Capítulo 41

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Luan


Calculei as horas e peguei as chaves da caminhonete e dirigi sem parar ,até chegar a minha antiga casa. Estacionei o carro do outro lado da estrada e fiquei me  lembrando de como a nossa família era antes, e de como ficou vazia sem meu pai .Sinto saudades dele. Me pego várias vezes me lembrando dele,em vida. Sinto saudades do seu abraço,das suas broncas.Apesar de não ser muito carinhoso,ele era um bom pai.
Presenteou-me com uma madrasta que me ama,e que  sou grato por continuar na minha vida,mesmo sem ele nos unindo.  Todas as noites eu escuto a Helena chorar abraçada ao travesseiro que o meu pai sempre dormia.  Tudo nos faz lembrar  dele, principalmente a fazenda, nosso mais novo e permanente lar. Enquanto meus olhos continuam fixado a casa, logo vejo a porta principal se abrir. Uma mulher já idosa sai da casa, com uma moça de fios escuros e curtos. Sua franja para na altura dos seus olhos e ela sorri ao me ver, do outro lado da rua. Sorriso doce e largo. Nossos olhares se cruzam e ela me reconhece e acena para mim. A vejo dizer algo a senhora que era a sua tia e ela logo corre em minha direção.

— Oi... — Me disse assim que se aproximou do carro. — Sentiu saudades da casa? — Eu sorri e ela me encarou.

— Eu estava por perto. — Ela assentiu.
— Eu tava me lembrando dele.
— Contei. — Aqui foi o lugar que fez minha vida mudar um pouco.
— Confessei.

— Quando quiser olhar a casa mais de perto, bata na porta. — Me disse.
— Você já é de casa. — Eu concordei.

— Só até finalizarmos o contrato de venda! — Afirmei e ela riu.

— Mesmo assim as portas da nossa casa sempre estarão abertas.
— Cutucou-me e eu sorri.

— Vamos nos ver por muito tempo ainda. Minha tia,tá chateada com as dificuldades que surgiram. Ela contava muito com a liberação da herança dos meus avôs.

— Podem ficar o tempo que quiserem. Não se preocupe com isso. — Ela sorriu.

— Eu sei,você tem um bom coração. — Eu sorri surpreso por ouvi -la me dizer isso.

— Você  vê o melhor de Mim,Dulce.
— Ela riu.

— Podíamos tomar um sorvete,um dia desses. — Eu assenti. — Vê  se não  some. — Pediu e eu sorri.

— Vou tentar.

— Vou Indo,minha tia tá  impaciente.  Tenho que acompanha-la.
— Sorriu.

— Nos vemos por aí. — Ela saiu de perto de mim e começou a andar até  aquela senhora. Eu liguei o carro,e ela acenou pra mim antes de seguir com a tia pro lado aposto ao meu. Respirei fundo e peguei a estrada,em direção a praça. Não  era muito longe,fui dirigindo devagar,observando as mudanças da cidade.  Era poucas, apenas algumas obras da prefeitura. Umas cores novas nos bancos de cimento, iluminação nova pela estrada. Estacionei o carro e assim que abri a porta , ela fez um leve barulho.  Sai do carro e o tranquei. Caminhei com as mãos no bolso,até o outro lado. Tomei cuidado ao atravessar,e me direcionei a uns dos bancos da praça.  A noite começava a dar as caras. Havia algumas pessoas sentadas a minha volta,outras com sorvetes em mãos, algumas abaixadas com seus filhos,que se sujavam na caixa de areia. Eram bonitinhas as crianças.  Olhei no relógio do meu celular,e logo o guardei. Respirei fundo e tentei manter a calma. Eu estava com tanta saudades dela,que eu olhava com esperança de vê-la logo. Voltei a olhar a minha volta,as pessoas pareciam felizes. Me levantei e me encaminhei até  o sorveteiro.

— Um sorvete de palito,por favor?
—Pedi e o rapaz assentiu.

— Qual sabor? — Olhou-me, assim que abriu a tampa do freezer.

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