé, nos olhando. — A Marina não iria gostar de choradeira. — O homem sorriu.— Vou visita-la,um dia desses. — Nos contou.
— Ela adorava flores de pétalas pequenas. — Meu avô contou.
— As amarelas eram as suas preferidas. — Meu avô assentiu. — E a Gisele,tá lindando bem com isso?
— Creio que sim. Todos nós estamos tentando superar. — Meu avô deu um meio sorriso forçado.
— Foi bom te ver. — Meu avô assentiu.
— Até. — Ele acenou para mim e acariciou os fios escuros do Miguel que não gostou muito de ter seus cabelos bagunçados por um homem. O homem,nos olhou mais uma vez antes de seguir seu caminho.
Luan
Retirei o carro do estacionamento e segui direto para casa. Deixei o carro na guardado na garagem e abri a porta. Encontrei a lena sentada no sofá de pernas cruzadas,presa no telefone. Ouvi ela falar o nome do meu pai,e logo percebi que ela falava com ele. Ela queria ter certeza de que ele estava bem,o suficiente para ficar sem ela por alguns dias.
— Trouxe nosso almoço. — Sussurrei e a Lena assentiu. Deixei as embalagens em cima da mesa de centro e beijei a sua testa rapidamente. — Vou tomar um banho rapidinho. Eu já volto. — Ela assentiu e eu segui para as escadas. As subi pulando alguns degraus. Caminhei com pressa até o meu quarto e assim que abri a porta me surpreendi ao vê-lo arrumado. Meu violão estava ao lado da cama. Entrei e me sentei,o puxei do chão e o ajeitei em meu colo. Coloquei uma de minhas mãos no braço do violão e a outra mão tocou algumas cordas. Logo ouvi algumas notas exalarem seu som e sorri ao me lembrar do dia que toquei no quintal da Pérola. O dia em que aquela ruivinha invadiu meu coração e ocupou todo o espaço livre que antes havia. Me perdi em meus pensamentos,toquei uma música, sonhei acordado com ela. Voltei a minha realidade assim que ouvi a voz da Lena me chamando.
— Luan! — Gritou meu nome com urgência. — Já tomou banho?
— Vou tomar agora. — Devolvi o violão para o lugar que estava e me coloquei de pé. — Eu acabei me distraindo.
— Não demora. — Pediu-me. — Eu tô faminta. Abri a porta do meu armário e puxei da gaveta uma roupa fresca .Peguei uma bermuda de tecido mole e uma camiseta em um tom claro. Logo segui para o banheiro com as roupas em mãos. Tomei uma ducha rápida e extremamente gelada,já que lá fora o dia já esta castigando. Sequei meus fios de qualquer jeito e voltei a descer as escadas com pressa. A Lena não estava na sala. Segui para a cozinha e a encontrei terminado de preparar uma jarra de suco.
— Agora sim,podemos almoçar. — Me disse,e eu assenti. Ela pegou a jarra de suco e a levou para sala e depositou a jarra na mesa,junto de nosso almoço. Eu levei os copos e logo me senti no chão. A Lena abriu a embalagem de isopor da marmita dela e começou a come-la.
— Isso a que está delicioso!
— Murmurou de boca cheia.Ela não tinha esse costume de burlar a etiqueta, só quando a fome a consumia por inteira, como hoje.— Verdade. — Assenti,enquanto enfiava uma colherada da minha comida na boca. — Eu estava morrendo de saudades das iguarias italianas do tio. — Confessei e a Lena sorriu.
—Tá passando fome na fazenda?
— Eu sorri e neguei.— Não. — Afirmei. — E que a comida é diferente. — Contei. — Tudo que comemos lá, e plantado lá ou criado lá.
— Matou as saudades do Artur? — Indagou-me.
— Um pouco. — Confessei. — Vou marcar com ele de vim almoçar aqui,com a gente. — Ela assentiu.
— Ele vai adorar. — Concordou. — E nem vai pensar em negar. Ele te ama.— Murmurou.
— Eu também o amo. — Lhe disse.
— Isso saiu meio gay, sabia? — A Lena riu. Achando graça da situação.
— Eu sei, e não ligo! — Voltei a mastigar a minha comida. — O tio é um pedacinho nosso,da nossa família. Meu segundo pai. — Falei com orgulho.
— É bonito essa relação de vocês dois. — Contou e eu a agradeci por isso.
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Um Pedacinho de nós Dois ✔
RomancePLÁGIO É CRIME Sequência dos livros Livro 1 -Pedacinho meu Livro 2- Um pedaço de mim Livro 3- Um pedacinho de nós dois Livro 4 - Meu pedacinho tão esperado (Continuação do livro 2) Livro 5- Um pedacinho do meu Coração (Spinoff do livro 3) Descu...