18. Alienígena

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No dia seguinte, sou a primeira a acordar. As meninas devem ter voltado tarde na noite anterior, o que é um bom motivo para explicar por que ainda estão dormindo até agora. Hoje é o primeiro dia de aula. Todas nós supostamente devíamos acordar cedo.

Calço as pantufas e vou me arrastando até o banheiro, soltando bocejos pelo caminho. Tomo banho, escovo os dentes e parto para o closet. Lá eu visto o uniforme e, quando vejo meu reflexo no espelho, a careta surge sem que eu sequer note. Qual é? Eu pareço literalmente um brócolis vestindo essa coisa. O estilista responsável precisa ser demitido às pressas.

Estou vestindo o uniforme primário. A saia verde xadrez e o paletó verde-escuro são horríveis. E o pior é que preciso usar meias e um sapatos de boneca preto, com salto médio grosso. Trajar essa coisa é gatilho suficiente para destruir minha pouca autoestima.

Penteio o cabelo e o deixo solto. Passo um pouco de rímel, blush e batom, apenas para distanciar a minha aparência da de um cadáver em decomposição. Depois saio em buscar de minha bolsa, guardada no closet. Ela veio junto com os enxovais montados pela rainha Laurie, que minha mãe descaradamente pediu para que ela fizesse. Trata-se de uma mochila glitter, azul-escura, com um bolso externo na frente e chaveiro de pelúcia preso no zíper.

Retorno para o quarto, escolho alguns materiais da área de estudos e coloco dentro da mochila. Estou fechando o zíper quando Sadie se levanta e vai para o banheiro. Ela não me cumprimenta ou diz qualquer coisa, o que agradeço ao céus, porque ainda não me sinto bem para fingir que ontem ela não ensinou que sou burra.

As garotas começam a despertar aos poucos depois de Sadie. Minah limita-se a ficar calada e Martina já se levanta dando pulinhos. Nala ri silenciosamente. A única que não acorda é Irina, o que parece estranho para mim, pois nunca a vi se atrasar para nada. Dessa forma, resolvo caminhar até a sua cama e dar leves chacoalhadas em seu braço.

Ela abre os olhos debilmente, pisca e me analisa. Depois dá um pulo da cama e marcha na direção do banheiro, choramingando por ter se atrasado.

Eu só consigo sorrir, porque a cena soa bastante engraçada. Ninguém parece perceber, o que me deixa aliviada, já que não quero que minhas colegas de quarto pensem que sou uma desalmada que debocha dos outros.

Decido esperar as meninas para descermos juntas para o café da manhã e me sento na sala. Fico assistindo televisão enquanto as meninas se arrumam e conversam. A pauta gira em torno dos protocolos e tradições do primeiro dia, o que não é nada atrativo para mim e serve para me manter com os olhos fixos na tela.

Dez minutos mais tarde, duas batidas na porta monopolizam a atenção de minhas colegas de quarto. Sadie, que passava um pó pelo rosto, espana rapidamente os resquícios com o pincel fofo, larga o objeto e alisa seu uniforme (ela usa o primário). Eu observo a cena e franzo as sobrancelhas.

— Amiga, atende a porta. — ela sussurra para Martina. — Rápido!

A garota revira os olhos para sua melhor amiga e depois se arrasta até a entrada do quarto, então abre a porta e permite que todas vejamos quem é o visitante que nos perturba àquele horário. Franzo ainda mais as sobrancelhas ao me dar conta de que o dito-cujo é Cameron. Sadie, que já estava exultante, põe seu sorriso sedutor no rosto e feito uma cobra predadora se encaminha até o príncipe.

Eu desvio os olhos da cena e continuo assistindo. É um programa matinal sobre culinária. A ideia de ignorar tudo o que aconteceu na noite anterior me parece mais atrativa do que participar do culto de adoração a Cameron, realizado por Sadie. Ainda estou tentando assimilar que gostei de estar com o príncipe ontem. A lembrança me causa um comichão na barriga.

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