21. Supresinha

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Desfaço o sorriso e finjo que não o vi. Quando o troglodita apareceu, Philipp estava contando uma história hilária de infância e sugando a atenção de todos nós. Sadie sobressaltou-se ao ver o garoto, o que me levou automaticamente a olhar na direção do que havia assustado ela. E então, quando virei o rosto, contemplei a face do mal.

Consegui controlar a vontade de bufar e me dignei a apenas retornar os olhos para Philipp, que continuava contando sobre o dia que havia sequestrado o gato de uma condessa a fim de libertá-lo, porque achava que a mulher maltratava o animal.

— Oi, gente. — Cameron diz, pigarreando. — Como estão?

— Estamos ótimos! — Sadie responde com um sorriso gigantesco. —  E melhor agora que você apareceu.

— Me sinto honrada, princesa. — Ele sorri.

— Quer se sentar com a gente, Cameron?

— Eu adoraria, Sadie, mas a minha vinda até aqui foi só porque preciso falar com a Alice um minutinho.

Não movi os olhos para longe de Philipp um segundo sequer, o que fez parecer que não prestei atenção na conversa acontecendo paralelamente ao meu lado. Nem preciso olhar para ver que a minha rejeição provavelmente está aumentando ainda mais a irritação do almofadinha.

— Alice? — ele chama, pigarreando outra vez.

— Sim? — respondo, virando-me. — Ah, oi, Cameron! Você estava aí? Me desculpe, nem percebi.

— É, eu estou. — O príncipe sorri afetadamente. — Quero falar com você.

— Sério? O que é? Pode falar.

— Quero falar a sós.

— Ok. Espera só um pouquinho aí porque o Philipp tá contando uma história hilária e eu não quero perder.

— Mas eu preciso…

Concentro novamente minha atenção em Philipp e o ouço concluir seu relato. Quando ele termina, rio até chorar, acompanhada por todos os presentes na mesa. Enquanto enxugo as lágrimas, olho para o lado e vejo que Cameron continua parado no mesmo lugar, com uma expressão impassível estampando seu rosto.

Me levanto, ainda sorridente por causa da história. O príncipe troglodita começa a caminhar para o lado de fora e eu o sigo, controlando a vontade de suavizar a expressão e deixar que meu descontentamento tome conta das minhas feições. Eu, de fato, não estou satisfeita em ter que ir falar com esse almofadinha depois da última discussão que tivemos, mas é óbvio que ele não precisa saber do meu incômodo.

A ideia de demonstrar irritação e tecnicamente transparecer que me importo com as atitudes imbecis dele não é favorável. Preciso estar o mais tranquila possível. Preciso mostrar que simplesmente esqueci qualquer significância que a existência desse troglodita possa ter.

Vamos para o saguão de entrada e eu me sento em um dos muitos sofás. Cameron fica em pé, parado à minha frente e põe as mãos nos bolsos. Droga.

— Quero saber quanto tempo essa birra vai durar. — ele diz.

— Que birra? — Eu arqueio a sobrancelha.

— Ontem você surtou e saiu daquele jeito. Hoje me ignorou o dia inteiro e ainda me fez ficar igual um idiota esperando a Vossa Alteza terminar de ouvir a historinha engraçada do seu amiguinho.

— Amiguinho?

— Sim, Alice, o seu maldito amiguinho.

— Cameron, eu não vou permitir que ofenda o Philipp desse jeito. Se você é um homem infeliz e mal-humorado, o problema é seu. Não sou obrigada a ficar aqui aguentando esse seu comportamento hostil.

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