-23-

136 6 16
                                    

Pearl  ainda não tinha chegado, então a tia Elizabeth, mãe dela, levou-me até ao quarto de hóspedes para me instalar. Decidi tomar um banho quente e vesti uma roupa confortável. Pensei nas últimas horas da minha vida, o dia ainda não ia na metade e eu já tinha descoberto que a pessoa que estou a amar dormiu com a minha irmã e, que a pessoa que chamei de mãe por 18 anos, não é a minha verdadeira mãe. Chorei, doía tanto o que estava a sentir. Nunca senti-me tão perdida como agora. Só precisava de alguém para dizer-me que tudo irá ficar bem.

Assim que saí do banheiro e entrei no quarto dei de caras com a minha amiga sentada na cama à minha espera. Limpei rapidamente o rosto e aproximei-me dela.


- Vem cá. - Pearl abriu os braços e corri para o lado dela sendo acolhida naquele abraço.

- Desculpa por tudo Pearl, desculpa. - pedi em meio ao choro e ela riu fraco.

- Não tens de pedir desculpas nenhumas, não eras tu. O Louis contou-nos que desconfiava de hipnose e uma vez que estás aqui deduzo que ele estivesse certo.

- Ele estava, eu preciso tanta de alguém Pearl. A minha vida mudou em segundos.

- Conta-me tudo. Porque saístes de casa, porque estás aqui e não com o Louis, quero saber de tudo. Afinal, ainda és a minha melhor amiga. - sorriu fraco e limpou as minhas lágrimas.


Aconchegamo-nos na cama e deitei-me em seu colo começando a contar desde o dia em que descobri tudo, passando pelas consultas com o senhor Max, a briga com Louis, e a descoberta da minha verdadeira mãe. Pearl demonstrava surpresa e choque a cada novidade. Também não era para menos.


- Tu não estás a saber lidar com nada disso, pois não? - perguntou por fim acariciando a minha cabeça.

- Não, mas sabes o que me dói mais? - olhei-a com o choro entalado - O fato de não ter o Louis a meu lado neste momento, e não é porque não quero é porque não consigo.

- Ele errou ao dormir com a Amélie, mas o amor dele por ti é tão grande que a raiva igualou-se e ele quis vingar-se de ti.

- Eu sei, eu tratei-o muito mal naquela noite, mas eu queria que ele não tivesse sido fraco a esse ponto, eu queria que ele tivesse lutado por mim.

- Tu não estavas a deixá-lo lutar por ti Kate, não o julgues, ele sofreu bastante e mesmo com esse erro não te deixou. Ele está ciente do que fez, senão nem teria aberto o jogo contigo.

- Achas que devo perdoá-lo?

- Primeiro tens de te perdoar a ti mesma e, depois sim, deves perdoá-lo também. Não foi uma traição, apenas ele esteve com alguém próximo de ti que tu não suportas, apenas isso.

- Eu não sei o que fazer. Acho que vou ficar um tempo sozinha, continuarei com o tratamento com o senhor Max e quem sabe eu perceba a hora de resolver isso com o Louis.

- O tempo vai ajudar-te com isso também. E quanto à tua mãe verdadeira?

- Eu quero conhecê-la Pearl. Ela pensa que eu morri e eu preciso de uma mãe, eu preciso saber o que é ter uma mãe e ser filha também. - limpei o canto dos olhos marejados - Estou a ter uma nova oportunidade pra recomeçar a minha vida e quero aproveitá-la.

- Mas ela está em Los Angeles, vais viver para lá? - indagou com certo desespero.

- Não sei, a minha mãe é de Londres pelo que o meu pai contou, então pode ser que eu seja o suficiente para ela voltar.

- Estás preparada para a conhecer?

- Acho que nunca estarei mas tenho de ir, preciso disso.

- Se quiseres posso ir contigo. - garantiu.

Nana, who are you? || L.T. ||Onde histórias criam vida. Descubra agora