Na manhã seguinte, só preciso colocar os pés para fora da cama para ser interceptada pelas meninas. Elas formam um círculo ao meu redor e começam a falar todas ao mesmo tempo. Quando o falatório se torna generalizado, Irina pede que Minah tome a palavra e só dessa forma consigo entender o que elas querem me contar.
Fico chocada imediatamente.
Aparentemente, a mesma menina que fez bullying com Irina, no dia em que a conheci, apareceu na festa e voltou a provocá-la por minha causa. Só que dessa vez as garotas estavam de olho e foram tirar satisfação. Depois, todas discutiram e se empurraram. A menina mau-caráter deu um tapa no rosto de Irina e, antes de sair, avisou que ela e a amiguinha protetora – no caso eu – pagaríamos pela audácia de enfrentá-la.
Quando Minah termina de falar, percebo que Irina parece tensa. Está de cabeça baixa, mexendo as mãos impacientemente. Ela veste um pijama branco de bolinhas pretas e usa óculos de grau. Meu coração se parte. Irina é o ser mais indefeso do mundo. Não merece essa perseguição gratuita.
— Eu quero quebrar a cara daquela vadia. — digo, cerrando os punhos. — Por que diabos ela tá perseguindo a Irina?
— A Audrey tem fama de ser arrogante e pisar em todo mundo. — Nala diz. — Você enfrentou ela e acho que isso nunca aconteceu antes. Agora é uma questão de honra pra ela te humilhar e mostrar que tá por cima.
— A desgraçada tá provocando a Irina pra atingir você, Alice. — Minah completa.
— Ela quer guerra, não é? — digo, colocando as mãos nos quadris. — Pois ela que me aguarde, porque o inferno vem aí.
— Não, Alice. — Irina diz, segurando no meu braço. — Não caia no jogo da Audrey. É isso que ela quer.
— Me desculpa, Irina, mas eu não tenho sangue frio o suficiente pra aguentar provocações calada. Ela vai pagar por ter batido em você.
— Alice, você não precisa...
— Se você quiser acabar com ela, eu tô dentro. — Sadie declara, sorrindo maliciosamente. — Não suporto aquela cafona.
— Eu sei que você não quer guerra, Irina, mas a Audrey precisa de uma lição. — Nala diz. — Também tô dentro, Alice.
— Eu também. — Martina diz em seguida. — Vamos fazer churrasquinho de vagabunda.
— Sendo assim, eu também tô. — Minah dá de ombros.
Minutos mais tarde começamos a nos arrumar. Durante o banho tiro as ataduras e ignoro a dor que a água caindo sobre os ferimentos causa. Ao sair e colocar a toalha, vou atrás da sacolinha de remédios. Tomo alguns comprimidos e aplico uma pomada sobre as feridas. Meus joelhos parecem menos inchados, o que é ótimo. Escolho vestir uma calça jeans, suéter turquesa e tênis.
Ninguém vai reparar nos ralados.
Descemos para o refeitório, enchemos nossas bandejas de comida e vamos nos sentar na mesma mesa do dia anterior. Os meninos chegam logo depois e se juntam a nós. O assunto predominante daquele dia é a festa e a confusão. Fico quieta, ouvindo os relatos e, mais tarde, constato que todos ali passaram por situações estressantes com a tal Audrey.
Irina não participa da conversa rolando na mesa. Está concentrada no que Lionel diz, aos sussurros. Os dois riem ocasionalmente e eu me derreto por dentro. Eles parecem perfeitos um para o outro e a conexão linda que constroem é visível. Por isso, fico observando Irina e Lionel disfarçadamente, aos suspiros.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Escola Real
RomanceComo princesa e futura rainha do trono de Reigland - um dos reinos mais prósperos e influentes do mundo -, Alice aparenta ter a vida dos sonhos, que é constantemente cobiçada por plebeus e membros da alta sociedade. O grande porém é que a garota det...