Capítulo 1- Recomeço

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Muitos dizem que todo fim tem um recomeço. Mas como recomeçar sem saber ao certo onde parou ?
Durante um bom tempo minha vida ficou sem sentido, sem rumo. É realmente doloroso perder alguém que amamos e saber que nunca mais o verá. Porém, hoje vejo todo esse processo como um fortalecimento. Obviamente não esqueci o que aconteceu e muito menos penso que esquecerei algum dia, mas aprendi a me conformar com a ideia de seguir em frente.
Após oito meses estudando em Londres com o consentimento do meu pai, longe de tudo e de todos, finalmente me sinto pronta para ter meu próprio recomeço e voltar ao lugar de onde nunca deveria ter saído.
Durante todo esse tempo além de estudar e ajudar meus avós no seu comércio, continuei treinando e participando de novas missões com a minha super equipe Britânica. Propositalmente perdi o contato com minha verdadeira equipe, com o objetivo de cortar relações e lembranças.
Porém, agora estou voltando mais forte do que nunca. Não sou mais a mesma, mas também não mudei tanto assim.
O taxista para diante de um prédio de classe alta, enorme. Durante a minha partida, algumas coisas mudaram... Os outros já não estudavam mais na Gold Wing School por conta das missões e as complicações de esconder tamanho segredo dentro de um colégio interno. Pelo que fiquei sabendo, agora estudávamos no" School Diamond Eagles" e esse prédio seria nossa nova casa.
Após subir alguns degraus segundo a indicação do porteiro, finalmente paro diante do número 777. Uma sala toda mobiliada com móveis brancos e negros compunham a entrada do local. Nenhum som era ouvido, o que indicava que naquele momento, estava sozinha.
Depois de uma rápida examinada no apartamento, que era bem mais maior que minha própria casa, me instalo no único quarto disponível que por sinal era a minha cara.
O móvel da cama negro contradizia o branco da coxa que se misturava com o vermelho. Acho que é quase uma tradição da OSCU escolher essas três cores, mas gosto delas.
Termino de me instalar e coloco o uniforme, a missão agora seria descobrir onde estava a passagem para a base. Mas antes, tinha que saciar o monstrinho dentro do estômago, que gritava por comida.
A cozinha estava feito um desastre, e até a geladeira estava vazia, o máximo que consegui achar, foi um pacote de bolacha pela metade. O que por enquanto bastava.

-Esse povo vive do que? Ar?

Pelas horas, deduzi que provavelmente eles estariam na escola. Ninguém sabia da minha chegada, simplesmente descidi voltar. Nem mesmo meu pai, o único que mantive contato, sabe...
Volto à sala, mastigando as bolachas enquanto procurava o elevador e com muita persistência, o achei na sala, perto do sofá e de uma mini mesinha.
As portas são abertas, e como num déjà vu chego a OSCU. Algumas mudanças tinham sido feitas, mas nada muito significativo.
Por conta do meu novo visual, poucas pessoas me reconheciam e acenavam com a cabeça.
Adentro a sala do meu chefe, que por poucos era conhecido como meu pai, vendo uma figura paternal folheando alguns documentos.

-Jack eu já lhe disse pra bater na porta e... - sua garganta trava ao me ver. - Filha? O que faz aqui? -seus braços me aconchegam em um abraço.

-Não gostou da visita? - brinco, um pouco receosa.

-Claro que gostei! Só... fiquei surpreso... Por que não avisou?

-Queria fazer uma surpresa... E você sabe que eu odeio dar satisfações para estou indo.

-Pelo menos avisou seus avós?

-Eles sim. - sorrio.

Recebo mais um abraço e nos sentamos, a fim de colocar as novidades em dia.

-E Então? Como foi em Londres? Você quase não me deu notícias!

-Como se você já não tivesse investigado tudo o que eu fiz por lá... - digo revirando os olhos.

-Sim... E fiquei sabendo também das bagunças que andou fazendo mocinha! - me repreende.

-Não fiz nada de mais...

-Só nesses últimos meses explodiu três carros. Está bom pra você?!

-Isso não vale! Foi em missão!

-Não importa, isso é perigoso!

Suspiro irritada e ele acaba percebendo o que fez.

- Perdão filha, acabou de chegar e já estou te dando sermões...

-Percebi. Mas tudo bem... Me conta, como anda as coisas por aqui? - digo tentando mudar de assunto.

-Tudo tranquilo demais pro meu gosto... Já faz um bom tempo que Dylan e seus capangas não dão as caras.

-Isso sim é estranho.

-Com certeza.

-Todos estão na escola? - pergunto, me referindo aos meus amigos.

     Tinha que admitir, estava nervosa em reencontra-los.

-Sim, mas acho que ainda vão demorar um tempo para chegar. Eles ficaram tristes por você ter sumido sem ao menos se despedir.

-Eu sei...mas além de não gostar de despedidas, eu sabia que eles tentariam me impedir assim como você tentou.

-Era pro seu bem.

-Eu sei Luiz...

Ele franzi o cenho , provavelmente pelo fato de não o ter chamado de pai.

-Perdão. Pai. - me corrijo.

-Quando chegou?

-Agora, vim direto pra cá e estou morrendo de fome!

-Se quiser posso pedir para o Jack trazer algumas pizzas...

-Eu agradeceria.

-Pronto, já mandei uma mensagem. - diz guardando o celular. - Filha... Agora que você voltou eu...

Ele é interrompido por um Jack afoito, que entra na sala carregando duas caixas de pizza.

-Luiz! Eu já te disse que não sou seu entregador de comida! Se quiser algo vá e ... Natasha?!

-Oi velhinho... - brinco.

-Não creio!

    Seus braços me espremem, num abraço apertado.

-Senti sua falta vaporzinho...

-Eu também...

-Quem diria que no final de tantas brigas, um sente falta do outro. - diz Luiz.

Nos afastamos rapidamente enquanto Jack secava as pequenas gotículas de água que se formavam no canto do seus olhos.
Terminado o serviço este me olha um pouco impressionado.

-Seu cabelo... Você...

Concordo com a cabeça.

-Ficou bonito! Essa cor combina com você.

-Valeu vovó. - provoco.

-De nada vapor.

Estreito os olhos ameaçadoramente.

-Estava demorando pra vocês voltarem a brigar. - murmura Luiz.

-Pensei que quando eu voltasse, Jack estaria mais maduro. - ataco.

-E você menos esquentadinha.

-Trouxe a pizza entregador?! - pergunto.

Jack revida os olhos e me entrega as caixas.
As pizzas realmente estavam uma delícia, e sobre o olhar dos dois começo a devorar uma a uma com a fome de um leão.

-Vem cá, você passou fome em Londres?! - pergunta Jack.

-Não, passei vontade de socar alguém. Quer entrar na lista?! - indago brava.

-Jack, acho melhor você ir ver se Débora está precisando de alguma coisa... - interfere Luiz.

-Virei ajudante agora?! Jack pra lá, Jack pra cá! Mas que saco! - ele sai irritado.

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