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- Como isto foi acontecer? – questionei em choque.

- Parece que alguém lhe bateu, pensamos num assalto ou algo assim. – Niall explicou e desabei num choro sentindo os braços de Harry acolherem-me num abraço enquanto fazia carinhos em meu cabelo.

- O Louis vai sair dessa Katerina, tem calma.

- Não percebes Harry, a culpa é minha.

- Claro que não é. – James disse seguro.

- É sim, eu que acabei com os cigarros dele ontem, eu é que fiz merda e deixei-o chateado comigo. Eu não me vou perdoar se algo de grave lhe acontecer, nós nem estávamos a falar. Eu nem lhe disse o quanto o amo mesmo que esteja chateada.

- Uma pessoa pode acompanhá-lo. – um enfermeiro avisou e aprontei-me para tal.

- Eu vou, sou a namorada.

- Siga-me menina e peço que se acalme.

- Não consigo. – admiti e entrei na ambulância sentando-me num banco ao lado da maca.

O rosto de Louis estava tão magoado, quem foram os cobardes que fizeram tal crueldade com ele? Ele não merecia nada disto. Apertei a sua mão e chorei enquanto, pela primeira vez, rezava pedindo para que tudo ficasse bem. Eu só queria que ele acordasse e dissesse que me perdoava, só queria isso.

Vi os enfermeiros tentarem reanimá-lo e nenhuma reação por parte do meu menino.

- Os batimentos estão fracos, se ele não acordar pelo caminho, o jeito é coloca-lo em coma induzido.

- Não, não, como assim? – desesperei-me.

- Por vezes as dores são enormes o que o faz ter dificuldades em reagir e até respirar, o coma induzido deixa-o num estado de descanso profundo por algum tempo apenas.

- Eu sei, eu já estive assim quando fui atropelada. Mas é mesmo necessário?

- Melhor do que ele continuar a sofrer em silêncio.

Chegámos ao hospital e Louis continuava igual. O médico mandou que o levassem para uma sala e fui impedida de entrar junto, apenas deram-me uma ficha para preencher. Deixaram-me no corredor perdida, sem saber o que fazer e o que pensar. Os rapazes voltaram para a casa onde buscariam as meninas e viriam para cá rapidamente. Encostei-me á parede e desci por ela até me sentar no chão. Curvei as pernas e chorei. Doía tanto pensar em como ele estava. Eu nem o pude ver hoje, apenas o vi ontem e ignorei-o completamente. Eu era tão culpada.

Os nossos amigos voltaram e ao ver o meu estado ofereceram-se para procurar informações e tratarem da ficha de Louis que estava ao meu lado, no chão. Levantei-me assim que James disse não saberem de nada.

Corri para o banheiro e pedi que me deixassem sozinha. Não estava com disposição para ouvir palavras mansas e de conforto. Eu só queria gritar e extravasar toda a minha dor. O banheiro estava vazio e peguei num dos recipientes de sabão liquido da pia atirando-o com força ao espelho que quebrou em segundos.

Peguei num bocado caído do chão e afastei as mangas do meu moleton tirando os curativos do pulso. Foi no mesmo local dos outros onde espetei o vidro com força sentindo o sangue escorrer pelas minhas mãos. Chutei o balde do lixo quando dei conta que nem essa dor suprimia a que eu estava a sentir. Mas não parei.

Continuei com os cortes profundos em ambos os pulsos e depois na barriga. Segurei-me na parede quando vi tudo embaçado na minha frente. Sentia-me ainda mais fraca, a minha cabeça doía e latejava imenso. Os cortes ardiam e sujaram toda a minha roupa com o sangue. Apertei o vidro em minha mão sentindo-a cortar e vi passos apressados até mim antes de cair redonda no chão frio.


Nana, who are you? || L.T. ||Onde histórias criam vida. Descubra agora