27. Coração em pedaços

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Na sexta-feira, a escola amanhece borbulhando. As aulas foram canceladas para o dia do Programa de Voluntariado e os monitores se dividiram em vários setores do palácio a fim de agilizar o andamento dos alunos para o café da manhã. Encontro-me sentada diante da refeição matinal e, embora o cheiro dos ovos e das torradas seja absolutamente maravilhoso, o sono está conseguindo confundir meus sentidos. As meninas, por outro lado, parecem empolgadas com o evento.

Há um copo de latte em minha bandeja. Embora prefira mil vezes uma xícara de chá, resolvi optar pela cafeína dessa vez, unicamente para liberar alguma dopamina matinal e consequentemente um pouco de adrenalina. Passei a quinta-feira inteira afundada nas lições de casa atrasadas e nas coisas do clube, então precisei usar metade da madrugada para conseguir dar um fim à minha pilha de problemas. Meu corpo está definhando lentamente nesta manhã.

Thomas encontra-se sentado ao meu lado direito, o rosto enfiado em um grosso livro que parece minúsculo em sua mão gigante, isolado do mundo por headphones que bloqueiam a barulheira circulando através do refeitório. Está usando uma camisa de botão preta com uma estampa de ursinhos cor-de-rosa. Embora o garoto tenha quase dois metros de altura e possua muitíssimos músculos aparentes, neste momento ele se iguala a um garotinho inofensivo e curioso. A tigela de leite e cereal está esfriando à sua frente e Thomas aparentemente esqueceu que estamos no café da manhã.

— Lia Werner. — Lionel sussurra. — "Mundo de Mulheres".

Eu franzo o cenho. O garoto sorri.

— O livro que o Thomas está lendo. Por isso ele parece tão hipnotizado. Está desvendando a mente feminina.

— Sério? — Meu sorriso se abre imediatamente. — E qual é o motivo desse interesse repentino?

— Não faço a mínima ideia, Alice. Ontem ele simplesmente me procurou e pediu indicações de livros femininos. Disse que quer entender como funciona a cabeça das mulheres.

Eu gargalho.

— Será que tem um motivo específico?

— Não sei. — Lionel olha de relance para Nala e ri. — Mas tenho quase certeza sobre o meu palpite.

Estou tão entretida com Lionel que só percebo a chegada de Cameron quando ele se senta à minha esquerda, o único lugar disponível. O príncipe deposita a bandeja na mesa, deseja bom-dia a todos e começa a comer suas panquecas.

Imediatamente começo a devorar meus ovos e torradas. Prefiro ocupar a boca neste momento. Não entendo o motivo de o príncipe estar sentado na nossa mesa quando sua princesinha perfeita encontra-se do outro lado do refeitório, cercada por suas seguidoras. A minha curiosidade está aflorando a cada respiração de Cameron. Meu cérebro começou a produzir um milhão de teorias.

Lionel volta sua atenção para Irina e logo observo que todos os presentes encontram-se entretidos com alguma coisa, então a curiosidade salta para fora da minha mente no instante seguinte:

— Por que você não está com a Melinda?

Cameron leva alguns segundos para processar a pergunta e, ao terminar de mastigar mais um pedaço de panqueca, ele olha na minha direção com o cenho franzido.

— Por que a pergunta, Alice?

— Ah, sei lá, vocês andam tão grudados.

Ele suspira profundamente.

— Nós tivemos um pequeno desentendimento. Nada de mais.

— Humm.

— Meu Deus, você é extremamente curiosa.

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