7. A cerimônia

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Naquela noite permaneço no baile por apenas mais algumas horas, já que consigo fugir e voltar para o hotel. Me sinto aliviada quando entro em meu quarto, tiro a fantasia de princesa e deito-me na cama. Adormeço rapidamente, pois minhas costas estão doloridas e há calos em meus pés. Dormir é a personificação de paz para mim.

Acordo no dia seguinte com as batidas de Finley à minha porta, que aparece acompanhado pelas criadas. Ele me deseja bom-dia e logo ordena que as mulheres me preparem para cumprir a agenda. Ainda sonolenta, sou direcionada para o banho e permaneço inerte durante todo o processo. Quando as criadas começam a me arrumar, meu mordomo passa a agenda, avisando que a Cerimônia de Seleção será o único evento do dia. Eu suspiro aliviada, mas logo me dou conta de que nem ao menos sei do que se trata a tal solenidade.

— Finley, pode me dizer uma coisa? — pergunto enquanto uma criada está cobrindo meu rosto com maquiagem.

— É claro, Alteza. — ele diz, voltando-se para mim.

— O que acontece nessa tal Cerimônia de Seleção?

Ele pigarreia e passa as mãos pelas lapelas de seu dinner jacket.

— A Cerimônia de Seleção é a primeira tarefa dos estudantes na escola. Através de um sorteio, um príncipe e uma princesa são selecionados para formar um par, a fim de permanecerem juntos durante os quatro anos letivos.

— Como assim? — Franzo o cenho. — Que tarefa idiota. Por que precisamos fazer isso?

— Porque vocês um dia governarão ao lado de seus maridos e esposas, como casais. Por isso a escola propõe uma união de pares, com o intuito de fazer os estudantes se adaptarem a executar tarefas e tomar decisões em conjunto, como reis e rainhas, além de se tornarem responsáveis um pelo outro.

— E isso significa que eu vou precisar ficar com um príncipe no meu pé o dia todo?

— Na maior parte do tempo, sim.

— Meu Deus, isso é uma grande besteira. Quem foi o idiota que teve essa ideia ridícula?

— Allan Patrick Sherwood, o fundador da Escola Real.

— Devia ser um babaca.

— Na verdade ele foi um grande homem, Alteza.

Eu bufo, revirando os olhos, mas Finley não diz nada. As criadas terminam de me arrumar e saem. Vou me sentar à mesa do quarto, mas meu mordomo sugere que eu vá tomar café no restaurante do hotel. Eu estranho a sugestão, mas decido acatar, pois quero sair um pouco do quarto antes de ser diretamente condenada à cerimônia que atrelará um príncipe a mim por quatro anos.

Finley me acompanha até as portas do restaurante, mas não entra comigo, pois alega que precisará resolver algumas coisas. Tento argumentar, mas ele elegantemente se curva em uma reverência e depois vai embora. Eu reviro os olhos, balançando a cabeça, disposta a subir novamente para o quarto e ficar lá até a hora da cerimônia. Permaneço parada por alguns segundos diante da porta, avaliando minhas opções, mas logo decido entrar, encarando a situação como uma espécie de treinamento. Quando as aulas iniciarem, provavelmente serei forçada a comer no restaurante da escola, então é melhor que eu comece a me acostumar.

Respiro fundo, empurro as portas e entro. Começo a andar pelo lugar examinando o mar de mesas e a arquitetura predominantemente rococó, que embeleza graciosamente o cômodo. Enquanto caminho, noto uma mão erguida, que balança em desespero na minha direção, sobressaindo entre as várias pessoas sentadas, tomando o café da manhã. Me aproximo e vejo que a mão pertence à Martina, a garota bêbada que conheci no Baile de Boas-vindas, realizado na noite anterior.

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