Trinta e quatro

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×Albert×

Durante o almoço eu estava inquieto, sedento. Infelizmente acabei sugando demais da Samyra. Eu não poderia pedir desculpas no momento, então apenas a olhei com todo arrependimento que eu estava sentindo antes dela ir embora. Eu não sei o que está acontecendo comigo e nem com meu corpo. Depois que todos os doadores saíram, o almoço continuou.

_Soube pelo meu marido que os resistentes que existem aqui em Nesh são poucos._Saraya diz bebericando um suco qualquer._Será fácil de vencê-los com sua ajuda, Bruna. Já que os sobrinhos do meu marido não ajudaram muito...

Dito isso, ela olha pra nós como se nos desafiasse. Seguro firme na mão de Alícia para que ela não se descontrole.

_Sei que o Albert e a Alícia estão sendo de grande importância aqui em Neshville._Bruna rompe o silêncio._E com a minha ajuda seremos mais fortes.

O clima suavizou por um tempo e terminamos de almoçar. Sabrinne e Bryan permaneceram calados apenas observando a conversa. Não queria criar um clima ruim com a Sabrinne, mas aquela paixão boba por mim estava me incomodando. Fui o primeiro a sair da mesa e me direcionar para a sala de visitas. Coloco uma bebida forte no copo e dois cubos de gelo. Faz um tempo que não me dei o prazer de apreciar uma boa bebida.

_Posso acompanhá-lo na bebida?_Uma mão com unhas pintadas de vermelho desliza sobre meu ombro.

_Fique à vontade, Bruna._Levanto o copo em direção a ela._Essa bebida é excelente.

Ela põe no copo a mesma bebida que eu e dá um gole farto na mesma. Existem dois tipos de bebidas para nós vampiros. A normal, essa feita para embebedar os humanos, mas não nos embebeda. E a batizada com água benta. Essa sim, nos embebeda e trás transtornos maiores se ingeridas com afinco. Nunca fui de beber muito, mas quando bebo, prefiro as bebidas leves.
Bruna está sentada de pernas cruzadas me encarando.

_Estava lembrando do passando..._Ela corta o silêncio._Tempos bons, não?

_Nem tanto assim._Levo o copo à boca._Não gosto de lembrar do que passou.

_Uma pena..._Ela levanta-se e chega perto de mim._Lembro nitidamente o tempo em que...

_Bruna!_A voz de Sabrinne interrompe a sua fala._Algum problema?

Desvio o olhar do rosto de Bruna para o de Sabrinne. E lá estava o ciúme bobo estampado no seu rosto. Coloquei o copo em cima da mesa e caminhei em silêncio para meu quarto. Deito na cama e começo a pensar que já está na hora de interrogar a garotinha. Acho que ela já está bem à vontade conosco e confia plenamente em nós. Preciso saber mais coisas sobre a Resistência daqui de Nesh. E com a ajuda da Bruna, isso será concluído o mais rápido possível. E que conversa estranha foi aquela? O que será que ela estava querendo despertar em mim com aquele papo sobre "Tempos bons"?
Melhor deixar pra lá pois tenho problemas mais importantes pra resolver. E ainda nem entreguei o dispositivo que comprei pra Samyra.
Samyra... Será que ela está se dando bem com a Emilly?
Escuto alguém bater na porta. Autorizo a entrada vendo Alícia entrar em meu quarto.

_Atrapalho alguma coisa?_Ela senta-se na cama.

_Não._Nego observando sua expressão cautelosa._Está acontecendo alguma coisa com você?

_Eu que pergunto isso. Você ficou ficou tão estranho com a chegada da Bruna. Está acontecendo algo?

Levanto-me ajustando minha posição na cama para olhá-la melhor. Seus olhos dourados me avaliava com cautela.

_O que você está insinuando?_Pergunto desacreditado._Você acha que eu estou estranho por culpa da Bruna?

_E não é?

_Não!_Berro._Alícia, você acha que a Bruna ainda mexe comigo? Sério, tenho coisa melhor pra me importar.

Ela começa a sorrir e provavelmente é do meu modo de falar.

_Você seria um idiota se ainda sentisse algo por ela._Ela dá uma tapa na minha cabeça._Prefiro você com a Samyra. Bom, eu já vou. Só vim saber se estava tudo bem.

Ela sai do meu quarto batendo a porta.

Mas como assim ela me apoia com a Samyra?

Não, claro que não. Nunca que eu terei algo com a Samyra. Eu gosto de beijá-la, gosto de tê-la ao meu alcance, gosto do seu jeito, do seu sorriso... Mas ter alguma coisa com ela, não! Eu não me apaixonaria por uma humana... Acho que não...
Fico a tarde inteira dentro do quarto pensando em mil coisas avulsas. Ao me dar conta das horas, já tinha escurecido. Devido a visita da Bruna, provavelmente todos irão jantar reunidos à mesa. Tomo um banho demorado e visto um terno preto bastante alinhado. Termino de me arrumar e desço. Encontro tio Inácio conversando com a Bruna na sala.

_Albert, meu sobrinho amado, eu estava falando para a Bruna sobre o dia em que quase você morreu e sua doadora Sangue Z o salvou.

Cumprimento meu tio com um abraço e viro o olhar para a Bruna. Não sou cego, então não posso negar o quanto ela está bonita.

_Pois é, esse dia foi bem louco._Falo querendo desviar o assunto._Cadê o restante do pessoal?

_Você tem uma doadora Sangue Z. Que legal!_Ela levanta-se e caminha em minha direção._Ela é bonita?

_Você não imagina o quanto!_Olho pra escada e vejo Alícia descendo.

Ela cumprimenta o Inácio e socializa com a Bruna. Essa garota está esquisita, sei lá. Parece que veio com outro intuito a não ser ajudar-nos com a Resistência. A Bruna sempre foi uma mulher de personalidade forte. Não posso dizer que ela é uma mulher fútil, mas também não posso dizer que ela é como a Alícia. Sabe por que eu sei disso? Já fui noivo dela.

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora