Dez

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×Albert×

Abro a gaveta para procurar algo que estanque o sangramento do pescoço dela. Acho uns gases e esparadrapo.
Isso serve!
Limpo o ferimento e faço um curativo. Tiro o cabelo dela do rosto e admiro ela dormir.

_Dormindo assim nem parece tão medrosa..._Sussurro.

Toco na sua mão tentando sentir o que ela sente e não consigo. Franzo a testa estranhando porque não consigo sentir o que ela sente nesse momento. Deixo-a sozinha e saio em busca de Alícia. Bato na porta do seu quarto e ela logo abre. Entro sem ela convidar.

_O que te deu, Albert?_Ela pergunta assim que passo direto por ela.

_Você estranhou algo na sua doadora?_Pergunto alarmado.

A expressão do seu rosto se alivia e assim ela fecha a porta vindo em minha direção.

_Seus poderes não funcionou com ela, não foi?

Então quer dizer que os poderes dela também não funcionou com a doadora.

_Não entendi o por quê._Falo indo em direção a porta novamente._Preciso dispensá-la. Terminaremos essa conversa depois.

Saio em direção ao meu quarto novamente. Abro a porta e vejo-a de pé totalmente perdida. Sua respiração estava desregular.

_Obrigada, Senhor. Pelo curativo._Vi que ela se esforçou muito pra falar.

_Dispensada._Entrego o papel das informações para ela._Amanhã às 8hrs aqui.

Caminho até as bebidas e coloco um copo pra mim. Fico admirando a paisagem da janela e ouço seus saltos se direcionando para a porta. Sinto que o olhar dela repousou em mim por poucos segundos e assim ela se foi.

_Quem é essa menina?_Dou um gole na bebida com os olhos semicerrados.

Vejo o carro partir com as duas e deixo meu copo na mesa indo novamente em direção ao quarto de Alícia. Sabrinne vem ao meu encontro e se põe na minha frente. Fico olhando-a como se pedisse para que ela saísse da minha frente, mas ela não o fez.

_Você... Gostou da sua doadora?_Vejo interesse no seu olhar.

Sabrinne sabe que o meu poder é saber o que ela sente através do toque e até manipular isso. Mas como ela é uma vampira, eu não poderia sentir. Mas está escrito em letras gigantes na testa dela o que ela sente. Acho que ela pensa que não sei por não poder usar meus poderes nela.

_Sim.

Foi a única coisa que falei antes de passá-la indo em direção ao quarto de minha irmã.
Espero que ela entenda que somos primos e que jamais eu me casaria com uma garota tão desligada dos interesses da família e tão sonhadora como ela. Isso me causa até náuseas. Bato na porta e dessa vez espero ser chamado para entrar.

_Entra logo, Albert._Alícia se escora na porta aguardando.

_Quero saber por que nossos poderes não podem ser usados nelas._Entro sentando-me na poltrona do seu quarto._Você acha que elas são sobrenaturais?

_Não, Albert._Ela bufa jogando-se na cama._Se elas fossem sobrenaturais, ou seja uma bruxa, o sangue dela nos faria mal. Não seja burro, Albert!

Me dou conta do que Alícia falou e dou razão a ela. O sangue de outros sobrenaturais nos fazem mal. Não podemos nos alimentar deles pois isso altera a ordem natural das coisas. A cadeia alimentar, para ser mais específico.

_Eu vou pedir um relatório completo da vida dessas duas._Falo convicto._O que você acha?

_Deixe a minha doadora de fora disso._Alícia me olha feio._Dela cuido eu. Aliás, ela tem um sangue delicioso, mas imagino que a sua seja melhor. O que achou?

Estava claro que Samyra era extremamente deliciosa. O sangue, claro. Mas nunca fui um homem de me render a esses prazeres a ponto de sair elogiando por aí.

_Bom._Falo com desdém._Deixe-me ir pois mandarei Manfredo me fazer um relatório sobre a minha doadora. Até amanhã irmã e juízo!

Beijo sua testa e saio do quarto. Alícia é a única pessoa com quem eu demonstro afeto. Desde que nossa mãe morreu, nos unimos muito e assim quero que seja. Nosso pai casou novamente e provavelmente já esqueceu de vez nossa mãe. Mas isso não vem ao caso agora. Me direciono ao escritório do tio Inácio.

_Tio?_Falo assim que abro a porta.

_Entre, Albert._Ele me recebe de sorriso aberto._Algo lhe incomoda? É com sua doadora? Se quiser podemos...

_Não, tio._O interrompo levantando a mão._Eu queria que o Senhor pedisse a Manfredo que fizesse um relatório completo sobre a minha doadora. Apenas isso.

Vi meu tio estreitar os olhos e depois sorrir como se algo fizesse sentido.

_Se encantou por ela?

_NÃO!_Falo de olhos arregalados._Só me intrigou o fato do sangue dela ser tão raro e precioso. Queria saber mais sobre sua família, saber se eles também possuem esse mesmo tipo sanguíneo.

_Hm... Certo. Esse relatório estará pronto o mais rápido possível._Ele aperta minha mão._Amanhã venha ao meu escritório assim que receber sua doadora. Bom descanso!

Saio da sua presença e vou para meu quarto. Olho pro chão e vejo pingos do sangue de Samyra. Fecho os olhos inalando o maravilhoso odor que ele exala. Nunca provei um sangue do tipo Z e não imaginava que era tão... Tão bom!
Tomo um banho e visto algo confortável para deitar. Encosto a cabeça no travesseiro e fico encarando o teto.

Ela dormindo nem parece tão medrosa...

Mas por que eu estou pensando nela?
Ela é sua doadora, Albert!
Ela tem um sangue bom, é apenas isso. Só estou impressionado.
Viro-me para o lado e dessa vez fico encarando a parede.
Eu preciso daquele sangue todos os dias e pago o que for para tê-lo. Nunca me senti tão forte assim...
Sou um vampiro que comporto dois poderes dentro de mim. E meu poder secreto só é liberado quando tenho uma boa fonte de energia. Somente eu e a Alícia sabemos do meu poder secreto pois ele só foi revelado uma vez. Na noite em que me alimentei de mais de 50 pessoas...

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora