Capítulo 46

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Desde as quatro da manhã meu sono não se fazia mais presente, e com Alfie, não era tão diferente assim. Recebemos ordens de Jack para estar atentos. Agora estamos por conta própria.
Visto meu uniforme, enquanto Alfie terminava de acomodar suas armas no coldre da cintura de costas pra mim.
A vista desde a parte superior do barco continuava a mesma: escuridão total. Não  conseguíamos enchergar nada além de um palmo a nossa frente, e para isso, foi necessário um binóculos criado pelo próprio Simon para esse tipo de situações. Binóculos que captam massas de calor, portanto, Homens e bombas eram perfeitamente enxergados.

-Consegue ver alguma coisa? - questiono, vendo Alfie girar nos calcanhares.

-A Antártida é enorme, é quase impossível cobrir todo o perímetro.

- Temos que fazer nossa parte, estamos aqui pra isso.

-Eu sei.

-Me desculpe por ontem...

-Sem problemas, não fiquei brava...

-Tem certeza? Seus olhos diziam que a qualquer momento me degolaria com uma faca.

-Sempre acredite no que digo, não neles.

-Eles são bonitos. - sussurra.

-O que?

-Nada.

-Você disse que meus olhos são bonitos?

-Na verdade estava me referindo as estrelas... Olha! Lá longe!

Roubo o binóculo e espio pelas lentes, bem ao longe uma massa de ar vermelha no meio do nada parecia andar.

-Não é um homem. - digo.

-Como sabe?

-A massa é muito pequena, provavelmente é algum animal.

-Existem animais nessas regiões?

-Claro que sim! Deve ser alguma Foca ou Pinguim...

-No meio do oceano?

-E como sabe que estamos no oceano? Está tão escuro que podemos estar muito próximo a alguma geleira sem ao menos saber.

-Apenas deduzi pela direção das estrelas.

-Hum...

-Mentira, eu vi no mapa. - sorri vitorioso.

-Você é um idiota sabia? - digo sorrindo.

Volto ao binóculos, mas nenhum movimento surge durante horas, já estava quase na hora do almoço e minha barriga roncava sem poder parar para um descanso. Alfie foi em busca de mais lanches, enquanto eu continuava com meu serviço.

-Alguma novidade? - indaga.

-Nada, tudo na mesma e extremamente entediante!

-Se quiser, assumo daqui.

-Agradeceria.

Subo no parapeito do barco balançando as penas sobre o ar. O cargueiro era tão alto que podia sentir o pequena brisa pairar sobre nós.

-Natasha, desce daí!

-Esta tudo bem Kansas.

-Você vai se matar?

Gargalho.

-Me matar? - questiono rindo. - Estou brincando de Titanic, nunca brincou?

-O que é Titanic?

Olho pasma.

-Não acredito! Você nunca viu Titanic? É um clássico!

-Deveria?

-Claro que sim! Quando voltarmos pra casa, vou te apresentar a uma maravilha chamada televisão. Na sua casa não tinha uma?

-Claro sim! E para de falar como se eu fosse um etê, é só um filme...

-Esta bem caipira. Pra resumir: nesse filme existe uma cena em que os dois personagens  principais sentem o vento juntos.

      Ele fica confuso, e franze a testa.

-E não, não estou te convidado pra fazermos isso! Só estou explicando.

-Sei...

-Você é muito convencido sabia?

-Sou realista.

-Esta bem Kansas, mas agora vê se presta atenção no que tá fazendo.

-Não antes de você sair daí.

      Retiro minhas pernas do lado de fora pouco a pouco enquanto ele observava eu me afastar.

-Melhor assim?

- Essa água está tão gelada que te mataria muito antes de você encostar nela.

(...)

      Segundo meu relógio, passamos mais de cinco horas esperando por algum sinal, no entanto, nada acontecia. Provavelmente Dylan escolheu outro lugar, um com temperatura mais elevadas.
      Estava no meu turno de observar o perímetro, quando Alfie me assusta derrubando um velho  timão de ferro fajuto contra o assoalho de aço. Derrubo o binóculos e metade do meu suco de laranja.

-Olha por onde anda, Kansas!

-Desculpa, não vi essa coisa.

-Você nunca vê nada.

-Agora não é hora de brigar Natasha.

-Estamos aqui a mais de cinco horas e nada! nenhum um sinal de vida!

-Talvez seja durante a noite, não podemos relaxar. Quer que retome meu turno?

-Não, você já ficou tempo de mais. Vai descansar e deixa eu cuidar do resto.

-Não vou dormir e deixar o trabalho todo pra você!

-Não estou dizendo pra fazer isso, estou dizendo pra sentar e calar a boca!

     Um alarme soa por todo o cargueiro, tampo os ouvindo, sentido eles latejarem, a sirene estava bem ao meu lado.

-O que está acontecendo? - grito na espectativa de ser ouvida.

-Não sei!

     Vários tripulantes começam a ingressar nos barcos salva vidas, carregando seus poucos pertences. Seguro com toda força o binóculos, com medo de perde-lo em meio a tanta confusão e desço as escadas em busca  de alguém que pudesse me explicar o que acontecia.
  
-Alek, o que está acontecendo? - indago.

- O cargueiro está afundando!

-Como?

-Não sei, mas acho melhor sairmos enquanto ainda há tempo!

   Ele volta a subir as escadas e eu permaneço confusa.

-Espera!

    Sigo na mesma direção dos demais até o barco salva vidas, Alfie já estava lá com nossas coisas, guardando  um lugar ao seu lado  para mim. Entro, sentindo o barco se mover por contas das pequenas ondas provocadas pelo navio, que começava a ranger.
    Retiro o binóculo do bolso e procuro ao redor qualquer massa de calor sozinha.

-Não pode ser!

-O que foi Natasha?

-A bomba... esse tempo todo...estava dentro do cargueiro...

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Último capítulo amanhã pessoal, se preparem...
   Depois começo postando o 3 livro.

Agente Morgan 2Onde histórias criam vida. Descubra agora