1.056 palavras
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— Moça, por favor, por favor, a minha mãe... ela... por favor... — Chego chorando no hospital, me agarro ao mármore do balcão da recepção e só tenho vontade de gritar, mas Mike me segura pelo braço e me puxa.
— Mary Highgate. — Ele me olha e eu assinto. — Nos ligaram avisando que ela estava aqui. Pode nos informar alguma coisa? — pede, educadamente.
— Só um momento, vou ver nos registros. — Ela olha o computador. — Quarto 375, final do corredor três à direita.
— Obrigado — ele diz.
Antes de que eu possa dizer alguma coisa, Mike me arrasta para o bebedouro e me dá um copo de água gelada. Tomo o mais rápido possível e então vamos para o quarto. Lori está sentada no sofá ao lado da maca e minha mãe está com aparelhos de respiração.
— Eu posso ficar um pouco sozinha com ela? — peço. Mike e Lori assentem e então fico ao lado da maca.
Ela está pálida, como uma pedra de gelo, seus lábios estão todos bagunçados, como se estivesse morta e sem vida. Passo as minhas mãos pelas mãos frias dela e deixo uma lágrima cair em cima do dedo dela.
— Eu amo você, mãe. — Olho-a por inteira, vendo tudo parado. Como se ela tivesse sido desligada da tomada. — Amo você — murmuro. — Mais do que tudo, me perdoe se eu não fui uma boa filha, se eu não te dei atenção o suficiente. Você provavelmente me diria que isso é mentira, que eu sempre estive do seu lado, que eu sou boa, mas nem sempre, mãe. Mil desculpas mesmo...
— Com licença, senhorita Clary, vamos levar sua mãe para mais exames — uma enfermeira diz, entrando no quarto.
— Tudo bem. — Seco as minhas lágrimas e me levanto.
Lori entra no quarto e senta ao meu lado. Mike foi comprar café. Ela pega as minhas duas mãos e me olha nos olhos. Como quem pede perdão ou desculpas. Por seja lá qual for o motivo.
— Mana, a mamãe vai ficar boa, não precisa se preocupar, ela já passou por isso tantas vezes e logo ela vai fazer a cirurgia e vai ficar boa. Acredita em mim? — Ela aperta forte as minhas mãos.
— Lori, a mamãe nunca veio para o hospital assim, esse pode ser o fim. — Começo a sentir meus olhos encherem de água e ela me abraça forte. Começando a chorar também.
— Não fala nada, Clary. Ela vai ficar bem, ela sempre ficar. Acredita em mim, pelo menos uma vez na vida, tudo bem? — Ela ainda está abraçada em mim, sinto suas lágrimas molharem meus ombros.
— Alguém aceita café, já são onze horas, afinal — Mike diz, entrando com uma bandeira de cafés.
— Claro. — Dou um sorriso e nós secamos as lágrimas, Lori pega um e me alcança outro, Mike se senta ao meu lado e nós três ficamos quase minutos sem falar nada.
As enfermeiras entram e colocam a minha mãe na cama, ela está descida ainda. Não sei se é normal, muito menos o que estão fazendo com ela assim.
— Clary... — minha mãe murmura, assim que as enfermeiras saem do quarto, me aproximo dela e tiro seu respirador. — Meu amor!
— Mãe. — Pego as suas mãos. — Eu estou aqui, eu amo você, mãe.
— Eu amo você também, querida.
Ela respira normalmente e seus batimentos cardíacos estão estáveis. Ela fecha os olhos, penso que ela se foi, mas está tudo do mesmo jeito.
— A gente pode conversar, Lori? — peço, me levantando. — Por favor.
— Claro. — Ela se levanta e dá um beijo na mamãe. — Eu te amo — sussurra.
— Mike, será que você dá uma olhada nela enquanto eu e a Lori vamos lá fora? — Ele assente e se senta no sofá de volta.
Caminhamos pelos corredores até chegarmos na lanchonete do restaurante, pedimos algo para comer e nos sentamos. Está escuro lá fora, olho no relógio e são onze e meia da noite, não tem muitas pessoas no hospital à essa hora, então eu e a Lori tivemos facilidade em escolher a mesa.
Nos sentamos com a bandeja sobre a mesa e nos entreolhamos. Por alguns minutos tento esquecer o que está acontecendo e pelo quê estamos passando.
— Então, sobre o quê quer falar?
— Nada em especial, na verdade...
— Tá bom. Como vai a sua vida, digo... na casa nova?
— Não sei, está tudo muito estranho, definitivamente não é a minha casa, eu me sinto como uma invasora, sabe? Além do mais, eles me tratam diferente, eu sei disso. A Mônica até me disse que era para eu ver um apartamento para que eu e Mike morássemos depois do casamento...
— Achei que vocês iam se divorciar — interrompe.
— E vamos, mas todos estão tratando isso como a coisa mais normal do mundo. Sendo que não tem nem lógica. Eu conheço ele há um mês, não faz sentido...
— Você vai mesmo se divorciar dele depois do casamento? Não vai ter nem lua de mel?
— Lori! — Olho-a incrédula. — É lógico que vou me divorciar. Não vai ter lua de mel nenhuma. Assim que eu pegar o dinheiro eu me separo.
— Você não vai dar nenhuma chance?
— Chance para o que exatamente?
— Pra vocês se apaixonarem.
— Qualquer coisa que aconteça até o casamento provavelmente vai ser instinto.
— Por que diz isso?
— Porque será.
— Vocês já fizeram alguma coisa?
— Do quê você está falando, Lori?
— Vocês devem ter feito alguma coisa, pra você falar desse jeito.
— Tá, a gente se beijou, uma vez, de verdade, mas foi puro impulso, na verdade, não sei nem se isso tem nome. Foi completamente impensado.
— Clary — Lori diz, em um tom de animação, falta pouco para ela sair batendo palma pelo hospital. — Isso é maravilhoso.
— Por quê?
— Desde a primeira vez que eu vi você e o Mike juntos eu senti que vocês combinavam.
Levanto e olho para ela boquiaberta, coloco a minha bandeja aonde deve ser deixada e volto para o quarto da minha mãe, mas antes de entrar Lori agarra o meu braço.
— Escuta aqui, Clary, você não precisa ficar brava comigo só porque eu falo o que eu penso.
Nesse momento eu percebo que eu e a Lori temos mais coisas em comum do que imaginava. Qualquer característica minha ela tem, cada gesto dela é parecido com os meus, até o fato de que ela fala sem pensar é algo igual. A única coisa que temos de diferente uma da outra são os nossos problemas.
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Contratada Para Amar | concluída
RomancePode a vida de uma garota virar de cabeça para baixo por causa de um pequeno contrato? Podem as pessoas da sua própria família se virarem contra você? A resposta para essas e mais perguntas é sim. A vida de Clary Highgate vira de pernas para o...