37. Quebra-cabeça

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Quando sou acordada na manhã seguinte pela caixa de som de Martina, tocando um reggaeton no último volume, estou entorpecida demais pelas memórias da noite anterior para sequer ficar irritada com minha amiga. O que faço é levantar da cama e seguir para o banheiro, empenhada em esconder o sorriso copioso que aparece a cada um milhão de pensamentos que tenho envolvendo o príncipe.

Minhas amigas não prestam atenção em mim graças aos acontecimentos da noite anterior. Cédric ganhou a disputa de bilhar entre calouros e veteranos e Minah, segundo o relato das meninas, torceu fervorosamente por ele. E não de um jeito competitivo. Na verdade, de um jeito amoroso, como disseram as más línguas.

Agora, enquanto tomamos o café da manhã, Minah está bufando e discutindo com todo mundo. Nunca a vi desse jeito. Martina, como se espera, está se divertindo com a situação toda. Cédric, em contrapartida, encontra-se atento exclusivamente ao tabuleiro de xadrez à sua frente, escondido atrás de óculos escuros, ignorando o circo formado em nossa mesa.

— Você precisa admitir, amiga. — Sadie alfineta, piscando para Minah. — Aquela empolgação toda não era só competitiva.

Minah arregala os olhos e cerra o maxilar.

— Todo mundo estava empolgado e bêbado. Para de querer forçar as coisas, Sadie.

— Você literalmente pulou em cima do Cédric quando ele ganhou. — Martina relembra. — Parecia uma gazela saltitante.

— Pode parar com a gracinha, entendeu? — Minah franze os lábios. — E não foi só eu. Todo mundo pulou em cima dele pra comemorar a vitória contra os veteranos.

— Vou descrever o pulo, chica, porque acho que você se esqueceu. — Martina pigarreia. — Você colocou os braços ao redor dos ombros dele e as pernas ao redor da cintura, como se fosse a namorada de um jogador de rugby comemorando a vitória de seu amado.

— Não foi assim, Martina. Para de aumentar as coisas.

— Nós temos vídeos, amiga. — Nala diz, engolindo em seco. — Sinto muito.

— Eu só estava feliz por ganharmos dos veteranos! — Minah grita. — Vocês sabem que odeio esse verme do Cédric! Quantas vezes preciso repetir?!

— Se ele é um verme, você é um peixe que adora minhocas. — Martina retruca. — É por isso que peixes morrem pela boca, pelo visto.

— Martina, quem é você pra falar qualquer coisa? — Minah cruza os braços. — Você vive se agarrando com o Hyuk na biblioteca e finge que ninguém sabe. E eu nunca falei nada sobre isso!

Martina e Hyuk arregalam os olhos simultaneamente. De imediato, um lampejo de memória me lembra do baile, dos dois se beijando na pista de dança. Meu Deus.

— Como você sabe? — Martina engole em seco. — Quer dizer... que papo é esse, Minah?

A garota revira os olhos monólitos.

— Não se faz de sonsa. Vocês dois sabem do que estou falando.

Anyeo! Essa é a maior fake news que já ouvi, Minah. — Hyuk se defende, recostando em sua cadeira. — Martina ssi não faz meu tipo.

A boca de Martina se escancara.

— Ficou maluco, cabrón?

— Olha a boca, Martina! — Nala diz, arqueando as sobrancelhas. — Eu sei o que isso significa na sua língua.

— A Martina tem queda por hallyans. — Minah rebate. — Na realidade, tem queda por qualquer nativo de Solarya. Achei que ela ficaria com o Hyuk na primeira semana de aula. E deve ser por isso que agora ele está usando pronomes em hallyvariano pra se referir a ela.

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