04. Recomeço ou Regresso?

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— Que isso, mana, eu estou aqui para o que precisar, pode ter certeza, está bem? — Lori diz, depois que nos desgrudamos do melhor abraço que já demos na vida, como irmãs

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— Que isso, mana, eu estou aqui para o que precisar, pode ter certeza, está bem? — Lori diz, depois que nos desgrudamos do melhor abraço que já demos na vida, como irmãs.

      — É muito bom saber, Lori. Obrigada. — Dou um beijo em sua testa.

      — Precisa de ajuda com o almoço, com a mamãe, qualquer coisa?

      — Não, Lori. Está tudo bem. Obrigada. — Ela sorri e vai se afastando. — Espera. Se puder ir no mercado da esquina e comprar um pouco de tempero, eu ficaria grata.

      — Quais?

      — Espera, pegue a lista. — Afasto as mãos das facas e limpo elas na roupa, corro para a sala e pego uma lista onde consta o que eu preciso.

      — Certo. Volto em dez minutos.

      Agradeço novamente, ela me dá outro abraço e depois sai de casa. Normalmente a Lori não age assim, mas talvez o fato de que agora o papai sabe do que ela faz e fez ela esteja meio mal e, de alguma maneira, esteja tentando reconquistar a confiança dele. Porque provavelmente depois de tudo o que ele me ouviu dizer dela, ele com certeza está decepcionado, qualquer um estaria. Volto a fazer o almoço com o que dá enquanto a Lori vai ao mercado. Sinto o meu celular vibrar e então vejo que é uma mensagem do meu pai.

      Vamos, Clary, você não tem escolha. Nunca teve. E nunca vai ter. Esse é o seu destino. Aceite. Apenas faça isso, você sempre foi fácil em aceitar as situações que a vida lhe apresentou, não foi? Não será diferente agora, tudo bem, filha? Dia trinta e um de março, na segunda-feira, é o aniversário de vinte e três anos de sua futura cunhada, Patrícia, ela é irmã do Mike, seu futuro marido. Eles darão uma festa, para os mais chegados, mas você e eu vamos, para você ser apresentada a eles. Coloque o seu melhor vestido, calce seu melhor salto e passe a sua melhor maquiagem. Beijos, nos vemos amanhã, querida. Te amo! P.S.: Busco você às oito em ponto.

      Engulo em seco assim que termino de ler a mensagem. Que idiota, mas infelizmente eu sempre fui boa em aceitar o destino. Talvez porque ele tenha sido cruel comigo desde sempre, então aprendi a lidar com ele. Não é tão complicado. A partir do momento que você entende que ele não é menos do que inevitável você acredita que ele possa, talvez, algum dia, ter piedade de você e mude. Talvez.

       Fico um pouco estressada com a mensagem, mas não posso fazer nada a respeito. Espero que a Lori chegue com o resto das coisas que eu preciso para terminar o almoço. Então vou dar uma olhada na mamãe. Ela está igual como eu deixei, virada de lado para a parede branca, com o curativo meio molhado, a testa suada, ela está com febre. Uso o termômetro: 38,9°C. Pego um pano e mergulho em água gelada, volto e coloco em sua testa, com um outro pano mais úmido eu passo pelo corpo dela. Logo coloco o termômetro: 36,6°C. Ufa!, penso. Então eu escuto a porta bater. Por precaução, deixo um pano em cima de sua testa e vou ver o que a Lori trouxe.

      — A mamãe está bem, o que houve? — Lori deixa as sacolas em cima da mesa.

      — Ela está bem, só teve um pouco de febre, mas já abaixou. Agora ela está melhor. Eu vou fazer o almoço e assim que ela almoçar eu vou dar o remédio para a febre e mais ou outros que ela precisa.

      Volto a fazer o almoço. Dessa vez a Lori me segue e nós começamos a conversar, enquanto ela me ajuda na comida.

      — Sabe, Clary, você poderia me ajudar a cuidar da mamãe, quer dizer... pelo menos a dar os remédios via oral, porque quando você sair daqui eu vou estar sozinha.

      Eu quero gritar à ela que eu não vou sair de casa. Nunca. Mesmo depois de casar com aquele homem. Que eu nem sei se posso considerá-lo assim. É simplesmente um cara que está pagando para ter alguém ao lado dele, mas a Lori não merece a minha raiva, não sobre esse assunto. Respondo da forma mais educada possível:

      — É claro que eu vou ensinar tudo a você, Lori, mas eu quero que saiba de uma coisa. — Paro de cortar as coisas e me viro para ela. — Eu posso me casar, mas eu prometi que não sairia de perto da mamãe até que ela esteja bem, está entendido? — Ela assente.

      — Quer dizer que depois que a mamãe terminar todo o tratamento vocês vão se divorciar. — Assinto. — Mas, Clary, eu acho que tem mais uma razão além de ele querer ajudar você com a mamãe.

      — Como assim?

      —Pode ter mais algum motivo para ele querer se casar com você. Quer dizer... um homem de vinte e oito anos não faz isso só para ajudar. O que será que aconteceu para ele fazer essa proposta?

       — Entendo o seu ponto de vista. Será que é coisa do papai? Talvez ele esteja envolvido com alguma coisa.

      Eu sei que incriminar o papai na frente da Lori é ruim, mas nós sabemos que ele é capaz de muita coisa e que faria de tudo para limpar a sua barra.

   — É, talvez ele possa ter feito alguma coisa e precise pagar o preço.

      — Me entregando, que imaturo. Ele não me olhou na cara por oito anos e quando volta já quer me vender, me desculpa, Lori, mas ele é um cretino.

      — Tudo bem, mana. Concordo com você agora. Eu estava cega, mas agora posso ver do que ele é capaz.

      — Só me escute, eu não quero deixar você contra o papai, de jeito nenhum, mas eu quero que saiba que as pessoas podem se tornar frias de um dia para o outro. Escute bem, Lori, nunca acredite em ninguém, a não ser que você conheça a pessoa, e muito bem.

       Mais uma vez, eu não quero estragar o relacionamento lindo que o meu pai e a Lori construíram, mas essa atitude está sendo bizarra. Ele simplesmente chega aqui do nada e me diz que em poucos meses eu vou ter que me casar. Não dá para acreditar que ele pôde fazer isso com o próprio sangue.

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Contratada Para Amar | concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora