Quatorze

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×Samyra×

Entro no quarto e vejo Liv sendo cuidada por nossos amigos. Rompo a multidão e chego perto dela.

_Você está bem?_Pergunto segurando seu rosto com as duas mãos.

_Sim._Ela sorri singelamente._Claire irá comigo na Central de Ajuda pois farei uns exames. Obrigada, Samy.

_Descanse.

Deixei ela quieta e fui até a porta do quarto pensar um pouco. Claire passa por mim sem nem me olhar. Leva a Liv embora e assim ficamos sozinhos.
Sinto uma mão meu ombro e viro-me para ver de quem era.

_Você é muito corajosa, Samy!_Exclama Felipe de sorriso no rosto._Enfrentou o carrasco do Bryan pela Liv. Nem nós que somos seus amigos desde sempre tivemos coragem de fazer tal coisa.

_Não foi nada._Sorrio levemente._Mas agora eu preciso me comportar melhor pois tenho certeza que esse Bryan vai ficar na minha cola e meu dono me passou a maior bronca por tê-lo enfrentado.

_A Liv é um anjo. Não merece ter Bryan como dono._Dessa vez é a Nina que fala._Mas admirei sua coragem.

Ficamos conversando por enquanto que não dava a hora do almoço. Fiquei sabendo coisas horríveis que Bryan já fez com a Liv. E como ele manipula a memória, ela sempre se esquece, mas quando os amigos de alguma forma tentam avivar isso em sua mente, ela consegue lembrar.
Concluí então que ele apenas tem o poder de bloquear certas coisas e colocar outras em cima, mas quando isso é desfeito tudo volta ao normal.
Quando deu a hora do almoço, todos se dirigiram para comer. Eu e Vera decidimos tomar banho antes.

_Você se arriscou tanto, Samyra..._A voz de Vera ecoa do lado de dentro do banheiro.

_Eu sei._Falo encostando-me na porta do banheiro._Mas eu não consigo ter sangue de barata ao ponto de ver alguém quase matando uma pessoa e não fazer nada.

_Mas entenda que você não é super heroína._Ela destranca a porta enxugando os cabelos._Temos uma missão aqui dentro. Te quero viva, garota!

Sorrio pra ela e entro no banheiro. Termino de tomar banho e arrumo os cabelos.
Seguimos para a sala de refeições dos doadores e almoçamos rapidamente. Depois de escovar os dentes, era hora de enfrentar os dentes afiados do meu dono novamente. Entramos no ambiente onde eles estavam sentados nos aguardando. Respirei fundo tentando não me incomodar com certos olhares. Posiciono-me ao lado de Albert e estendo o braço.

_Inácio, eu acho mais que justo o Albert dividir a doadora dele comigo pois por culpa dela eu estou sem a minha._Bryan diz encarando-me.

Como ele ousa dizer que a culpa é minha? Que cretino!

Eu ia falar poucas e boas, mas sinto a mão de Albert apertando meu braço como se pedisse para que eu não falasse nada.

_Uma pena que seu pedido não possa ser aceito pelo tio Inácio._Albert começa a falar._A culpa por você está sem sua doadora é exclusivamente sua. Acho até você um vampiro incapaz de ter doador. Você não sabe a hora de parar.

Bryan bate forte na mesa com os punhos fechados. Tomo um susto, mas mantenho a postura.

_Bryan! Controle-se!_Inácio repreende-o.

Bryan levanta-se e sai da mesa. Logo Sabrinne faz o mesmo sendo seguida por sua mãe.

_Então... Vamos comer!_Alícia diz com cara de faminta.

Recebi duas mordidas seguidas e fui liberada logo depois. Isso definitivamente é muito doloroso no braço. Já na nossa ala, jogo-me na cama estancando a mordida.

_Sorte minha e da Nina que não recebemos mordidas agora._Fabricia diz aliviada.

Fiquei deitada por um tempo e depois de algumas horas Claire entra com Liv amparada nos braços.
Corro até ela e ajudo a colocá-la na cama. Claire deixa dois vidrinhos com cápsulas dentro e um papel em cima da mesinha saindo logo após.

_Essa mulher é uma esquisita._Digo vendo-a indo embora._Como foi, Liv?

_Preciso falar à sós com você depois._Ela sussurra._Agora vou deixar o remédio fazer efeito.

Fiquei olhando-a adormecer lentamente. Alisei seu cabelo e fiquei olhando suas marcas pelo corpo.

Aquele homem é um monstro!
Todos eles são...

Depois de um tempo fui me ajeitar pro jantar. Fiquei sabendo que amanhã iríamos fazer exercícios físico pois tínhamos que manter boa saúde aqui. Não sei como exigiram tanto da Liv...
Coloco um vestido rosa claro e uma sandália baixinha. Deixo os cabelos soltos e me perfumo. Pronta.
Deixamos Liv dormindo e seguimos para o Palácio novamente. Achamos por bem comermos depois deles comerem.
Os doadores pararam na sala e eu estranhei.

_Vamos esperá-los aqui?_Pergunto baixinho pois a voz ecoava muito.

_Eles não tem muito hábito de comerem reunidos durante a noite._Nina diz subindo a escada._Vá até seu dono. Boa sorte!

Olhei pra Vera antes de seguir para o quarto do Albert. A última vez que ele se alimentou do meu sangue no quarto dele, ele só parou porque desmaiei. Engoli seco e bati na porta. Logo ela se abre e ele faz um gesto com a mão para que eu entre.
Ouço a porta se fechando atrás de mim e ele se colocando na minha frente.

_Por que meus poderes não funcionam em você?_Ele me atinge em cheio com essa pergunta.

Desvio o olhar para o chão procurando algo que pudesse explicar isso. Claro que eu não podia dizer que foi algo que tomei.

Pensa, Samyra... Pensa.

_Você é tão falante. Perdeu a voz?_Ele tem um tom divertido no modo de falar.

_Hm..._Torço a boca._Eu realmente não sei, Senhor. Devo ser... Diferente.

Ele coloca a mão na boca e anda pelo quarto pensativo. Vai até a janela, olha lá fora e encosta-se nela de frente pra mim com os braços cruzados. Sinto seu olhar em mim e abaixo a cabeça.

_Não sinto firmeza no seu jeito de falar._Ele afirma._Mas tem algo em você que... Que me tira do sério.

_Você já falou isso, Senhor._Digo mexendo nos dedos._Não vai jantar?_Pergunto estendendo o braço.

Rapidamente ele se põe na minha frente com a mão esquerda na minha bochecha e olhando fixamente pros meus olhos.

_Senhor..._Minha voz sai baixíssima.

_Sshiiu. Não fala nada.

Ele encosta os lábios nos meus e assim me beija com um desejo surpreendente. Sua mão direita vai na minha cintura puxando-me para mais perto dele. Sinto um gosto de sangue e presumo que ele mordeu meus lábios.

Mas o que eu estou fazendo?

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora