35. Conexão

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Desço para o refeitório e encontro meus amigos em nossa mesa. Os burburinhos estão preenchendo o recinto e as especulações sobre o atentado do dia anterior ganharam força. Os cinco minutos que passo na fila da cantina são suficientes para que eu chegue à conclusão de que não há uma explicação definitiva sobre o que aconteceu, já que as teorias variam entre as coerentes e as mirabolantes. Até agora, a diretoria não se pronunciou e a polícia continua na escola.

Sento com meus amigos e o clima fúnebre na mesa é palpável. Me limito a cumprimentá-los com um bom-dia e foco a atenção em devorar o café da manhã e observar o refeitório, à procura de Philipp. Quando o vejo cruzar as portas e seguir para a fila, espero pacientemente até que pegue seu café da manhã e logo começo a acenar, chamando-o. Estou morrendo de vergonha, mas preciso das minhas respostas.

Ele franze o cenho, mas caminha na minha direção. Antes de se sentar, cumprimenta meus amigos e depois olha para mim com um ponto de interrogação invisível no rosto. Eu tomo um grande gole do meu chá à medida que decido como proceder diante da situação.

— Podemos conversar depois do café da manhã? — sussurro, depositando a xícara no pires.

— Aconteceu alguma coisa? — ele sussurra de volta, de olhos arregalados.

— Sim.

— Senhor amado, o quê?

— Conto depois do café da manhã.

Philipp começa a devorar o café da manhã imediatamente. Eu observo a cena, controlando o riso. Também me apresso para terminar o meu, porque ele está morrendo de curiosidade e eu de angústia. Ambos precisamos dessa conversa. Assim, cinco minutos depois levantamos da mesa, deixamos as bandejas na esteira de coleta e saímos do refeitório.

Meu amigo agarra a minha mão e quase corremos até o elevador. Quando chegamos ao segundo andar, seguimos às pressas para a biblioteca e estamos ofegantes enquanto sentamos em uma das mesas do recinto. Há tanta adrenalina no meu corpo que sequer consigo raciocinar.

— Desembucha. — Philipp diz, estalando os dedos. — Faça valer o quase ataque cardíaco que eu tive.

Eu gargalho, revirando os olhos.

— Ok. Bom... não sei como falar isso. É difícil pra mim.

— Você consegue pelo menos dizer qual é o assunto?

— É o Cameron.

Philipp arregala os olhos.

— Não me diga que ficou bêbada e beijou ele de novo? Ou dessa vez foi sóbria?

— Philipp! — Eu semicerro os olhos. — O assunto é sério.

— Ok. Estou esperando.

Eu respiro fundo, criando coragem para verbalizar a minha confusão sentimental.

— Eu... bom, ontem li Fúria & Fascínio, o livro que você disse que ia me ajudar a organizar a bagunça na minha cabeça e... — Eu engulo em seco. — Acho que estou apaixonada pelo Cameron.

Philipp bate palmas, gargalhando. Eu o fuzilo com o olhar.

— Finalmente, minha querida! Parabéns pela descoberta.

— Dá pra parar com a gracinha? Eu estou apavorada, Philipp.

— Como assim? Por quê?

— Eu... eu nunca senti essas coisas.

— Você nunca se apaixonou?

— Não.

— Ah, agora a sua lerdeza está explicada.

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