15. O acordo

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Na manhã seguinte, só preciso colocar os pés para fora da cama para ser interceptada pelas meninas. Elas formam um círculo ao meu redor e começam a falar todas ao mesmo tempo. Quando o falatório se torna generalizado, Irina pede que Minah tome a palavra e só dessa forma consigo entender o que elas querem me contar.

Fico chocada imediatamente.

Aparentemente, a mesma menina que fez bullying com Irina, no dia em que a conheci, apareceu na festa e voltou a provocá-la por minha causa. Só que dessa vez as garotas estavam de olho e foram tirar satisfação. Depois, todas discutiram e se empurraram. A menina mau-caráter deu um tapa no rosto de Irina e, antes de sair, avisou que ela e a amiguinha protetora – no caso eu – pagaríamos pela audácia de enfrentá-la.

Quando Minah termina de falar, percebo que Irina parece tensa. Está de cabeça baixa, mexendo as mãos impacientemente. Ela veste um pijama branco de bolinhas pretas e usa óculos de grau. Meu coração se parte. Irina é o ser mais indefeso do mundo. Não merece essa perseguição gratuita.

— Eu quero quebrar a cara daquela vadia. — digo, cerrando os punhos. — Por que diabos ela tá perseguindo a Irina?

— A Audrey tem fama de ser arrogante e pisar em todo mundo. — Nala diz. — Você enfrentou ela e acho que isso nunca aconteceu antes. Agora é uma questão de honra pra ela te humilhar e mostrar que tá por cima.

— A desgraçada tá provocando a Irina pra atingir você, Alice. — Minah completa.

— Ela quer guerra, não é? — digo, colocando as mãos nos quadris. — Pois ela que me aguarde, porque o inferno vem aí.

— Não, Alice. — Irina diz, segurando no meu braço. — Não caia no jogo da Audrey. É isso que ela quer.

— Me desculpa, Irina, mas eu não tenho sangue frio o suficiente pra aguentar provocações calada. Ela vai pagar por ter batido em você.

— Alice, você não precisa...

— Se você quiser acabar com ela, eu tô dentro. — Sadie declara, sorrindo maliciosamente. — Não suporto aquela cafona.

— Eu sei que você não quer guerra, Irina, mas a Audrey precisa de uma lição. — Nala diz. — Também tô dentro, Alice.

— Eu também. — Martina diz em seguida. — Vamos fazer churrasquinho de vagabunda.

— Sendo assim, eu também tô. — Minah dá de ombros.

Minutos mais tarde começamos a nos arrumar. Durante o banho tiro as ataduras e ignoro a dor que a água caindo sobre os ferimentos causa. Ao sair e colocar a toalha, vou atrás da sacolinha de remédios. Tomo alguns comprimidos e aplico uma pomada sobre as feridas. Meus joelhos parecem menos inchados, o que é ótimo. Escolho vestir uma calça jeans, suéter turquesa e tênis.

Ninguém vai reparar nos ralados.

Descemos para o refeitório, enchemos nossas bandejas de comida e vamos nos sentar na mesma mesa do dia anterior. Os meninos chegam logo depois e se juntam a nós. O assunto predominante daquele dia é a festa e a confusão. Fico quieta, ouvindo os relatos e, mais tarde, constato que todos ali passaram por situações estressantes com a tal Audrey.

Irina não participa da conversa rolando na mesa. Está concentrada no que Lionel diz, aos sussurros. Os dois riem ocasionalmente e eu me derreto por dentro. Eles parecem perfeitos um para o outro e a conexão linda que constroem é visível. Por isso, fico observando Irina e Lionel disfarçadamente, aos suspiros.

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