Sessenta e quatro

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×Albert×

Depois do banho, coloco uma roupa mais apresentável e peço pra Vera continuar praticando os feitiços no quarto. Saio por entre os corredores na intenção de achar a sala de jantar. Por sorte um dos serviçais me guiou.

_Estava te esperando, Albert Mansonni._Héctor diz sentado à mesa sem olhar pra mim._Cadê sua doadora? Não vai te alimentar?

_Já me alimentei dela._Respondo com a voz branda.

Ele aponta pra um cadeira e eu assim me sento. Um dos seus empregados começou a me servir e meu tio evitava contato visual comigo.

_Por que veio até aqui?_Ele dizia sorvendo o líquido de sua taça._Sei que não foi pra passear.

_De certo não foi._Levo o garfo com comida à boca._Mas sei que precisarás de ajuda.

_O que te faz pensar que preciso da sua ajuda? Sei que nunca se curvou perante a minha magnitude. Sempre foi o rebelde, o diferente. Mas por ser de uma família muito leal, poupei sua vida. Está vivo graças a mim, Albert.

_Estou vivo porque sei me proteger._Rebato._Tenho poderes que nenhum vampiro teve ou jamais terá. E isso pode te ajudar a combater sua inimiga que se aproxima._Bebo um pouco do líquido da minha taça._Isso te interessa?

Meu tio se engasga e posso ver os olhos do Héctor brilhando em direção à mim. Sei o que ele está fazendo.

_Albert, pare com isso._Inácio rebate furioso.

_Deixe._Héctor estende a mão para que meu tio se cale._Sinto poder vindo desse moleque. O que você é? Ou melhor, quais poderes você tem?

_Vai ter que ser paciente e me deixar vivo pra saber._Levanto da mesa colocando o guardanapo em cima da mesma._Boa noite.

Saio daquele lugar caminhando lentamente e sorrindo intimamente. Preciso enrolar o Héctor até a Samyra aparecer. Espero que não demore.
Entro no quarto e vejo Vera abraçada ao livro, de olhos fechados e nariz sangrando. Chego perto dela e balanço-a na intenção de fazê-la voltar ao normal.

_Vera! Vera! Reaja!

Ela abre os olhos e solta o livro deixando algumas lágrimas caírem.

_É muito poder._Ela sussurra pra mim._É uma troca. O livro me dá poder e suga depois.

Entrego a ela um lencinho que estava no meu bolso e ela passa no nariz. Prometi a Alícia levar a Vera sã e salva pra Nesh. Não posso falhar. Ouço dois toques na porta e sussurro pra Vera esconder o livro. Recomponho-me e abro a porta.

_Oi. O mestre mandou essa bandeja pra doadora._Ela entra colocando a bandeja em cima da cama._Boa noite.

Depois que ela sai, Vera ataca a bandeja. Esqueci que ela estava sem comer. Lembrei-me também que faz um tempo que não tomo sangue humano. Olho pra Vera com intensidade e ela parece perceber.

_Nem pense nisso._Ela diz de boca cheia._Praticando essa magia provavelmente sou um ser sobrenatural agora. Não pode tomar meu sangue.

Me direciono até a janela praguejando o fato de estar preso aqui sem poder atacar o pescoço de ninguém. Pro Héctor a Vera é minha doadora. Tenho que dar meu jeito ou enfraqueço. Não quero mais problemas...
Depois de um longo tempo, ajeito os lençóis no colchão que coloquei no chão e deito. Preferi deixar a Vera na cama. Fiz ela embarcar nessa viagem pra salvar a Samyra e isso é o mínimo que posso fazer. Não demora muito e eu fecho os olhos descansando um pouco.

...

Acordo com uma movimentação no quarto. Abro os olhos e vejo Vera em posição de meditação em cima da cama, olhos fechados e flutuando.

_Melhor maneira de me dar bom dia._Sussurro esfregando os olhos._Isso é incrível. Não entendo porque a Resistência te descartou.

Ela abre os olhos e o corpo dela volta para a cama. Seu olhar ficou bem mais brilhante. O que o poder não faz...

_Talvez porque não tivessem um livro desses sobrando pra mim. Se a intenção delas foi me fazer ser uma bruxa esqueceram-se que não poderia acontecer sem um livro. Agora eu o tenho e elas não sabem._Ela sai da cama._Bom dia. Estou morta de fome.

_Nem sei descrever o que eu estou._Caminho em direção ao banheiro.

Tomo um banho demorado e depois me arrumo para o café da manhã. Espero Vera tomar o seu banho do lado de fora do quarto. De repente vejo uma silhueta rápida entrando em um cômodo e resolvo seguir. Vejo uma mulher de costas mexendo em alguma coisa e tenho certeza quem é.

_Samyra?_Chamo baixinho._Ou melhor, Salim?

Ela vira-se lentamente e por fim seus olhos caem em mim. Eles estão totalmente azulados assim como os meus. Ela não esboça nenhuma reação a não ser ficar me olhando.

_Você... Quem é?_Sua voz é mais imperativa.

_Sou o Albert Mansonni. Seu mais novo aliado.

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora