Vinte e um

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×Albert×

Não sei quanto tempo ficamos nos beijando, mas sei que fomos interrompido por uma voz.

_Des-desculpe, Senhor Albert._Claire fala me obrigando a soltar a Samyra._Já vou indo.

Ela sai rapidamente do banheiro e um silêncio paira no ar. Samyra está de cabeça baixa e lábios vermelhos.

_Samyra... Eu..._Tentei começar a falar, mas ela me interrompe.

_Não precisa me dizer que não é pra me iludir._Ela ergue os olhos para me ver._O que o Senhor veio fazer aqui?

Engoli seco com a firmeza da voz dela. Ela tinha um tom de chateação na voz, mas tento ignorar. Percebi que não senti o que ela sente pelo toque. Ela está me deixando cada vez mais intrigado.

_Bom, eu vim agradecer por você ter ido me ajudar na Central._Enfim consigo falar._E vim te propôr um acordo.

_Pois diga. Que acordo é esse?

_Pagarei o dobro do que você recebe como minha doadora se você cuidar daquela menininha que atirou em mim._Enfio as mãos no bolso da calça._O que me diz?

_Bom, eu não sei._Ela prende ainda mais a toalha no corpo.

_Hoje a noite quando for até meu quarto, vá com a resposta.

Viro-me e saio do banheiro. Passo por algumas pessoas, mas não olho em seus rostos. Entro no Palácio e dou de cara com Soraya e Bryan conversando.

_Oi, Albert._Soraya me cumprimenta._Escapou por pouco hein?

_Olá, Soraya._Passo por ela em rumo ao meu quarto.

Esses dois estão tramando algo...
Preciso saber o que é!

Entro no quarto e não vejo sinal da garotinha e nem de Alícia. Saio em direção do quarto de Alícia e antes de entrar, ouço uma risada. Fico olhando através da fresta da porta o que está acontecendo lá dentro.

_Quem aqui quer cócegas?_Alícia perguntava de um jeito sapeca.

_Eu, tia Ali._Emilly erguia os braços de pé na cama da minha irmã.

Alícia deita a garotinha na cama e faz cócegas nela até lágrimas saírem de seus olhos.
Abro a porta vagarosamente e os olhos das duas caem em mim.

_Atrapalho?_Encosto na porta.

_Não, só estava distraindo ela._Alícia arruma seus cabelos bagunçados._Conseguiu falar com Samyra?

_Ela ficou de me dar resposta agora a noite._Sento na cama do lado da garotinha._Você está bem?

_Estou._Ela tem os olhos um pouco retraídos._Você é bonzinho igual tia Ali?

_Vejamos..._Faço uma cara pensativa._Eu não te matei. Então sou bom, não acha?

Recebo uma tapa no braço que quase me desequilibrou. Olho pra Alícia com raiva pelo ato dela.

_Que coisa, Albert! Isso é lá coisa de se dizer a uma criança.

Vi que a garotinha apenas ficou me olhando e num ato inesperado ela me abraçou.

_Você é bonzinho. Gosto de você.

Retribuí o abraço e logo ela se afasta. Olhei pra Alícia que sorria pra Emilly. Decidi que não vou mexer nos seus sentimentos. A compaixão que fiz ela sentir, sumirá. Durante o abraço eu retirei esse sentimento em relação a mim. Quero deixá-la a vontade comigo e com a Alícia.

_Albert, vou ao centro da cidade comprar roupas pra ela. Quer vir?

Reviro os olhos e caminho em direção a porta desejando boas compras para as duas.
Fui até o escritório onde na certa sempre encontro tio Inácio. Abro a porta e vejo ele aos beijos com a Soraya. Limpo a garganta como forma de chamar atenção deles.

_Oh, Albert!_Inácio exclama tirando sua mulher do seu colo._Não ouvi você chegando...

Soraya se recompõe e sai do escritório me olhando intensamente.

Louca!

Esperei meu tio abotoar os botões da sua blusa e passar as mãos em seu cabelo.

_Desculpe-me pelo jeito com que me encontrou. Ultimamente Soraya anda impossível e eu...

_Tudo bem._Interrompo suas explicações._Vim aqui pedir autorização para que a garotinha que eu trouxe fique conosco por um tempo.

_Mas por que o interesse nela?_Diz franzindo o cenho.

_Ela pode ser útil. Podemos saber coisas que ela viu e ouviu no meio da Resistência e outra, se a garotinha realmente for importante pra eles, virão buscá-la._Falo de braços cruzados._E ela ficará com minha doadora na ala dos doadores. Não será um atrapalho.

_Tudo bem, sobrinho. Faz tempo que não sei o que é estar perto de crianças._Ele levanta e estende a mão._Tem minha autorização pra mantê-la aqui.

Apertei sua mão e agradeci tamanha bondade. Volto pro meu quarto e resolvo tomar um banho. Fico deitado na cama pensando no beijo que dei em Samyra.

O que diabos tem essa menina?

Parece que quando estamos sozinhos, algo atrai meu corpo para o dela. Uma espécie de imã invisível. Chega a ser incontrolável.

Sinto vontade de jogá-la no chão e tocar seu corpo inteiro. Ouvi-la chamar meu nome enquanto mordo seu pescoço e...

Chacoalho minha cabeça quando me dou conta do quão longe meus pensamentos estão indo. Olho no relógio e já são 18:10pm. Provavelmente Alícia deve estar enchendo a pequena garotinha de doces e roupas.
Ouço uma batida na minha porta e levanto-me para abri-la. Um pequeno ser entra correndo e me dou conta que chegaram. Ela vai direto pra minha cama e sobe em cima.

_Desculpe, irmão, mas as compras deixaram ela empolgada._Segundos depois Alícia aparece na porta._Estou morta.

Ela entra deixando umas 10 sacolas no chão do quarto. Emilly ficava pulando na minha cama repetindo as mesmas palavras : Eu tenho família! Eu tenho família!

_Ela precisa de um banho._Digo olhando a imensa mancha de sorvete na sua blusa._Nossa, como vocês conseguem gostar disso?

_Não é culpa nossa se você tem mal gosto, Albert._Alícia dá lingua pra mim._Vou dar banho nela e depois trago ela pra cá. Vamos, Emi?

_Tchau, titio._Ela abraça minhas pernas e sai com Alícia.

Sorrio vendo a cena dela saltitando em rumo ao quarto da minha irmã.
Olho no espelho organizando meu cabelo pois já já minha doadora entrará no quarto. Estava colocando um pouco de perfume e ouço alguém batendo na porta. Olho uma última vez no espelho e abro a porta.

_Você?!

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora