DEFINITIVAMENTE sou tomada por uma sensação estranha, meu corpo todo treme, não sei exatamente pelo que ou o motivo pelo qual isso está acontecendo. Não é possível que em duas horas que nos conhecemos ele tem algum tipo de efeito sobre mim. Ele me guia para o fundo do salão, no qual uma porta de uns três metros de largura e dois de altura levam a um jardim magnífico — contendo vários tipos de flores como Orquídeas, Copo-de-leite, Margaridas, Girassóis. Uns três passos para a frente há um banco de madeira envernizado, extremamente liso, mas muito lindo, com algumas rosas vermelhas em volta dos nossos pés. É como se eu tivesse viajado para um Universo diferente, completamente vazio, onde não tem pessoas, somente o cheiro maravilhoso das flores ao meu redor.
— Então... Clary. — Ele rodeia o lugar com os olhos e em seguida vira-se para mim. O olhar dele é tão fundo, que eu me sinto em um exame de raio-x. — O que está achando da festa?
— Ah, eu estou amando — respondo, com um toque de empolgação, mas me contenho. — Quer dizer... estou achando legal, na verdade, eu nunca fui em una dessas, sabe. Eu acho que a festa mais chique que eu fui na minha vida toda foi a minha festa de formatura da faculdade.
— Você é jornalista, não é? — Apenas assinto. — Formou quando?
— Me formei no final do ano passado. É...
— Legal.
Parece que o assunto morre. Se bem que nem temos o que falar, nem se quer nos conhecemos. Teria que ser ao contrário: quando não se conhecem não conseguem ficar sem se falar para se conhecerem melhor, mas, na verdade, isso não acontece comigo, porque essa pessoa com quem eu estou conversando é o meu futuro marido. Isso é muito estranho, definitivamente. Eu vou ficar com alguém por escolha do meu pai. Estou me sentindo aquelas garotas de antigamente, que os pais escolhiam o noivo e você era obrigada a casar aos quatorze anos. De certa forma, eu poderia ter conhecido ele, em uma outra situação, em uma outra hora, por acaso.
— Você quer mesmo fazer isso, Clary? — A voz dele primeiro ecoa pelos meus ouvidos e depois em cada célula de mim, mais tarde eu entendo que ele está me chamando. — Clary, você está bem? Está cansada? — De repente, eu escuto o que meu pai me disse: 4° Não pareça confusa, tudo o que eles disserem você apenas concorda.
— Eu estou bem sim. Eu estou um pouco cansada. Será que posso ir embora, eu... — Começo a me levantar antes que eu o bombardeasse com um monte de xingamentos, que nem sou capaz de pensar agora. — Até mais, Mike.
Não deixo ele falar, apenas saio arrumando novamente a saia do vestido, procuro meu pai pelo salão, demoro um pouco, mas vejo que ele está falando com uns caras que parecem empresários extremamente bem sucedidos.
— Pai — cochicho perto dele. — Pai.
— Foi um prazer conhecê-los. — Eles apertam as mãos uns dos outros e então meu pai coloca a mão em minha cintura e saímos de perto deles.
Ele me obriga a me despedir dos pais e da irmã de Mike. Todos dizem que me adoraram e que eu sou uma garota incrível. Mal podem esperar para me ver em uma reportagem. Pelo menos algo nós temos em comum: também quero me ver em uma reportagem. O meu trabalho no Green Hall Hotel não está sendo um dos melhores, inclusive eu demorei para fazer o meu chefe aceitar que eu precisava vir nessa festa. Contei a situação do casamento e ele assentiu, mas vou precisar trabalhar à tarde no próximo final de semana. Até lá espero que a Lori esteja boa em cuidar da mamãe. Na verdade, a mamãe entende que eu preciso trabalhar, eu dou um remédio antes de sair, se ela precisa de soro eu coloco e quando acaba ela sabe como fechar, ou eu falo com a nossa vizinha, Dora, e ela vai lá de vez em quando.
Finalmente chegamos em casa depois da festa, meu pai insistiu para que ele voltasse de carro para casa, não quis me opor já que ele sabe o que faz. Começo a entrar em casa assim que vejo o carro dobrar a esquina, mas ouço a voz da Violet.
— Uau, Clary. Aonde você foi assim, toda arrumadinha. Quer dizer... tão linda! — Ela vem me abraçando e mexendo no meu cabelo, me examinando como seu eu fosse um extraterrestre e eu dou risada dela.
— Você está parecendo uma cientista maluca examinando uma doença nova. — Damos risada novamente e eu a abraço. — Eu estava em uma festa com o meu pai. — Ela arqueia uma das sobrancelhas. — Longa história, Vi. Depois a gente conversa, são três da manhã. Você viu se a Lori saiu?
— Se eu mentir vai fazer você ficar feliz?
— Ela saiu, né? — Reviro os olhos.
— Sim, mas foi há uns minutos...
— Minutos, Violet? Certeza?
— Sim, tenho. Ela precisava fazer alguma coisa?
— Cuidar da minha mãe enquanto eu saí. A Lori vai me causar problemas de novo. Enfim, desculpa, Vi, obrigada. Amanhã a gente se fala.
— Que horas você volta do Hotel?
— Lá pelas sete. Vamos fazer alguma coisa?
— Vamos tomar um café, eu pago.
— Ótimo, até amanhã.
— Até, amiga.
Nós nos abraçamos e eu entro em casa. Eu só espero que a Lori realmente tenha saído há minutos e não horas, porque eu não estou em casa há sete horas, se algo podia acontecer, com certeza aconteceu e eu não posso deixar nada acontecer com a minha mãe.
— Lori, eu te mato se acontecer alguma coisa com a mamãe, tá! — digo, quase em voz alta enquanto eu desfaço a trança do meu cabelo.
Tiro o salto e jogo no meu quarto e corro para o quarto da minha mãe. Ela está deitada, sem soro e respirando fraco.
— Mamãe?
Mexo nela e consigo virá-la de lado, sua respiração volta ao normal e ela dá uma piscada e abre os olhos.
— Lori.
— Não, mamãe, sou eu... a Clary. Lembra de mim?
Ela estende a mão para o meu rosto e dá um suspiro.
— Mamãe?
— Clary... sim... a sua irmã cuidou tão bem de mim que eu achei que fosse você, quase confundi as duas.
— Sabe aonde ela foi?
— Não.
Reviro os olhos e eu não quero nem pensar onde ela pode estar agora.
— Ah, mamãe, logo você vai fazer a cirurgia e as quimioterapias, em breve, mamãe. — Dou um beijo em sua testa, fico ali mais uns minutos, mas ouço a porta bater. — Lori?
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Contratada Para Amar | concluída
Lãng mạnPode a vida de uma garota virar de cabeça para baixo por causa de um pequeno contrato? Podem as pessoas da sua própria família se virarem contra você? A resposta para essas e mais perguntas é sim. A vida de Clary Highgate vira de pernas para o...