Vinte e quatro

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×Samyra×

Acordo vagarosamente espreguiçando-me com lerdeza. Olho pro relógio e vejo que são apenas 6:45am. Desço do beliche com cuidado para não acordar ninguém. Pego um vestido vermelho bastante rodado e vou tomar um banho. De banho tomado, me dirijo até onde Mariah e Mariana devem estar preparando o café da manhã.

_Com licença._Digo passando pela porta._Bom dia.

_De pé a essa hora, menina?_Mariah coloca um lindo bolo na mesa._Com fome?

_Muita._Falo sorrindo e sentando-me à mesa._Cadê a Mariana?

_Ainda está dormindo._Ela põe uma xícara perto de mim e começa a colocar café.

Comi algumas coisas e fiquei conversando um pouco com Mariah. Ela é uma mulher super agradável de se conversar. Despeço-me dela e volto até o quarto para escovar os dentes. Já são 7:32am então resolvo ir no escritório do Inácio. Quero ir pra casa dos meus pais o quanto antes. Vou caminhando em direção a porta do Palácio e rapidamente o Bryan aparece na minha frente. Lembrei-me do que ele me fez acreditar que quando eu o visse eu teria que me jogar em seus braços. Abri meu maior sorriso e o abracei repentinamente.

_Bryan!_Digo imitando surpresa._Bom dia.

_Bom dia, meu bem._Ele alisa meu rosto com uma mão e a outra me prende perto do seu corpo._Você tem se dado bem com seu dono?

_Sim, muito bem._Sorrio para ele.

_Tá certo._Ele me solta._Agora vai por que não quero que ninguém desconfie que estamos juntos.

Ele coloca as mãos em seus bolsos e fica me olhando entrar no Palácio.

Idiota!

Vou diretamente ao escritório do Inácio que para minha sorte fica no andar de baixo. Bato duas vezes na porta e logo sou mandada entrar.

_Bom dia, Senhor Inácio._Cumprimento._Vim buscar meu pagamento.

_Ah, sim._Ele me olha sorrindo e abre uma gaveta pegando um envelope._Aqui está. O pagamento por cuidar da garotinha é por conta do Albert.

_Certo. Obrigada, Sr. Inácio._Pego o envelope.

_Boa folga!

Sorrio pra ele e saio do escritório. Ao virar-me dou de cara com a mulher dele. Ela está tão perto que chega a ser intimidante.

_Deseja algo, Sra. Soraya?_Pergunto abaixando levemente a cabeça.

_O que fosse fazer no escritório do meu marido tão cedo assim?_Ela pergunta de olhos semicerrados.

_Fui buscar meu pagamento._Engulo seco.

_Hm._Ela se afasta de mim._Pode ir.

Passo por ela e apresso meus passos para sair dali o mais rápido possível.

Estou cercada por eles... Meu Deus! Parece um filme de terror.

Volto pro quarto e vejo Vera, Felipe e Gabriel acordados.

_Bom dia._Cumprimento._Vera eu vou na frente para a casa dos meus pais. Tenho uma certa urgência em estar aqui o mais cedo possível.

Ela afirma e entra no banheiro. Arrumo uma pequena bolsa com certas coisas que provavelmente eu irei usar e despeço-me dos que estavam acordados. Peço ao motorista que me leve para a casa dos meus pais e ele assim faz.
Minutos depois chego na frente da casa dos meus pais. Eu deveria estar chamando de minha casa, mas acho que não consigo mais. Desço do carro lembrando ao motorista a hora de vir me buscar. Tiro um casaco da bolsa e visto na intenção de cobrir as mordidas no braço. A do pescoço foi facilmente escondida pelo cabelo. Bato na porta e logo ela se abre. Meus olhos enchem-se de lágrimas ao ver meu pai de pé na minha frente. Solto a bolsa e me jogo em seus braços apertando-o com toda a força que tenho.

_Assim você vai me matar, Samyra._Ele resmunga sufocado pelo meu abraço._Saudades, minha filha.

Depois de abraçá-lo do jeito que eu estava planejando desde que saí de casa, ele abre espaço para que eu entre na casa. Olhei em volta e tudo parecia diferente. E realmente estava mesmo. Tinha alguns móveis novos e a casa parecia recém pintada.

_Resolveu mudar geral?_Pergunto ainda impressionada.

_Sim. Já que vamos ter uma vidinha melhor graças ao seu emprego, achei por bem começar as mudanças e sua mãe amou._Ele senta no sofá novíssimo._Vem aqui.

Sentei-me do seu lado e ele abraçou-me mais uma vez.

Quem dera ficar nesse abraço até o fim de minha vida...

_Cadê a mamãe?_Pergunto saindo de seu abraço.

_Está no banho._Vejo orgulho no jeito do meu pai em falar._Ela já está fazendo quase tudo sozinha. Não é uma maravilha?

_Sim, é._Falo com os olhos inundados em lágrimas._Sempre quis vê-la bem outra vez._Abro a bolsa e pego o envelope._Tá aqui tudo que consegui trabalhando lá.

_Que maravilha!_Ele pega o envelope da minha mão e abre pra contar o dinheiro._Vai dar pra bastante coisa. Pensa em ficar lá até quando?

_Por um tempo... Por que?_Pergunto de cenho franzido.

_Estava pensando em comprar algumas coisas e queria saber se você iria ficar lá por mais um tempo pra parcelar tudo e dar tempo de pagar certinho._Ele não tira o olhos das inúmeras notas em suas mãos.

_Hm...

Fico olhando em volta e me concentro muito pra não chorar. Tudo que eu queria ouvir quando chegasse aqui é totalmente diferente do que estou ouvindo até agora.
Logo minha mãe entra na sala e eu nem acredito no que meus olhos veem. Minha mãe está com os cabelos soltos, batom nos lábios e um vestido de cor forte.

_Filhinha do meu coração._Ela senta do meu lado e me abraça._Como você está?

_Estou... Estou bem._Digo ainda abismada._E a senhora está linda. Nunca a vi tão linda assim.

_Obrigada, filha._Vejo que seus olhos caem nas cédulas que meu pai organiza em suas mãos._Por que não vamos às compras?

_Acabei de separar tudo que precisamos pra quitar as coisas que compramos fiado e sobrou um bom dinheiro._Enfim meu pai volta a me olhar._Vamos às compras?

Assenti com um sorriso meio amarelo. Minha mãe voltou ao quarto alegando que precisava retocar o batom. E por fim fiquei ouvindo meu pai dizer que logo iria comprar um carro.
Olhei pro chão e pensei:

O que fizeram com minha família?

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora