Cinquenta e um

20.7K 2.2K 209
                                    

×Albert×

Os olhos de Alicia arregalaram-se automaticamente ao ouvir minha pergunta. Ela parece lembrar-se de algo.

_Eu lembro da Samyra estendendo a mão e algo me jogou no chão._Seus olhos perdidos encontram os meus._Albert, é possível a Samyra ter poderes sem ser sobrenatural?

_Eu não sei..._Ponho a mão na nuca._Tenho medo de estar acolhendo algo que não sei o que é.

_Que algo me jogou ao chão provocando-me dores absurdas é certo. Só não posso afirmar se veio dela realmente. Você sabe que esse mundo sobrenatural é cheio de mistérios.

_Sei..._Me dirijo até a porta._Qualquer coisa que você perceber, me avise. Preciso ficar de olho na Samyra.

Ela afirma e então eu saio do quarto. Se a intenção da Sabrinne foi colocar um pulga atrás da minha orelha, ela conseguiu. Minha cabeça está tão dividida com tudo isso. Uma parte se recusa a acreditar que a Samyra seja uma traidora ou algo do tipo. E a outra tende a acreditar. Droga! Logo agora que tudo começou a ir bem entre nós...

Entro no quarto e espero até a hora do jantar. Estou ansioso pra saber o que ela quer que eu a prometa. Depois de pronto, desço pra sala. Estão todos conversando amigavelmente e isso é de se admirar. Vejo ao canto os transformados olhando com desejo para a Bruna. Reviro os olhos. Logo que sentem a minha presença, os olhares viram-se para mim.

_Agora só falta a Alícia._Bruna diz ao me ver.

_Não falta mais._Alícia responde atrás de mim._Vamos jantar.

Fomos todos para a mesa e nos sentamos. Sabrinne e Bruna até que se tornaram mais amigas. Achei que as duas não iriam se dar bem. Mas também pode ser fingimento, sei lá.

_A festa de passagem de poderes aos transformados será depois de amanhã. O meu irmão Saulo e sua esposa virá amanhã para participar conosco._Tio Inácio diz em alta voz._Gostaria de ouvir como vocês estão se sentindo em relação a isso.

Todos olhamos para os dois que tinham um olhar bastante sombrio. Pareciam feras aprisionadas e cheias de rancores.

_Sinto-me honrado por enfim receber o que é merecido._Josh, o mais alto, diz de olhos semi cerrados._Estou ansioso para que enfim o dia chegue logo e eu possa ser um Mansonni.

_Um Mansonni falsiê._Bryan diz bebericando alguma coisa._Não se anime muito.

Os punhos de Josh se fecham pelo ódio, mas o seu amigo toca nele em forma de acalmá-lo.

_Estou grato pela oportunidade de enfim poder levar o nome dessa família e os poderes vindo dela._Arthur fala totalmente sem emoção._Creio que serei mais membro dessa família do que outros.

Bryan solta uma risada sarcástica e os dois permanecem sérios. Essa mania do Bryan em querer despertar ódio nas pessoas ainda vai prejudicá-lo.
Logo os doadores chegam e tio Inácio os mandam entrar. Com todos devidamente posicionados, mordemos enfim seus braços ou qualquer parte que desejarmos. Olhei pro rosto de Samyra e percebi algo de errado. Ela assentiu e saiu juntamente com os outros. Começamos a jantar com comida normal e um silêncio reinava.

_Queria fazer um pedido, Inácio._Josh diz enxugando a boca com o guardanapo.

_Diga, Josh.

_Após recebermos os nossos poderes, gostaríamos de mudar nossos doadores._Ele olha para seu amigo._Queríamos que fossem mulheres.

_Pois bem, depois veremos isso.

Termino de comer e me retiro da mesa seguindo para o meu quarto. Escovo os dentes e fico à espera dela. Provavelmente ela vai demorar um pouco. Fico na janela olhando a noite lá fora. A lua está linda no centro do céu e as estrelas dão o toque final. Sempre admirei a noite quando moleque e isso não mudou depois que cresci. Perdi a conta de quantos eclipses e luas eu admirei. Vejo Samyra entrando no Palácio e meu coração parece ganhar vida. Eu preciso me controlar pra não jogá-la nessa cama antes dela me dizer o que quer que eu prometa. Logo ouço a porta batendo. Abro e ela entra rapidamente.

_Fui parada por essa Bruna e tive que dizer que estava vindo ao seu quarto a pedido seu._Ela diz entrando.

Fecho a porta, aproximo-me dela e beijo-a com desejo. Depois de poucos minutos beijando-a, enfim consigo soltá-la.

_Você precisa dizer o que quer que eu prometa. Não sei se no próximo beijo eu me controlo._Digo puxando-a pra cama._Diz, Samyra.

Ela suspira algumas vezes e eu inclino seu rosto para que ela me olhe.

_Seus olhos estão com um tom azulado._Constato surpreso._E seus olhos são meio dourados. Por que eles estão assim?

_Não sei._Outro suspiro._Albert, eu quero que você me prometa que se em algum momento eu ficar esquisita ou algo me acontecer, você vai até meu quarto e vai procurar uma carta embaixo do meu colchão.

_Por que isso tudo, Samyra? O que você está me escondendo?_Digo temeroso.

_Albert, eu não irei te contar nada agora porque eu não sei o que vai acontecer ao certo. Mas eu quero que me prometa isso.

Levanto da cama com uma mão na cintura e a outra no queixo totalmente pensativo. O que ela está me escondendo?
Logo sinto ela me abraçar por trás.

_Por favor, confia em mim._Ela sussurra._Me prometa. Por favor, me prometa.

Viro-me e seguro forte em seu braço surpreendo-a. Olho dentro dos seus olhos parcialmente azulados e vejo um pouco de medo.

_Espero que você não seja uma traidora porque eu não vou saber te perdoar._Praticamente rosno._Eu te amo demais pra ter que te matar._Puxo seu corpo e abraço-a.

Sinto meu ombro sendo molhado e ouço ela fungar. Meu coração se parte com isso. Se Samyra for uma traidora, eu não saberei perdoar... Eu não perdoo traidores...

---------------------------∆-------------------------

Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora