Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)

Sessenta e seis

×Albert×

Foi uma série de informações pra minha cabeça. Não sabia como reagir, o que falar. Samyra grávida?
Salim estava se questionando sobre alguma coisa e minha mente voava longe.

_Eu não entendo uma coisa: Só poderia existir um ser com poderes da natureza nesse mundo, o meu filho. Como você tem esses poderes? Você invocou o espírito da natureza?

Nesse momento minha mente escureceu e eu não era mais dono do meu corpo. Minha consciência estava funcionando, mas meu corpo não obedecia. Eu não estava enxergando nada. De repente, minha mente começa a exibir uma história, a história de Salim. Eu não acredito no que meus olhos estão vendo... Não pode ser... Quando a história dela se encerra, a minha se inicia. Tudo interligado. Quando toda a história se encerra, minha mente se apaga.

Abro os olhos totalmente atordoado e olho pro lado. Vejo Vera amparando a Salim e corro em sua direção. Mas ela fecha os olhos antes que eu chegue perto.

_Ela apagou. Precisamos tirá-la daqui._Vera toca no meu ombro.

Vera estende as mãos e reorganiza o quarto novamente. De repente a porta é aberta e Héctor entra com seu olhar curioso.

_O que você fez com essa garota?_Ele diz de olhos semi cerrados.

_Foi uma insolente._Pego Samyra nos braços._Mas não se preocupe. Só fiz ela entender que vampiros são superiores a raça dela. Levarei ela de volta ao seu quarto.

Passo por ele e Vera vem logo atrás. Espero que ele tenha aceitado essa desculpa. Pergunto a uma das serviçais onde é o quarto dela e levo-a até lá. Deito seu corpo sobre a cama e observo Vera passar as mãos sobre o rosto dela, mas sem tocar.

_Ela está bem. Só precisa recuperar as energias. Canalizei boa parte do meu poder pra ela.

_Preciso de um tempo. Qualquer coisa me procura.

Saio rapidamente dali em passos largos. Acabo na frente de uma imensa porta e curioso fiquei tentado a abri-la. Por sorte a porta estava aberta. Era um quarto onde a parede da direita era pintada de azul e a esquerda de rosa. O quarto estava vazio. Fechei a porta e sentei no chão olhando o sol lá fora através de uma imensa janela.

_Ele é meu pai..._Sussurro deixando algumas lágrimas caírem._E ela é minha mãe...

O que fazer quando você descobre que toda a sua história não é realmente a sua história? Que tudo que aconteceu não era pra seguir esse curso? Minha mãe, a única que conheci até hoje, me recebeu no ventre, mas eu não era seu filho. O espírito da natureza ouviu a petição de Salim antes de morrer e me salvou. Fui acolhido por uma família que não era minha. Tenho um nome que não era pra ser o meu. Descubro tudo isso e que ainda vou ser pai. Que tem um ser poderoso sendo gerado dentro da barriga da Samyra e que se ela não for salva perderei duas pessoas importantes de uma vez. Ela e meu filho. Como eu tenho saudades da minha mãe...
Sempre me tratou com amor, com afeto. Não posso reclamar do pai que o destino me deu. Ele também zelou muito pela família, por mim. E agora descubro que o sangue que corre em minhas veias é do homem que preciso matar...
Ponho as mãos na cabeça que dói muito. Me recomponho e saio dali o mais rápido possível atrás do meu tio. O encontro dentro de um dos quartos no mesmo corredor do que estou instalado.

_Preciso que o senhor volte pra Nesh._O abordo rapidamente.

_Não sairei daqui sem um motivo forte pra isso.

_Tenho inúmeros. Sente-se que eu começarei.

Comecei a contar tudo ao meu tio. Sei que ele não vai hesitar em voltar pra Nesh depois de tudo que ouvirá. Quanto menos pessoas se machucarem melhor. Por diversas vezes ele tentou me interromper, mas eu continuei a contar. Tudo soa tão fictício, mas era tudo real. O meu pai, Héctor, foi o incentivador da morte da minha mãe, Salim. Pior, ele fez isso sabendo que ela estava me carregando no ventre e não deu a mínima. Pra me salvar, minha mãe pediu ajuda das forças da natureza e morreu logo depois. O espírito da natureza achou por bem esperar um bom tempo e por fim me colocou no ventre da minha mãe adotiva. Agora minha mãe biológica está no corpo da futura mãe do meu filho, que é um ser muito poderoso, querendo vingança contra meu pai. Confuso, mas expliquei dessa maneira acrescentando outras coisas. Ele estava atônito, aéreo. Tive que estalar os dedos diversas vezes pra ele voltar a si.

_Você precisa ir embora, tio. Essa briga não é sua._Segurei em seus ombros e o abracei._Proteja nossa família lá e conte toda a verdade. Diga que entenderei se não quiserem que eu faça parte da família e que eu os protegerei daqui.

_Agora eu entendo porque sempre estranhei seu jeito. Você nunca poderia ser de uma família tão suja como a nossa. Que sempre se submeteu tanto ao Héctor._Ele toca no meu rosto._Você é um homem muito honrado, Albert. Estarei protegendo todos lá. Partirei logo.

Sorrio confirmando e lhe dei mais um abraço forte. Não sei se será o último, mas não valia a pena deixar passar. Deixei ele arrumando rapidamente suas coisas e saí dali. Um dos vampiros do Héctor se materializa na minha frente.

_O mestre quer te ver. A-GO-RA.

Olhei firme nos olhos do vampiro e assenti. Ele sai na frente e eu o sigo. Percebi que não estávamos indo pro escritório ou pra uma sala particular. Estávamos indo para o subsolo do castelo. Fiquei em alerta, mas não deixei transparecer.

_Pode nos deixar à sós._A voz do Héctor invade o ambiente.

O vampiro vai embora e enfim posso enxergar o Héctor no centro do grande salão. Parece muito com o salão superior só que iluminado por candeeiros.

_Te trouxe aqui porque quero esclarecer umas coisas. Começando pela parte que não sou otário.

Ele estende a mão e me lança na parede prendendo-me. E agora?

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