Dezenove

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×Samyra×

Os olhos irritados de Margot caíam sobre mim de forma rude. Mas eu estava preocupada com o...

_E se caso meu dono for atingido?_Rebato no mesmo tom._Minha missão lá dentro vai estar acabada caso isso aconteça. E a Resistência só vai sair perdendo.

_Estou com a Samy._Vera toca na minha mão._Se caso eles forem atingidos, nosso trabalho se encerra. Mas vamos logo ao que interessa. Tem cura ou não?

Ela entorta a boca e se dar por vencida. Mexe em uns papéis dentro de uma gaveta e nos mostra dois vidrinhos.

_Existe sim a cura._Ela começa._O sangue de Samyra é cura para qualquer mal feito aos vampiros. Temos duas pessoas do sangue Z contando com você._Ela chacoalha os dois vidrinhos._Precisam tomar isso pra inibir os poderes deles contra vocês. E então? Esclareci tudo?

A porta abre-se de repente e Marie entra ajeitando a saia e o óculos no rosto. Senta-se ao lado de Margot e olha para os vidrinhos.

_Soube que o seu dono foi atingido pelo Laser Shulman._Ela fala de uma vez._Se quiseres cooperar com a Resistência é melhor você tomar isso logo e correr pra fazê-lo beber seu sangue.

Arregalo os olhos em direção a elas e logo depois em direção a Vera.

O Albert? Atingido?

_Onde posso encontrá-lo?_Engulo seco.

_Ele deu entrada na ala hospitalar dos vampiros agora._Enquanto ela fala, eu pego o vidrinho._Não esqueça de tomar isso, Samyra! Saia dessa sala e pegue a direita, logo você verá uma placa anunciando o início da ala do hospital destinada a eles. Corra!

Olho pra Vera e ela entende que preciso correr. Beijo sua testa e saio da sala. Pego a direita e sigo rapidamente vendo a tal placa. Vejo uma movimentação estranha numa certa porta e antes de seguir, enfio o vidrinho no decote. Entro no quarto encontrando Alícia e uma garotinha em seus braços.

_Você aqui?_Ela diz estranhando a minha presença.

_Tive que vim aqui fazer uns exames._Enfio as mãos nos bolsos do jeans._Cadê o Senhor Albert?

Ela coloca a menininha sentada na poltrona e me conta tudo que aconteceu. Não consigo acreditar que o Albert seja tão doido a ponto de entrar numa área de risco sozinho. Olho pra menininha no exato momento que ouço que ela disparou a arma que machucou o Albert.

_Onde ele está?_Pergunto aflita._Eu posso ajudar.

_Ele... Ele foi levado pro setor X. O que você pode fazer pra ajudá-lo?_Ela acariciava a cabeça da menininha.

Digo a ela que meu sangue ajudaria por ser tão precioso e ela conseguiu autorizar minha entrada no tal setor. Fui acompanhada de um homem que não sei ao certo o que era. Esse mundo vampírico é tão estranho que não sei quem é quem. A porta do quarto é aberta por esse tal homem e assim consigo entrar. É um quarto normal com uma cama, alguns aparelhos, duas poltronas brancas e uma janela que está aberta. Tinha uma enfermeira mexendo em algo nos aparelhos. Olhei pro Albert desacordado e cheguei um pouco mais perto.

_Ele está bem?_Pergunto sussurrando para a enfermeira.

_A ferida está se abrindo cada vez mais. Está se aproximando do coração._Ela começa a anotar algo numa prancha._Temo que não resista. Com licença.

Meu coração apertou um pouco ao ouvir aquelas palavras. Eu não sinto nada forte pelo Albert. Claro que não!
Mas ele é meu dono e a Resistência precisa das informações que posso tirar dele.

_Você consegue me ouvir?_Sussurro perto do rosto dele.

Seus olhos abrem-se e me sinto um pouco envergonhada por estar tão perto novamente. Ele faz uma careta de dor e sorri depois.

_Não fui atingido no ouvido._Ele ironiza ao falar comigo.

Reviro os olhos e me seguro para não lhe responder à altura.

Nem doente ele deixa de ser idiota!

_Vim apenas ajudar, Senhor._Falo encarando o ferimento._Isso está horrível.

_Como você pode me ajudar? Por acaso és bruxa e usará teu poder para me curar?_Ele diz em tom de deboche.

_Já que não queres a minha ajuda..._Digo me virando para sair da sala, mas ele segura em minha mão._Mudou de ideia?

_O que você pode fazer por mim?_Com dificuldades ele consegue falar.

Estendi meu pulso em sua frente e fiz um sinal com a cabeça para que ele mordesse. Ele nada falou apenas cravou seus dentes. A dor continuava ser a mesma e eu arrependia-me por indicar o pulso como local da mordida. Ele solta-me e lambe os resquícios de sangue que ficaram nos seus lábios.

_Está curando._Digo apontando para o ferimento.

Albert acompanha meu olhar e suspira aliviado por estar se curando. Saio da sala sem falar nada encontrando Alícia no corredor.

_Ele já está melhor. Pode ir._Aviso a ela que ainda está com a menina no braço.

_Você pode ficar com ela?_Ela pergunta como se implorasse.

_Claro.

Peguei a menina no braço e ela pesava horrores.

Como é que ela estava segurando essa menina como se segurasse uma pena?

Coloquei ela sentadinha na poltrona e fiquei encarando-a.

_Como você se chama?_Tento quebrar o clima.

_Emilly._Ela me olha nos olhos._E você? É titia também?

_Sou a Samyra. E se quiser, pode me chamar de tia Samy._Sorrio pra ela._Qual sua idade? Você não é muito novinha pra pegar em armas?

_Tenho sete._Ela mostra sete dedos._E eles me ensinaram a segurar uma arma e atacar vampiros. Vampiros são do mal. Você odeia vampiros?

_Hm..._Olho pra ela abismada com o que ouço._Acho que sim. Mas não a ponto de sair atirando neles.

Ouço a voz de Vera chamando-me e logo ela senta do nosso lado.

_Mais uma titia!_Ela olha pra Vera sorrindo.

Vejo o olhar da minha amiga perdido pra mim, mas logo ela se encanta com a Emilly.

_Cadê Albert?_Ela pergunta enquanto Emilly brinca com uma boneca.

_Está se recuperando._Sorrio fracamente._Acho que estou me esquecendo de alguma coisa...

*Setor X: Nome dado a um corredor com quartos em que os pacientes ficam aguardando mais esclarecimentos sobre o que se passa com eles. As vezes casos incuráveis são colocados nesse mesmo local.
Local destinado aos vampiros.

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora