Reconciliação materna

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O final de semana passou tão rápido quanto chegou e nele Vivian focou em seu principal objetivo, planejar seu casamento luxuoso da melhor forma possível, mesmo que sua ansiedade não afetasse de nada a estrutura de Augusto, que depois do noivado se manteve o homem sério e centrado de sempre, o empresário estava sempre ocupado, pensativo e com a cara enfurnada nos contratos de venda da Diviara planejados, porém ela não se importava, com a falta de empolgação do futuro marido, com a gestação dando seguimento como planejado e seu casamento batendo nas portas, tinha felicidade para sentir pelos dois, ou melhor dizendo, pelos três.

O dia de sábado inteiro e o domingo até o horário de almoço foram dedicados ao estudo, Cecília se empenhou o máximo que pode no resumo de ciência social que tinha tomado a frente de fazer para sua prima Fernanda, já que ela sabia que a garota realmente não o faria e iria acabar se dando mal nas aulas justamente do professor do qual ela sofria de uma grande antipatia.

O professor Alexandre por sua vez, se ocupou em dar seu último toque no apartamento que apesar de ter alguns detalhes femininos na decoração, dado por sua irmã, como um vaso de girassol posto em cima do rack e almofadas amarelas, ele também havia deixado com a sua cara e estava feliz com o resultado, diferente da última vez que passou a noite naquele apartamento enquanto era casado, agora nada mais lembrava ela.
Nada mais lembrava Monique e o professor era grato por isso, pois havia decidido esquece-lá de vez, mesmo que lhe custasse perder a memória para sempre...
Sophia ocupou-se no final de semana pesquisando, analisando e sonhando com a nova vida que estava planejando levar, depois da última briga que teve com o Willian seu esposo, ela sentia como se seus olhos tivessem sido abertos para diversas oportunidades que até então ela não via, a vontade de retomar os estudos e conseguir um trabalho, era o que a partir de hoje a manteria em pé. É claro que saber que podia ter filhos e quantos ela quisesse lhe deu uma nova perspectiva de vida, Sophia sabia que lá em seu íntimo, escondido no lugar mais oculto de seu coração ela gostaria de ter filhos, mais ela saberia manter esse desejo guardado a sete chaves até se sentir competente para engravidar, criar e educar uma criança assim como ela foi educada, em um lar, com muito amor, carinho e repreensão quando precisasse. Porém depois de ter visto aquela marca de batom na camisa do esposo, ela tinha certeza que esse plano famíliar perfeito não seria vivenciado com ele, Sophia era nova e cheia de sonhos com seus 28 anos, olhos castanhos escuros e cabelo num corte Chanel jovial não demoraria a encontrar um novo amor que fosse arrebatador e a fizesse viver a vida e recuperar todo tempo perdido...

O dia de segunda-feira estava lindo, céu aberto, sol estalado irradiando toda a imensidão de azul e nenhum sinal de chuva.
No apartamento de Augusto, Vivian já havia levantado mais cedo e pedido para a secretária do lar fazer o café, na mesa tinha os melhores talheres da casa, prato de sobremesas e um chiffon com cobertura de chocolate, que fora o primeiro desejo dá grávida. O sorriso em seu rosto não se desmanchava por nenhum momento enquanto ela folheava uma revista de vestidos de noiva:
_Bom dia meu amor, meu noivinho querido!
Vivian ao avistar Augusto no pé da escada se levanta e vai até ele fazendo charme põe a mão na barriga que ainda não tinha:
_Bom dia minha linda. E então, como vai nosso meninão?
Augusto deposita um rápido beijo nos lábios de Vivian e acaricia a barriga dá noiva:
_Amor, não sabemos se vai ser um menino ainda. Não acho legal que você o chame assim. _Vivian, vou chamá-lo como então? De menininha do papai? Ainda não sabemos o sexo. _Entao enquanto não sabemos o chamaremos de bebê ou neném...
Augusto bufa com a repressão de Vivian e toma seu lugar a mesa:
_Mais tudo bem, não temos porque discutir isso agora, ainda é muito cedo, não é mesmo?...
Augusto concorda com a cabeça e volta a atenção para sua xícara de café e depois olha novamente para Vivian que começa a falar sem pausas:
_Ja sobre o casamento e os preparativos eu gostaria de falar com você. Queria saber que cor você prefere para a decoração pensei em branco e dourado, mais branco e vermelho também me agrada, o que acha? _Vivian, eu tenho que te pedir desculpas mais não sou muito ligado nessas coisas, prefiro deixar essas decisões para você, confio no seu gosto. _Obrigada por confiar... Então vou preferir branco e dourado.
Vivian bate palminha e faz alguma anotação em sua agenda que estava do lado de seu prato de sobremesa.
_Ah, e sobre igreja? Qual você prefere? Pensei na igreja que meus pais se casaram ela é linda e toda rústica vai combinar com a decoração. _Vivian, meu amor eu sei que seu sonho assim como de todas as mulheres é se casar na igreja, mais infelizmente não temos essa opção, eu já fui casado pela igreja antes e pelas normas de Deus só se casa um vez com cerimônia. _Ah, poxa não é justo, mais pensando bem, podemos pensar num salão de festas ou algo assim e levamos o juiz de paz. _Obrigado por me compreender.
Augusto acaricia a mão de Vivian e ela faz biquinho de choro por ter sido contrariada, mais em segundos muda sua expressão:
_Ah eu posso até aceitar que a cerimônia não seja feita na igreja, mais em troca eu quero que seja uma festa glamourosa a melhor festa dos últimos tempos. Quero estar linda e perfeita. Nós vamos convidar pelo menos metade de cidade e só os casais mais importantes e ricos, já vou avisando que não quero ralé na minha festa de casamento não...
Enquanto Vivian falava ela percebe que Augusto estava aéreo e passando a mão na frente de seus olhos, chama sua atenção:
_Oh amor, ce tá me ouvindo? Augusto Cunha, por favor né, você já não quer se envolver na decoração, não podemos fazer uma cerimônia na igreja que meus pais se casaram, será que você pode pelo menos me ouvir? Só um pouquinho? _Me desculpe amor, eu estou te ouvindo, só estou preocupado. _Preocupado com o que? _Com a reação da Fernanda em relação ao nosso casamento, tenho medo que ela faça alguma loucura na festa? _Não, eu não acredito que ela seria capaz de ir tão longe assim. Ela não nos odeia tanto. _Eu não estaria tão certo disso. Você viu o pequeno show que ela fez um dia depois de nosso noivado! _Ela fez aquela cena porque foi pega de surpresa. Prometo que vou falar com ela, vou tentar me aproximar, afinal iremos ser realmente uma família e eu vou dar um irmãozinho a ela, nada que umas horas de compras dedicadas ao bebê não resolva nossas diferenças eu vou me encarregar disso, fique tranquilo papai. 
Vivian beija a mão de Augusto e ele sorri para ela esperançoso e retribui seu beijo, beijando também sua mão...

Na casa de Liliana, ela já estava sentada a mesa e tomava seu café da manhã vendo notícias pelo seu celular, quando Fernanda desce as escadas de mochila nas costas pronta para ir para o colégio:
_Bom dia filha? _Oi.
Liliana cumprimenta a filha espirituosa abrindo um sorriso meigo para ela e é respondida com desdém:
_Sente-se e tome seu café. Eu já tomei mais posso te fazer companhia! _Obrigada.
Fernanda sentou-se de frente para sua mãe, mais nem se deu ao trabalho de olha-lá nos olhos, o coração de Liliana se entristeceu com tamanha indiferença, mais persistindo novamente a mãe sorri e se levantando se dispõe em servir a filha:
_Você quer suco, chá? Ou café com leite? _Eu não tomo café, não gosto. _Entao tome um chá, fui eu quem fiz, tá uma delícia é calmante. _Talvez eu precise mesmo! Enche o copo por favor.
E dessa vez os olhos de Fernanda alcançam o olhar piedoso de sua mãe. Liliana sabia que algo de errado estava acontecendo com sua filha, sabia que tinha algo haver com o noivado de seu pai Augusto, só não tinha muita certeza do que falar, mesmo assim prosseguiu:
_Nanda, filha... Eu sei que você chegou mal na sexta-feira passada devido a notícia do noivado de seu pai e acho que devemos conversar sobre isso. _A é? Eu não acho não, não tô afim de papo. Acordei agora e tô de mal humor.
Fernanda sorve um generoso gole de chá de camomila reconhecendo o gosto e depois abocanha um pedaço de bolo:
_Fernanda... Eu sei que pode ser difícil ouvir o que eu vou te falar agora mais é preciso deixar as coisas bem claras aqui. Eu confesso que também fiquei bem chateada com toda essa história de noivado e gravidez eu também não estava preparada para uma notícia dessas mais eu optei por seguir enfrente. Eu conversei muito com minha terapeuta nesse fim de semana e ela me aconselhou a aceitar. Sabe a fase dá aceitação é a menos dolorosa de se passar, você se estressa menos, se preocupa menos; _Mãe, na boa, eu só quero tomar meu café em paz, seria muito te pedir isso? Seria sim não é mesmo. Seria muito pedir um pouco de silêncio e paz nessa maldita casa.
Fernanda altera a voz com sua mãe que permanece imóvel a sua frente com os olhos arregalados:
_Sabe o que eu desejo do fundo do meu coração para esses dois mãe? Desejo que eles viviam no inferno, desejo a pior doença para eles, o pior acidente de carro, a invalidez e a morte. _Ai meu Deus.
Liliana pasma diante de toda a frieza da filha e põe a mão na boca horrorizada:
_Minha filha, pelo amor de Deus nunca mais falei isso, jamais rogue praga como essa. O Augusto apesar de tudo é seu pai e merece ser feliz eu o liberto para ser feliz e você deveria fazer o mesmo, deveria ficar feliz por ele estar seguindo com a vida dele. _Mais eu não estou feliz mãe e sabe porque? Porque ele seguiu com a vida dele, mais você não seguiu com a sua.
Fernanda fala quase gritando com sua mãe e Liliana não deixa por menos:
_E quem se importa com isso? Quem se importa se eu segui com a minha vida ou não? Ninguém pergunta mais sobre mim, ninguém se lembra mais de mim.
Enquanto Liliana falava seus olhos começam a marejar mesmo sem ela perceber:
_Eu me importo mãe eu me importo com você!
As palavras de Fernanda saem trêmulas de seus lábios e surpreendem Liliana que não aguentando mais segurar seu choro da a volta na mesa e se aproximando da filha com os braços abertos a abraça apertado enquanto chorava acariciava os cabelos dela, quando Fernanda se levanta e corresponde ao abraço caloroso da mãe:
_Eu me imposto com você mãe. Eu sei que não demonstro tanto quanto deveria, mais me importo contigo. _E eu... Te... Amo... Filha.
Liliana declara seu amor pela filha entre soluços e lágrimas e depois acaricia o rosto da garota que também deixou escorrer algumas lágrimas:
_Eu te amo tanto, me perdoa por todas as vezes que você precisou que eu estivesse ao seu lado e eu não estive? Me perdoe por ter sido tão fraca e ter te abandonado quando mais precisava eu devia ter aguentado firme eu devia ter te abraçado forte. Eu devia ter te amado mais. _Agora já não adianta mais chorar pelo leite derramado mãe. Você me fez muita falta sim e o que eu não aprendi contigo, a vida tratou de me ensinar e ela não foi muito boazinha comigo. _Oh minha filha, meu anjo, vamos nos aliar, vamos nos aproveitar mais, aproveitar nosso tempo juntas, não vamos pensar em vingança e muito menos no passado vamos focar no futuro e fazer do nosso presente o nosso lar, o que acha? Será que podemos dar uma trégua e fazer as pazes?
Liliana sorri para sua filha e acaricia o cabelo da garota:
_É eu acho que nós podemos dar uma trégua sim... Eu te amo mãe!
Fernanda nunca fora tão boa em expressar seus sentimentos, mais dizer a mãe que a amava foi a coisa mais sensata que ela fizera desde que voltou para São Paulo e agora estavam ali, mãe e filha abraçadas naquela sala de jantar torcendo para que houvesse um grande milagre e o tempo voltasse para elas fazerem tudo diferente dessa vez e se caso isso fosse possível, alterar o relógio, voltar ao passado, mudar a sincronia dos planetas tudo seria bem diferente, mais infelizmente o que ambas poderiam fazer e fizeram foi secar as lágrimas e seguir em frente...
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Minha aluna, malcriada (Concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora