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Passaram-se alguns dias e acordei com o telemóvel a tocar freneticamente. Era horrível não poder fazer as coisas rápido, mas assim que o alcancei debaixo do travesseiro franzi o cenho surpreso. Era o diretor da escola.

- Bom dia menino Tomlinson. Espero que esteja bem.

- Já estive melhor. – ri fraco, ele não sabia do incidente e não lhe diria se não fosse necessário.

- Bem, vou ser direto, a verdadeira culpada confessou o porte de drogas e o facto de o colocar dentro da mochila da Katerina.

- A Beatrice confessou, huh?

- Eu não disse nomes. – advertiu e ri fraco.

- Mas digo-o eu, não diga que estou enganado porque sei que não estou.

- De facto está correto. Enfim, queria só informá-lo que a sua suspensão acabou e que as suas faltas serão justificadas, espero-o amanhã aqui na escola.

- Quanto a isso... - comecei por dizer – Eu não poderei voltar de qualquer jeito. Aconteceu um problema no fim-de-semana e eu estou de cama.

- Está doente?

- Eu diria mais quebrado. – fiz graça – Estou com bastantes ferimentos e duas costelas partidas.

- Entendo, entendo. Então volte assim que melhorar, e não se esqueça da justificação. – rolei os olhos, isso era tão desnecessário.

- Tudo bem, não morra de saudades minhas. – ironizei e ouvi a risada do diretor antes de desligar.

Bem, já que estava acordado iria fazer alguma coisa. Os remédios davam-me sono e o que mais fazia era dormir. Não estou a reclamar, até porque amo a minha cama e prezo muito as horas de sono. Mas era cansativo. Levantei-me com cuidado, parecia um velho de 90 anos. Segurei-me a onde podia e tenho a certeza que demorava 10 minutos a ultrapassar o meu quarto até à porta.

Apoiei-me nas paredes do corredor e quando cheguei à sala sorri ao ver a cama de almofadas que estava montada no sofá para eu me sentar confortável. Hanna tinha feito isso ontem e deixou do mesmo jeito. Liguei a playstation e peguei no comando enquanto esperava que a tia Carlota, mãe do James, viesse aqui preparar-me o café da manhã. O bom de morar perto da família é que eles sempre cuidam de ti quando precisas.

Ouvi a porta do escritório do meu pai bater e estranhei, não esperava que ele estivesse em casa. Não me podia mover muito para olhar para trás e vê-lo, então, deixei-me estar no mesmo lugar.


- Louis, já estás de pé. – admirou-se - A tua tia já veio?

- Não, o que fazes em casa a estas horas? – indaguei vendo-o a meu lado.

- Consulta, a Katerina...

- Não pai, eu não a quero ver. – disse chateado, eu não aceitava o facto dela se ter machucado a ela própria em busca de alívio, eu pensava que eu era o porto seguro dela e, agora, tenho as minhas dúvidas. Ela nem me procurou para desabafar, apenas fechou-se em copas e decidiu provocar dor nela mesma.

- Louis... - suspirou quando neguei com a cabeça rapidamente. – Acho que isso é tarde demais. – olhei-o não acreditando que ele iria permitir ela chegar perto de mim quando eu não o queria.

- Eu não quero...

- Hey. – ouvi uma vozinha falhada do meu outro lado e quando olhei vi-a ali tão debilitada com a mão direita enfaixada e os restantes curativos parcialmente cobertos pela manga da blusa.

Reparei na sua face coradinha e em como ela continuava linda, mesmo depois de tudo. Sempre que a olhava era como se estivesse no paraíso e um anjo viesse ter comigo, era assim que eu me sentia em relação a ela.

Nana, who are you? || L.T. ||Onde histórias criam vida. Descubra agora