Trinta e cinco

25K 2.5K 562
                                    

×Albert×

Com todos já reunidos à mesa, deu-se início ao jantar. À pedido do tio Inácio, a mesa estava farta de diversas coisas em homenagem a nossa nova hóspede. Não que a mesa nunca estivesse assim, mas ele pediu mais capricho. Bruna não tirava os olhos de mim e isso de alguma forma me incomodava. De repente senti um calafrio e uma vontade incontrolável de tomar o sangue da Samyra. Minha perna balançava compulsivamente aguardando a hora dela entrar. Soraya puxava um papo chato com Bruna a todo instante.

_Você está bem?_Alícia toca na minha mão e sussurra.

_Acho que não, sei lá._Sussurro de volta._Falta muito para os doadores chegarem?

Não dá tempo dela responder pois o doador de Inácio aparece sendo seguido por todos os outros. Vi Samyra com uma face cansada e ao mesmo tempo confusa. Do pouco que a conheço, algo está incomodando-a. Como de costume, todos se posicionam aos seus lugares.

_Essa é sua doadora Sangue Z, Albert?_Foco minha atenção na voz da Bruna.

_Sim._Respondo sem vontade._Linda, não é?

Os olhares de todos se direcionaram para Samyra e vi seu rosto avermelhar. Voltei a olhar para Bruna.

_Verdade. Muito linda.

Essas foram as únicas palavras que ela disse antes de darmos nossas mordidas nos braços dos nossos doadores. Samyra estendeu o braço e eu mordi com urgência. Escutei um gemido baixo saindo da sua boca, mas eu não queria parar. Sou tirado do meu transe quando ouço um estrondo e o braço de Samyra é arrancado de mim. Abro os meus olhos e vejo Samyra no chão desacordada. Alícia se ajoelha e ampara a cabeça dela em seu colo.

_Você vai ficar olhando, Albert?_Alícia berra._Você não vai me ajudar?

Pego Samyra nos braços e levanto-me. Vejo o olhar espantado de todos à mesa para mim. Confesso que me senti envergonhado pois repeti o erro do Bryan. Saio em disparada daquele lugar em direção ao meu quarto. Alícia me seguia. Entrei no quarto deitando Samyra na minha cama.

_O que está acontecendo com você, Albert?_Alícia me empurra pra longe de Samyra._Deixa que eu cuido dela.

Fiquei olhando Alícia limpar a mordida horrenda que abri no braço da Samyra.

_O sangue dela tem um cheiro maravilhoso._Ela olha pra mim._Mas eu ainda estou esperando você me explicar o que aconteceu.

_Não sei, Alícia._Digo levemente desesperado._Me senti desesperado, agoniado. Eu precisava do sangue dela e não me controlei. Acho que preciso liberar um pouco do meu poder.

_Ela te fortaleceu?_Seus olhos estavam arregalados.

_Sim, mas venho reprimindo._Sento ao lado da Samyra e aliso seu cabelo._Amanhã eu vou pra um pouco longe da cidade ver se consigo liberar um pouco disso.

Vejo Samyra se mexer levemente e virar a cabeça para o lado esquerdo. Logo após, ela abre os olhos dando de cara comigo.

_Albert..._Ela sussurra._O que foi que aconteceu?_Ela senta-se vagarosamente._O que eu estou fazendo aqui?

Olho para Alícia como se pedisse socorro para poder explicar o que fiz com ela.

_Vou deixa-los à sós._Minha irmã se levanta indo embora.

Samyra olha para seu braço e parece avaliar cada marca de dente cravado ali. Engulo seco temendo o quanto ela vai me odiar.

_Não precisa explicar._Sua voz sai suave._Eu lembrei.

_Lembrou?_Pergunto sentindo muita culpa._Samyra, eu... Eu... Me desculpe...

_Você está esquisito, Albert. Você quer me contar algo?_Ela senta na cama pondo seus pés no chão._Fique à vontade.

_Eu só estou um pouco descontrolado, meu amor._Agacho na sua frente._Mas isso não irá se repetir.

Ela levanta-se e caminha em direção à porta. Seguro no seu braço impedindo-a de sair.

_Ainda quero falar com você.

Ela vira o rosto lentamente para me encarar. Sinto uma frieza sem tamanho no seu olhar. Chegou a me fazer temer algo que não sei.

_Eu preciso descansar. E eu irei.

Minha mão solta automaticamente do seu braço como se fosse mágica. Ela abre a porta e sai do meu quarto. Fico petrificado olhando para minha mão tentando entender por que meu corpo obedeceu a sua voz daquela maneira. Eu tinha planos de entregar o que comprei para saber sempre onde ela está, mas esse tom de voz e essas palavras que ela falou me fizeram obedecê-la de uma tal forma que eu estou tentando entender até agora. O que aconteceu?

--------------------------∆--------------------------

Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora