Quarenta e dois

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×Albert×

Depois de hoje, o que eu mais quero é um bom banho e depois me alimentar. Também preciso falar com a Samyra. Saio do banho e visto algo mais leve já que a noite está agradável. Desço a escada lentamente e no fim dela Bruna está de pé me olhando.

_Boa noite, Albert._Ela me cumprimenta.

_Boa noite._Passo por ela, mas sinto seu braço me impedindo de continuar._O que você quer?

_Acertei com seu tio de irmos averiguar um lugar aqui em Nesh que provavelmente está tomado por resistentes. Sairemos logo ao amanhecer.

_Tudo bem. Amanhã estarei pronto para irmos. Com licença.

Passo por ela me direcionando para a ala dos doadores. De longe vejo Alícia no chão e me aproximo para ver o que de fato está acontecendo. Levanto Alícia do chão observando o caos que aquele lugar estava.

_Você está bem?_Sussurro perto do seu ouvido.

_Agora estou. Me tira daqui.

Olho para o cenário desastroso naquele ambiente. Vera está desacordada nos braços de Samyra que chora. Vejo também um dos doadores dos transformados perto delas.

_Você é um monstro._O garoto diz com os olhos vermelhos.

Sinto o corpo de Alícia tremer levemente pelo que ouviu. Minha vontade é de arrancar o pescoço desse infeliz por dizer isso. Mas o que eu faço é abraçar minha irmã e levá-la para dentro do Palácio. Passamos pela Bruna mas nada ela disse, apenas nos seguiu. Coloquei Alícia sentada em sua cama e olhei em seu rosto.

_Eu te avisei, Alícia..._Enxugo os resquícios de lágrimas em seus olhos._O que o tio Inácio vai pensar de você quando souber?

_Deixa que eu cuido dela._Bruna me interrompe._Pode deixar.

Beijo a testa de Alícia e saio do quarto em direção a ala dos doadores novamente. Vejo que não tem mais ninguém do lado de fora. Caminho em direção ao quarto e nesse momento Claire vem saindo do mesmo.

_Oh, Sr. Albert!_Ela diz espantada._A mordida foi extremamente profunda. Irei chamar o médico e avisar para o Sr. Inácio.

Apenas afirmo com a cabeça e observo da porta do quarto tudo que está acontecendo dentro dele. Samyra está sentada na cama onde Vera está deitada. Vejo seus olhos extremamente vermelhos e molhados. Emilly está numa outra cama sentada. Alguns doadores conversam paralelamente. Todos parecem muito aflitos. Entro no quarto atraindo a atenção de todos para mim.

_O que você veio fazer aqui?_Samyra berra ao me ver._Sai daqui, Albert!

_Eu não vim fazer nada de mau. Eu quero apenas conversar com você.

_Péssima hora para isso._Ela passa o dorso da mão nos olhos._Você não está vendo o que sua irmã fez?

Entendendo a gravidade do assunto, os outros doadores saíram do quarto levando a Emilly. Estávamos sozinhos, por enquanto.

_Samyra, eu não sei por que a Alícia fez isso, mas sei que ela arrepende-se muito._Aproximo-me para ver o estado da Vera._Alícia tem um certo problema com descontrole. Entenda, por favor.

_E se eu perder minha amiga? Quem vai me entender se caso eu resolver matar a sua irmã?_Ela levanta-se chegando perto de mim._Você iria me entender? Responde, Albert!

Balanço a cabeça em negação vencido pelas palavras da Samyra. O que de fato aconteceu pra Alícia fazer isso?

_Por que ela fez isso com a Vera?_Corto o silêncio.

_Ela viu a Vera beijando o Felipe._Ela senta me olhando nos olhos._Por mero ciúmes sua irmã quase arrancou o pescoço da minha amiga. Torça muito para que ela se recupere...

_Você está ameaçando a Alícia?_Pergunto de cenho franzido.

_Considere o que você quiser.

Nesse momento escuto pisadas entrando no quarto. Claire e outros doadores entram no quarto nos interrompendo.

_Já chamei o médico._Claire diz pra mim._Pode ficar sossegado. A menina vai melhorar rapidamente.

_Avise-nos sobre qualquer coisa.

Dou as costas e vou embora. Hoje realmente não é um bom dia. Entro novamente no Palácio e dessa vez tio Inácio está na sala. Sua cara não é das boas.

_O que a Alícia fez?_Ele pergunta ríspido._O que sua irmã tem na cabeça?

_Amanhã ela irá lhe explicar, tio. O médico já foi solicitado e espero que a Vera recupere-se logo. Eu preciso me recolher pois amanhã sairei cedo. Boa noite.

Subo a escada lentamente e me direciono para meu quarto. Até a fome que eu estava passou. Ver a Alícia naquele estado, ouvir a Samyra falando daquele jeito comigo e ainda fazendo ameaças foi a gota d'agua. Ninguém ameaça minha família. Ninguém!
Amanhã eu conversarei com ela novamente. Deito na cama e fecho os olhos. Adormeço.

...

Abro os olhos lentamente espreguiçando-me. Desligo o despertador e vou direto para o banho. Visto minha roupa especial e termino de me arrumar. Abro a porta e encontro a Bruna no corredor.

_Já chamou a Alícia?_Pergunto cruzando os braços.

_Não. A Alícia não vai. O Inácio não autorizou a ida dela._Vejo um sorriso contido nascer em seus lábios._Seremos apenas nós dois. Vamos?

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora