×Samyra×
Depois que minha mãe retocou o batom, saímos às compras. Pegamos um táxi e nos direcionamos para um dos maiores supermercados da cidade. Passei o caminho inteiro ouvindo o quanto fazia tempo que minha mãe não tomava um bom vinho e o quanto tempo fazia que meu pai não comia azeitonas.
O táxi para na frente do supermercado e depois de pagar, descemos. O lugar não estava muito cheio pois fazer compras não era um ato corriqueiro para todas as famílias de Nesh. Fomos pegar um carrinho e eu senti um arrepio repentino como se alguém me observasse. Olhei para fora do lugar, mas não vi nada. Eu sempre tive essas paranóias de estar sendo seguida ou observada.
Empurrei o carrinho para a seção de vinhos pois se minha mãe não levasse uma garrafa, ela morreria. Passamos praticamente a manhã inteira dentro daquele lugar e eu já estava exausta. Por um lado eu estava muito feliz em estar fazendo compras novamente. Não lembrava nem qual era o gosto de um amendoim, de um achocolatado, de uns doces específicos...
Passamos tudo no caixa e meu pai pagou todo orgulhoso as compras. Colocamos tudo em um táxi e voltamos pra casa. Ajudei meu pai a carregar as sacolas pra dentro de casa e de repente senti uma tontura fortíssima. Tombei pro lado e acabei caindo no chão.
_Samyra! Meu anjo!_Ouvi minha mãe gritar._Samyra, você está bem?
Minha vista ficou bastante embaçada e parecia que meu cérebro estava sendo chacoalhado.
Quando dei por mim, estava deitada no sofá cheirando um algodão encharcado no álcool._Samyra?_Dessa vez era meu pai._Você está bem?
_Estou..._Levo minha mão na testa._Foi só uma tontura. Cadê a mamãe?
_Está fazendo o almoço._Ele deixa o algodão em cima de uma mesinha._Vai tomar um banho pra ver se melhora mais.
Assenti e fui pro meu antigo quarto. Separei a roupa que levei e entrei no banheiro. De repente o banheiro começa a girar e eu ouço gritos desesperadores.
_Não! Não me matem! Não!
A voz ecoava tão forte que meus joelhos fraquejaram. Eu não tinha forças de gritar então fechei os olhos com força pedindo pra isso tudo passar.
_Eu não traí vocês! Não me matem... Não me matem...
Segurei minha cabeça com força e nessa altura eu já chorava. Olho pras minhas mãos e vejo sangue. De repente sinto que vou perder os sentidos e assim tudo se escurece de vez.
Abro os olhos lentamente e vejo que tudo está normal. Olho pras minhas mãos e vejo que não há nenhum vestígio de sangue. Não sei quanto tempo fiquei desacordada, mas ninguém deu conta da minha falta. Termino de tomar banho e saio do banheiro. Visto uma calça jeans, uma blusa azul de botões e calço minha sapatilha preta. Penteio os cabelos e saio do quarto. Me direciono até a cozinha e vejo meu pai sentado à mesa almoçando._A mamãe saiu?_Pergunto indo pegar um prato.
_Foi pagar as coisas que compramos fiado e fazer as unhas._Ele leva a colher até a boca._Ela fez bastante coisa gostosa. Pode comer à vontade.
Sério que ninguém nem me esperou pra almoçarmos juntos?
Coloquei a comida no prato e coloquei refrigerante no copo. Sentei do lado do meu pai e comecei a comer.
_Como está por lá? Seu dono é bom?_Ele pergunta me surpreendendo.
_Bom? Não... Longe disso. Mas vou receber um extra pra cuidar de uma criança que está no Palácio._Bebo um pouco do refrigerante._Mais dinheiro vai entrar.
_Eu não disse?_Ele diz de sorriso no rosto._Logo eu vou comprar um carro. Penso até em fazer um primeiro andar aqui nessa casa.
_Hm...
Termino de almoçar e lavo os pratos que estavam na pia. Fiquei pensando na voz que ouvi no banheiro e do meu desmaio. O que será que está acontecendo comigo? E aquele sangue que vi?
Depois de lavar os pratos, vou arrumar minhas coisas. Já são quase 16hrs e eu preciso voltar pra "casa".
Meu pai estava largado no sofá tomando um copo de vinho, que não foi nada barato. Cheguei perto e beijei sua testa._Estou indo esperar o carro lá na frente._Olho para seu rosto._Diz a mamãe que eu amo muito ela e que na próxima vez ela fique pra pelo menos se despedir de mim.
_Tá certo._Ele não ousa nem se levantar pra me dar um abraço._Se cuide e seja obediente lá. Faça tudo certo, Samyra. Um beijo, minha filha.
Saio de casa deixando lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Sento na frente de casa e choro bastante tentando amenizar toda essa dor. Eu pensava que iria receber tanto carinho ao ponto de me esquecer que sou uma bolsa de sangue. Mas o que eu recebi foi total desdém. Minha mãe nem sequer perguntou no que realmente eu estou trabalhando. O dinheiro muda tanto as pessoas que chega ser incrível o poder que ele tem.
_Samyra!_Ouço a voz de Vera._O que houve, Samyra?
Abraço minha amiga e choro mais um pouco no seu ombro.
O carro chega uns minutos depois e logo partimos dali. Fiquei abraçada a ela o tempo inteiro. Chegamos lá e eu já estava um pouco melhor. Descemos e levamos nossas coisas para nossa ala._Depois eu quero saber o que houve com você._Vera me abraça.
_Tá certo. Fica aí que eu vou buscar a Emilly.
Saí em direção ao Palácio, mais especificamente para o quarto de Albert. Encontro Soraya na sala tomando algo em uma xícara, mas eu passo direto. Bato na porta duas vezes e logo ela é aberta.
_Oi._Cumprimento._Vim buscar a Emi.
_Entre._Ele se afasta um pouco para que eu passe._A garotinha dormiu.
Aproximo-me da cama e aliso os cabelos revoltos da Emi. Tão linda!
_Já arrumou as coisas dela?_Pergunto olhando para ele.
_Hm... Acho que tudo dela está com Alícia._Abre a porta novamente._Espera aqui que eu vou buscar.
Assinto e assim ele sai do quarto provavelmente em direção ao de Alícia.
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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)
VampireESSE LIVRO ENCONTRA-SE COMPLETO NO APP BUENOVELA ❤ A cidade de Neshville foi tomada pelos vampiros. Eles tem a ambição de ter o mundo em seu poder. Vendo a situação atual dos seus pais, Samyra toma a decisão de se tornar doadora sanguínea. Não sabe...