Quarenta e um

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×Alícia(Bônus

Uma ventania começou a movimentar as árvores de forma abrupta. Olhei para o rosto do Albert e seus olhos estavam totalmente brancos. Seria muito assustador se eu não fosse uma vampira. Tento me aproximar vagarosamente lutando contra a ventania.

_Albert?_Grito desviando de um tronco em alta velocidade._Você está aí?

O chão para de tremer e a ventania começa a cessar. A água que flutuava em volta do Albert cai no chão. Ele desce do ar vagarosamente e quando toca o pé no chão, ele cai desacordado. Corro para ampará-lo em meus braços.

_Ah não... De novo?_Tento levantá-lo, mas sem sucesso._O jeito vai ser esperá-lo acordar.

Arrumo uns galhos e coloco atrás de sua cabeça. Olho em volta e tudo está praticamente destruído. Sento no chão e fico velando o "sono" dele.
Algumas horas depois ele começa a se mover. Olho para seu rosto na intenção de vê-lo abrir os olhos. E é exatamente isso que acontece.

_Estou com fome, Alícia._Ele resmunga sentando-se.

_E você acha que eu estou como? Fiquei horas te esperando acordar..._Fico de pé limpando minha roupa._Você só me mete em roubada.

_Vem, vamos!

Ele levanta, pega suas coisas e vai na frente em direção ao carro. Eu estava morta de fome. Sou capaz de morder o pescoço de qualquer humano que passar na minha frente. Olho a hora no celular que deixei no carro e vejo que já são 16:30pm. Dessa vez o Albert optou por dirigir já que eu estou muito cansada.

_Provavelmente chegaremos depois do jantar. Eu vou querer o sangue da Vera do mesmo jeito._Digo olhando a paisagem lá fora._Eu estou faminta.

_Também precisarei da Samyra._Ele fala concentrado na estrada._Viemos até muito longe. O caminho é esquisito quando escurece. Espero que possamos chegar depressa em casa.

A fome está tão grande que eu já acho tentadora a ideia de mastigar minhas botas. O Albert permanece o tempo todo concentrado no caminho. O sol já se pôs e tudo começa a escurecer. As luzes do carro já estão sendo utilizadas para nos guiar pelo caminho.

_Albert, quando você deixa seu poder sair, você fica em si? Quer dizer, você tem controle sobre si quando está daquele jeito?_Pergunto curiosa.

_Não. Algo me domina e eu ainda não consigo ficar em mim._Ele dá a curva com o carro entrando na rua principal de Nesh._Acho que preciso treinar mais. Por que?

_Sei lá, você fica estranho. Tive um pouquinho de medo de você._Admito._Mas foi só um pouquinho. Você é muito poderoso e deveria usar isso pra ajudar nossa sociedade.

_Não quero falar nesse assunto, Alícia._Ele rebate com chateação._Estamos chegando.

Poucos minutos depois chegamos na frente do Palácio dos Vampiros. Desço do carro de um jeito desesperado por comida. O Albert se põe na minha frente antes que eu entrasse.

_Vê se você se controla. Não seja burra de deixar sua sede por sangue te dominar._Ele segura no meu ombro.

_Falou o cara que desmaiou a sua doadora por não se controlar._Reviro os olhos._Já entendi. Agora dá pra me deixar entrar?

Entramos juntos e encontramos Bruna e Soraya conversando na sala. Cumprimento a todos e subo pro meu quarto. O Albert segue para o seu. Trato de entrar rapidamente no banho. Depois do banho, visto algo informal e termino de me arrumar. Saio do quarto em direção a ala dos doadores. O jantar já passou e eu não irei ficar sem comer. Ao longe vejo Vera agarrada a alguém. Me aproximo vagarosamente e vejo que estão se beijando. Já sinto as veias do meu rosto dilatando-se de raiva.

_O que está acontecendo aqui?_Praticamente berro de ódio._Então é por ele que você é apaixonada?

Os olhos dos dois caem sobre mim de maneira assustada. O tal garoto recua lentamente para trás.

_Alícia... Eu... Hm..._Ela se embola com as palavras._Eu não tenho nada pra te dizer. Eu não estou sendo paga pra te dar satisfação da minha vida pessoal.

_Você é minha!_Pego no seu braço e aproximo ela do meu corpo._Você não vai beijar ninguém. Ninguém, entendeu?

_Me solta, Alícia!_Ela se solta do meu aperto._Você está enlouquecendo? Eu sou sua amiga, Alícia! Nunca te dei abertura para algo a mais que uma amizade.

Olho para o garoto que é um dos doadores dos transformados e o vejo paralisado. Puxo a Vera para junto de mim novamente e mordo seu pescoço.

_Ai, Alícia!_Ela gritava._Me solta!

Eu mordi com bastante ódio e vontade que tenho certeza que está doendo muito. Olho para o garoto que ameaça se aproximar, mas eu lhe lanço um olhar ameaçador. Vera já parou de se debater e parece ter apagado.

_Solta ela agora!_Ouço a voz de Samyra gritando.

Ela estende a mão para mim e um zumbido muito alto me joga ao chão. Era uma dor latente, agoniante.

_Pa...re._Sussurro estendendo a mão em direção a ela._Por favor.

Ela abaixa a mão e cai ajoelhada sendo amparada pelo garoto que beijou a Vera. Logo sinto um braço me envolvendo e me levantando.

_Você está bem?_Era o Albert.

_Agora estou. Me tira daqui.

Olho para Vera sangrando muito nos braços de Samyra. Meus olhos enchem-se de água pelo que causei a ela.

_Você é um monstro._O garoto diz com os olhos vermelhos.

Não me irrito por ouvir isso. Até dou razão para ele. Eu sou um monstro por fazer isso com a pessoa que eu digo que amo. O Albert me abraça e me leva para o Palácio. O que eu fui fazer?

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora