Chego ao quarto em menos de cinco minutos. Estou ofegante e as lágrimas escorrem através de meus olhos em descontrole. Não consigo ao certo discernir como me sinto agora, mas há um fogo invisível queimando em meu peito. Tiro os sapatos e deito na cama. Faço exercícios de respiração para controlar o choro, mas eles se mostram inúteis. As lágrimas não param e já ensopam a fronha do travesseiro.Ainda tento repetir os exercícios durante algum tempo, entretanto, me vejo consciente da necessidade de extravasar o turbilhão de sensações chacoalhando dentro de mim. Choro até soluçar. A culpa me consome. Sei que não deveria estar neste estado. Na verdade, nem ao certo entendo a reação explosiva que tive e o sentimento de revolta revirando meus nervos.
Quando as meninas entram, enxugo as lágrimas rapidamente. Todas elas estão aqui, levando em consideração que as aulas acabaram. Assim que olham para mim e se dão conta do meu estado, correm na minha direção e se ajoelham ao redor da minha cama no beliche. Coloco a língua no céu da boca e engulo em seco. Não posso chorar na frente delas. Seria ridículo.
— Você tá bem? — Irina pergunta, passando a mão por minha testa e penteando meu cabelo para trás.
— Que pergunta idiota, Irina. Olha o estado da Alice. — Sadie retruca. — Parece que passaram por cima dela com um caminhão e ainda deram ré.
— Cala a boca, insensível. — Martina responde, empurrando a cabeça da melhor amiga.
— Tá bagunçando meu cabelo, demônia!
— A Martina contou tudo pra gente. — Minah interrompe o surto de Sadie. — A desgraçada da Audrey fez de propósito, né?
— Si-sim. — respondo, com os lábios trêmulos.
— Amiga, é só você me dizer que posso e eu vou lá e quebro a cara daquela descerebrada. — Nala diz e segura a minha mão.
— Vai, Alice, deixa! — Martina bate palmas. — Adoro uma briga.
— Eu jamais me envolveria em uma briga, Martina. — Nala rebate. — Eu só bateria na Audrey até ela desmaiar e depois iria embora. Isso não é briga.
— Meninas, foco aqui. — Sadie diz, estalando os dedos. — O que nós devemos fazer, Alice? — Ela pigarreia. — Aliás, queria aproveitar pra me desculpar pelo comentário idiota na festa. Às vezes consigo ser terrivelmente babaca, eu sei. Estava criando coragem pra vir falar com você.
— Tudo bem. Já esqueci o que aconteceu.
— Ai, que ótimo. — Sadie sorri. — Hoje percebi que realmente gosto de você, Alice, porque quando soube da história, tive que me controlar pra não ir atrás da Audrey e enfiar a cabeça dela em uma privada. Sinta-se lisonjeada, porque você conseguiu conquistar a minha amizade.
— Meu Deus, como você é exibida. — Martina revira os olhos. — Como te aguentei durante todos esses anos?
— Vamos calar a boca um pouquinho, meninas? — Minah sorri afetadamente. — Deixem a Alice falar o que vamos fazer.
Sento na cama e engulo em seco. As meninas me olham com expectativa.
— Vamos planejar uma vingança e a Audrey vai receber o que merece. Porque se ela pensa que eu vou esquecer o que aconteceu hoje, está muito enganada.
❦❦❦
Para me animar, as meninas decidem fazer uma mini sessão de cinema na sala de estar do quarto. Elas pegam várias guloseimas na lanchonete e nós ficamos deitadas nos sofás, assistindo a vários filmes de vingança e comendo. Sadie planeja nossa retaliação usando um caderninho enquanto estamos distraídas. Ela se comprometeu a montar um plano infalível e garantiu mostrar toda a sua genialidade para nós quando terminasse.
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A Escola Real
RomanceComo princesa e futura rainha do trono de Reigland - um dos reinos mais prósperos e influentes do mundo -, Alice aparenta ter a vida dos sonhos, que é constantemente cobiçada por plebeus e membros da alta sociedade. O grande porém é que a garota det...