Depois de ajudar o almofadinha ir embora, preciso voltar para a festa e ser gentil com os convidados. Consigo fugir três horas depois, no entanto, alegando cansaço. Nicoletta me acompanha até o quarto e, ao chegarmos, me ajuda a tirar o vestido, os sapatos, a maquiagem e a tiara. Solto o cabelo, entro debaixo das cobertas e choro tudo o que estava acumulado, adormecendo horas depois.No dia seguinte, quando Nico aparece e abre as cortinas do quarto, o que faço é grunhir e cobrir o rosto com os lençóis, pois estou psicologicamente exausta. É claro que minha dama de companhia ignora meus protestos e puxa os lençóis, fazendo sua expressão mandona.
— Levante, minha querida. — Nicoletta diz, dando tapinhas no meu rosto. — Hoje você não tem agenda pela manhã.
— Exatamente. — digo, com a voz rouca. — Posso dormir mais um pouco.
— É claro que não. Se você ficar dormindo, vamos perder seu tempo livre. Não quer ir para a cozinha?
A palavra "cozinha" é estímulo suficiente para me fazer sentar na cama. Nico sorri.
— Os funcionários não vão trabalhar na cozinha pela manhã. Não tem ninguém lá agora.
Levanto de imediato e parto para o banheiro.
Enquanto tomo banho, Nico separa uma roupa para mim e depois me auxilia a vestir. Ela arruma meu cabelo em um rabo de cavalo e logo em seguida nós duas partimos para o térreo, onde fica a cozinha do palácio. Há pouquíssimos guardas nos corredores, então nós conversamos alto durante o caminho inteiro. Ao chegarmos, olho para a cozinha com atenção, já que faz algum tempo que não a visito.— O que vai cozinhar? — Nico pergunta, sentando-se em cima de uma das várias bancadas.
— O que você sugere, Nico? — pergunto, abrindo os armários para separar o que vou precisar.
— Cupcakes de framboesa. — Ela sorri.
— Ótima pedida.
Começo a apanhar os ingredientes para a massa e seleciono o restante dos utensílios. Nico começa a tagarelar sobre os figurinos da festa e eu me entretenho fazendo os cupcakes. Os comentários dela me fazem rir. Ela é hilária.
Já estou colocando a bandeja de forminhas no forno quando o celular de Nico toca. Os funcionários não têm permissão para usar qualquer tipo de aparelho eletrônico dentro do palácio, mas pedi aos meus que abrissem uma exceção para Nico, já que a mãe dela é idosa e possui uma imunidade muito frágil. A senhora fica aos cuidados de sua filha mais velha e Nico, a caçula, visita a mãe aos fins de semana.
Observo minha dama atender a ligação e ouvir com atenção o que a pessoa fala do outro lado da linha. Nico diz algumas palavras, como "sim" e "não", mas logo desliga e guarda o celular novamente.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto, fechando o forno.
— A minha mãe está doente de novo. — Nico responde. — Preciso ir vê-la no hospital. Se importa se eu for?
— Não. É a sua mãe. Pode ir, Nico.
— Ok. — Ela pula da bancada. — Coma os cupcakes por mim.
— Pode deixar. — Pisco um dos olhos.
Nico se despede e vai embora. Eu permaneço na cozinha e espero os cupcakes assarem. Quando o forno apita, tiro-os de lá, confeito todos com chantilly e os enfeito usando alguns pedacinhos de framboesa. Ao terminar, fico feliz apenas por ver os doces feitos e decido organizá-los em um bandejinha, para ir comer com meus pais no escritório.
Enquanto eu me divertia na cozinha, eles estavam ocupados resolvendo algumas questões políticas e verificando a organização do Chá de Despedida, então nada mais justo que adoçar a manhã dos dois com alguns cupcakes. À visto disso, pego a bandejinha e parto para o quarto andar, onde fica o escritório. Ao chegar, bato à porta e entro logo em seguida, sem ser anunciada, pois George, o secretário, está ocupado com o maldito chá.
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A Escola Real
RomanceComo princesa e futura rainha do trono de Reigland - um dos reinos mais prósperos e influentes do mundo -, Alice aparenta ter a vida dos sonhos, que é constantemente cobiçada por plebeus e membros da alta sociedade. O grande porém é que a garota det...