12. Prisão monárquica

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Quando o dia de mudar para a escola chega, meu nervosismo está transparecendo em cada um dos meus gestos. Logo pela manhã uma comitiva de criadas aparece no quarto, exibindo sorrisos esperançosos. Enquanto me encaminham para banho, arrumação, penteado e maquiagem, ditam ordenadamente a agenda do dia. Quero morrer, mas o que faço é sorrir, disposta a não deixar que meu ânimo inexistente escape para além de mim.

Assim que terminam de me arrumar, as criadas partem para o closet do quarto e começam a preparar as minhas malas. Minha mãe liga no exato momento em que as moças vão embora, levando a bagagem. Atendo a ligação examinando-me no enorme espelho do quarto enquanto brigo com o fio do telefone. Como já é de praxe, mamãe diz como devo me comportar, deseja-me sorte e depois avisa que pediu pessoalmente à rainha Laurie para que cuidasse dos meus enxovais. Assim que começo a brigar com ela, horrorizada por estar abusando da bondade da rainha, a maluca simplesmente cantarola um tchauzinho e desliga.

Eu bufo, revirando os olhos.

Estou caminhando de um lado para o outro no quarto, ensaiando sorrisos e reverências, quando de repente alguém bate à porta. Eu suspiro de olhos fechados, depois abro-os e vou atender, já imaginando o quanto será constrangedor se a pessoa a bater for a rainha Laurie. Não quero destruir a reputação da minha mãe, mas o que provavelmente farei assim que sentir o constrangimento me torturar é dizer que ela sempre foi meio biruta.

O grande porém é que a pessoa à porta infelizmente não é a rainha Laurie. É Cameron.

Não consigo encarar seus olhos azuis cheios de ódio, já que as palavras horríveis que ele disse ainda ecoam dentro de mim, portanto o que faço é observar um ponto invisível por sobre seu ombro.

— Você não vai tomar café, princesa? — ele pergunta, em um tom frio.

Eu engulo em seco.

— Não.

— Certo. O carro já está nos esperando no pátio. Vamos.

Ele se vira e começa a percorrer o corredor. Mesmo contra vontade, o sigo e caminhamos afastados até o pátio do palácio, no primeiro andar. Diante das grandes portas de entrada, Cristal e Leonard estão parados, exibindo seus sorrisos perfeitos. Rainha Laurie também está lá, posicionada entre os dois filhos. Cumprimento os membros da família o mais cordialmente que consigo. Todos são muito gentis comigo; até mesmo a rainha, que não parece nada afetada com as exigências descabidas de minha mãe.

Enquanto embarco no carro, amparada pelo chofer, Cameron abraça os irmãos e a mãe. Observo-os através da janela. A família parece orgulhosa e o sorriso no rosto do príncipe é instantâneo.

A despedida é rápida e logo Cameron está embarcando no carro. Ele acena enquanto o veículo se move, afastando-nos do gigantesco palácio de Goldencage. Permaneço imóvel no assento, observando a paisagem que perpassa a janela, disposta a ignorar o príncipe pelo resto da viagem.

Ele faz o mesmo.

Quando o motorista estaciona na frente da escola, esperamos um pouco para descer, já que o lugar está atulhado de repórteres e fotógrafos. Assim que desembarcamos, a luz dos flashes das câmeras e o burburinho nos acompanha, enquanto os seguranças abrem passagem e nos guiam para dentro da escola. Já no salão de entrada, somos introduzidos ao formigueiro em que o lugar está transformado. Cameron me oferece o braço, que aceito pelo simples fato de estarmos sendo ostensivamente observados. Dessa forma, começamos a caminhar pelo recinto, atraindo a atenção da multidão ali condensada.

As pessoas param para cumprimentar o príncipe em automático. Quase não conseguimos nos locomover, levando em consideração que a cada passo que damos uma nova pessoa aparece com um sorriso gigantesco, oferecendo um aperto de mão. Sinto minhas bochechas corarem, mas estou invisível ao lado de Cameron, pois os admiradores do príncipe sequer notam que estou ali.

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