Scarlet McCall é uma adolescente normal que tem uma melhor amiga, Stella Stilinski. Numa noite, as duas ficam a saber que foi encontrado metade de um corpo na floresta e partem à procura da outra metade, mas Scarlet é mordida por um lobisomem. A par...
Olhei pelo vidral da porta do consultório do veterinário, uma tempestade parecia assolar Beacon Hills, a intensa chuva batia violentamente contra os carros estacionados, e o seu barulho ecoava por todo o escritório. Coloquei o letreiro de fechado e andei na direção da casa de banho, tinha de mudar o curativo, não queria nada ficar com uma infeção horrível e ir parar ao hospital. A minha mãe matar-me-ia se visse a mordida, provavelmente iria mandar-me fazer todos os exames possíveis e imagináveis. E se aquele lobo, ou cão ou puma ou fosse o que fosse tivesse aquela doença da raiva? Iria eu ficar raivosa? Não, por favor não! Pego na caixa de primeiros socorros e retiro o soro, pelo menos daria para desinfetar. Levantei a camisola devagar enquanto me olhava no espelho, a zona a volta dos meus olhos parecia desgastada, provavelmente devia-se as poucas horas de sono. A culpa era da Stella por me ter arrastado para aquela floresta e me ter feito encontrar a metade do corpo, possivelmente vou ter pesadelos eternamente. Ou para lá da eternidade. Pouso o meu olhar sobre abdómen coberto de ligaduras, começo a retira-las, e quando termino entro em pânico. Não havia nenhuma cicatriz, nenhuma prova que alguma vez tivesse sido mordida. Volto a encarar o meu reflexo no espelho, será que eu tinha alucinado? Será que nunca aconteceu? Não! Claro que aconteceu. A minha vida parecia um carrossel de pesadelos inexplicáveis, as respostas pareciam longínquas na mente de um demente quebrado por visões inexplicáveis. Não havia um sentido para o que estava a acontecer comigo. Guardo o soro dentro da caixa, cambaleando ainda um pouco, perdida em termos que não consigo explicar. Alcanço a ração dos felinos, gatos, as criaturas mais fascinantes e eloquentes que existiam na clinica, contudo ao abrir a porta eles começam a fazer todo um tipo de barulhos, assustados, com medo, com repulsa de mim. Nunca nada disto tinha acontecido, a agitação patente neles preocupa-me, fazendo-me sentir mais uma vez descolada de todos os sítios, até mesmo do veterinário. E eu sinto que algo dentro de mim mudou por completo. Fecho a porta amedrontada, sentindo o meu coração demasiado acelerado com uma pulsação distanciada do normal, a respiração demora uma eternidade, e ... uma batida ensurdecedora na porta de entrada faz-me dar um salto. Tempestades, noites e batidas nunca correm bem nos filmes, geralmente acabam em tragedia, torço os dedos e fecho os olhos, por favor que essa pessoa vá embora, no entanto as batidas prevalecem aumentando o barulho. Ando até a porta e espreito pela abertura de vidro, fico a encarar por breves instantes um Alex encharcado e com uma cara de assustado, puxo a porta rapidamente, ele finta um carro e fala rapidamente, entupindo os meus ouvidos com a sua voz rouca.
- Eu juro que não o vi. – Ele olha na direção do carro. – Foram apenas por dois segundos. – Ele tinha uma expressão de preocupado no seu rosto, e isso tornava-o perfeitamente humano. – O cão atravessou-se na estrada enquanto eu pegava no telemóvel. – Ele faz uns gestos. – Eu nunca pensei que algum animal fosse aparecer assim do nada. – Ele eleva as mãos, o seu corpo estava completamente encharcado, e ele parecia um pouco perdido.
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- Esta tudo bem. – Coloco a mão no braço dele, de modo a juntar-me a chuva com ele. Isso mesmo Scar. Ficar doente não tem importância, o importante é mesmo agarrar no rapaz novo. – Já ligaste para o controlo de animais? – A chuva aumentou de intensidade, fazendo com que o meu cabelo rapidamente ficasse encharcado.
