Quarenta e três

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×Albert×

Olho desacreditado para o sorriso bobo nos lábios da Bruna. Desacreditado por estar ouvindo que meu tio proibiu a Alícia de ir conosco. O que será que o Inácio irá fazer?

_Não acha melhor adiarmos?_Sugiro um pouco preocupado.

_Não podemos, Albert. Seu tio pediu para irmos pois temos que acabar logo com a Resistência de Nesh. Ele já está preocupado com a força que eles estão adquirindo._Ela cruza os braços._Vamos?

_Tudo bem, vamos.

Dou um pulo na cozinha rapidamente e pego umas torradas pra comer durante o caminho. Entro no carro e deixo a Bruna dirigir seguindo o mapa que o tio Inácio deu.

_Você sempre foi muito guloso._Ela ria olhando para as torradas nas minhas mãos._Lembro de uma vez em que fizemos um piquenique e você comeu todos os sanduíches que fiz.

_Hm...

Termino de comer minhas torradas e foco no mapa que ela está seguindo.

_Essas terras são bem distantes. O tio nos mandou pra lá sem reforços?_Pergunto olhando pro mapa.

_Ele disse que pelas redondezas existem alguns homens averiguando o local, mas não informou nada a repeito desse lugar em específico._Ela aumenta um pouco a velocidade do carro._Você sempre gostou de correr com o carro. Nunca esqueci disso.

_Sei. Então, o que você acha melhor fazermos quando chegarmos lá?

_Iremos por cima das árvores. Acho melhor pois assim eles não nos veem em terra._Ela responde com precisão._Coloquei algumas armas no carro caso precise. Você não hesita em matar, não é?

_Prefiro as armas de eletrochoque. Nossa intenção não é mata-los, mas prendê-los._Digo olhando a paisagem._Com descarga elétrica podemos apagá-los e prendê-los com facilidade.

_Sempre admirei esse seu jeito de ser._Ela toca na minha perna por breves segundos e volta com a mão para o volante._Você tem lembranças nossas ainda?

_Não muitas. Tratei de esquecer o que ficou no passado. Gosto de recomeços.

Ela calou-se e eu agradeci por isso. Pouco tempo depois, ela para o carro bem antes de umas casas abandonadas.

_Irei deixar o carro nesse acostamento. Acho melhor se por acaso precisarmos sair correndo.

Saímos do carro e subimos em cima de uma grande árvore cheia de galhos robustos. Vejo Bruna encarando o carro com afinco e já sei o que ela irá fazer. Logo o carro desaparece e ela sorri vitoriosa.

_É difícil camuflar objetos grandes._Ela diz passando a mão na testa._Vamos pulando de árvore em árvore observando qualquer movimento suspeito. Caso vejamos alguma coisa, voltamos para o carro atrás das armas.

_Estou com a minha arma particular aqui. Toma cuidado.

Ela afirma e saímos pulando vagarosamente de árvore em árvore. Passo os olhos em todo a extensão abaixo de nós e nenhum sinal de ninguém. Aposto até que essa área seria impensada pelos resistentes. É um lugar muito distante do centro e repleto de árvores. Quase que uma floresta.

_Viu alguma coisa?_Ela sussura pra mim.

_Não. E você?

_Nada. Acho melhor descermos. Tudo parece tranquilo lá em baixo.

Pulamos para o solo e demos mais uma olhada por precaução. Seguimos para uma casa abandonada no meio das árvores. Concentro minha audição para dentro da casa e apenas ouço passos leves de ratinhos esfomeados.

_Vamos entrar._Digo para ela.

Empurro a porta e me deparo com uma casa bastante empoeirada. Passo a mão em alguns teias de aranha para liberar a passagem. A casa tem uma mesa com apenas três cadeiras, uma cama mais no canto, um banheiro precário e uma pia perto da porta do banheiro. Bruna foi olhar o banheiro por enquanto que olho uns papéis em cima da mesa.

_Bruna, vem vê isso aqui.

Ela se aproxima e eu mostro a ela o que vi primeiro. É um esquema um tanto estranho em que o primeiro tópico é : "Achar um corpo para Salim."

_Quem é Salim?_Ela pergunta.

_Não sei, mas tenho que descobrir.

Logo abaixo desse tópico vem um outro dizendo: " Preparar a porção juntamente com sangue de bruxa e dar para o corpo escolhido."

_Isso é estranho demais. Vamos levar esses papéis para o Inácio.

_Olha o próximo tópico.

No próximo tópico tinha escrito assim: "Invocar Salim". Todos esses estavam marcados, mas o último estava sem marcação. Nele estava escrito: "Esperar Salim despertar."

_Isso pode nos dizer que essa tal Salim ainda não acordou. Essa parte do plano ainda não foi concluída._Bruna diz de imediato._Precisamos voltar. Vamos! Logo!

Peguei todos os papéis e enfiei nos bolsos. Saímos da casa ainda vigilantes em direção ao carro. Bruna desfaz a camuflagem e entramos no carro. Dessa vez eu que dirijo. Saio dali o mais rápido que posso.

_Você vai entregar isso rapidamente ao Inácio. Ele pode saber quem é esta Salim já que é um vampiro entendido dessas coisas._Bruna diz ofegante.

_Primeiro eu vou analisar. E tem alguém da Resistência em meu poder para ajudar. Irei interrogá-la para saber se ela tem entendimento sobre isso.

_Você tem algum prisioneiro?

_Não. É uma garotinha mesmo. Ela me atacou e eu resolvi ficar com ela para arrancar informações sobre a Resistência. Deixei ela bastante a vontade com todos pois eu não queria usar meus poderes nela._Aumento a velocidade do carro._Mas acho que já está na hora de termos uma conversa.

_Hum. E onde ela está?

_Sob os cuidados da minha doadora._Respondo rapidamente._Muito bem cuidada, por sinal.

_Vejo que você tem muita confiança nessa sua doadora. Cuidado com essa aproximação com humanos. Isso não é bom para nós.

_Eu sei me cuidar, Bruna. Pode ficar sossegada que eu sei me cuidar.

Um silêncio se instalou no carro e eu não parava de pensar no que acabei de descobrir. A Resistência invocou alguém muito poderoso pelo que vejo. Engraçado é que esse nome não me é estranho...

Lembro de uma história que minha mãe contou para mim e para Alícia mencionando esse nome, mas eu não consigo me lembrar da história.
Perdido em pensamentos acabo pensando na Samyra. Preciso urgentemente falar com ela. Confiei uma vez e me decepcionei. Mas com a Samyra é diferente... Parece que tudo conspira para que eu confie nela. Espero que ela nunca me decepcione. Eu não saberei perdoar. Não mesmo.

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora