25. Lágrimas desperdiçadas

50.6K 4.6K 1K
                                    

Na segunda-feira, preciso reunir as últimas forças existentes em meu ser para levantar da cama. Quando estou escovando os dentes, as meninas entram no banheiro aos gritos, acompanhadas por Minah, que caminha lentamente e revira os olhos vez ou outra. Olho para trás e vejo Sadie carregando em uma mão um buquê de Lisianthus e na outra uma carta de papel amarelado. O sorriso da garota é tão grande que distorce suas feições.

Irina, que aparentemente foi arrastada pelo bando, encontra-se encolhida no canto. Seu rosto, que sempre está branco feito neve, agora apresenta um rubor que pinta suas bochechas. Volto meus olhos para Sadie e a encaro, esperando respostas para aquele rompante. Até mesmo esqueço que estou escovando os dentes.

— Alice, você não vai acreditar, amiga! — Sadie diz, dando pulinhos.

Antes que ela continue, retorno para a pia, faço um gargarejo com água, cuspo e lavo a escova. Começo a secar o rosto com a minha toalhinha e só então me volto para ouvir a história. São 7h da manhã. Preciso de um pouco de dignidade.

— A Irina foi convidada pra um encontro! — ela termina.

— Por quem? — pergunto, voltando meus olhos para Irina, que permanece encolhida.

— Por quem mais seria? — Martina responde. — É claro que pelo Lionel. Aquele chico é completamente apaixonado pela floquinho de neve desde a primeira vez que viu ela. Pela lerdeza dele, pensei que nunca fosse convidar a futura esposa pra sair.

— Martina, cala a boca. — Nala diz, abraçando a Irina de lado. — Olha o estado da floquinho de neve.

— Ele foi um fofo! — Sadie continua, ignorando as amigas. — Um romântico à moda antiga.

— Você quer ir, amiga? — Nala pergunta para Irina. — Porque se não quiser e estiver se sentindo pressionada pela maluca da Sadie, pode falar. Você não é obrigada a fazer nada que não quiser.

— É claro que ela quer. — Minah diz, encostada na pia. — Mas isso era pra ser pessoal. Vocês estão sendo intrometidas.

— É claro que estamos. — Sadie rebate. — Nós somos amigas da Irina. Temos que participar da vida amorosa dela.

— Você está bem, Irina? — pergunto, me aproximando de minha amiga.

— Quer que eu quebre a cara da Sadie pra ela parar de falar? — Nala oferece, prestativa.

— Não, amiga, tá tudo bem. — Irina diz baixinho. — E eu tô bem, Alice. Só tô surpresa com essa comoção.

— Ok. — Suspiro, me voltando para a causadora da algazarra. — Esse momento é da Irina. Não seu, Sadie. Pode devolver o buquê e a carta pra ela?

— Meu Deus, tudo bem. — A garota estende a mão, entregando os objetos para Irina, que pega timidamente. — Mas não precisava ser grossa, Alice. Só tô feliz pela minha amiga.

— Ótimo. O certo é ficar feliz por ela, mas você sabe que a Irina é tímida. Não precisa transformar o convite do Lionel em um circo.

— Ok, ok. Desculpa, Irina.

— Tudo bem, Sadie. — A garota sorri. — E obrigada pelo apoio, meninas. Acho que vou aceitar o convite.

Nossos gritos de felicidade ecoam juntos (Minah é a única indiferente à comemoração) e Irina gargalha diante da nossa reação. Confesso que fui hipócrita, mas é impossível não ficar feliz diante da formação do casal mais fofo do grupo. A gritaria é totalmente compreensível nesse caso.

Ao descermos para o café da manhã, conversamos sobre o conteúdo da carta na fila da cantina. Lionel convidou Irina para jantar, deixando claro que o local seria surpresa. Estamos exultantes e criamos inúmeras teorias a respeito do encontro. Irina, que no início ficou completamente envergonhada, agora está mais à vontade e sorridente.

A Escola RealOnde histórias criam vida. Descubra agora