VOLTO DO TRABALHO extremamente cansada, não é tão fácil quanto parece ser camareira, até porque existe um preconceito muito grande com mulheres — não só nesse como em vários outros ramos do comércio atual. Limpo quarto por quarto e corredor por corredor, e quando eu penso que vou ficar dois minutos sem fazer nada... Moça, você pode fazer isso para mim? Moça, pode trazer toalha no duzentos e dois, por favor?, mas fazer isso é o que sustenta a minha mãe, não é?
Assim que chego no portão tudo o que eu mais quero é saber que a Lori cuidou da mamãe e que eu não tenho muito com o que me preocupar, mas eu tenho uma desconfiança, bem lá no fundo. A Lori já me perturbou tanto nessa questão que eu sempre fico receosa quando ela vira uma boa pessoa. Me assusta, mas ao mesmo tempo sinto orgulho dela. Quando vou entrar em casa sinto meu bolso vibrar, o número de telefone não está salvo, mas atendo do mesmo jeito.
— Alô?
— Oi, Clary?
— Sim, ela mesma, mas quem é? Quer falar com quem?
— Clary, sou eu, o Jack!
— Jack, meu Deus... quanto tempo. O que aconteceu? Fala, o que foi?
— Na verdade, eu queria saber de vocês, o casamento será em breve, eu e a Myllena estávamos pensando em ir aí antes do casamento para ver a mamãe.
— Você quer ver a mamãe? Está tudo bem mesmo?
— Sim, Clary. Para com isso, você sabe que eu me importo com ela.
— Prefiro falar disso pessoalmente com você.
— Então eu posso ir ver vocês?
— Você vem me ver primeiro, depois eu vejo se você pode ou não ver a mamãe.
— Tudo bem. Vou o mais breve possível.
— Tá bom. Tchau, Jack.
Desligo o telefone e coloco o mesmo na bolsa. Jack é quatro anos mais velho que eu, ou seja, ele tem vinte e oito anos, de fato, Jack nunca se importou muito com a mamãe, por isso o fato de ele ter ligado me assustou tanto. Quando a Lori, eu e o Jack tínhamos, respectivamente, seis, dez e quatorze anos, eu via ele como a melhor pessoa do mundo, naquela época ele era extremamente família, nós três brincávamos juntos. Quando o nosso pai saiu de casa Jack tinha dezesseis anos, dois anos depois ele conheceu a Myllena e em um ano eles estavam noivos. Desde então eles moram em Nova York. O casamento deles está marcado para o final desse ano, mas sem data fixa. Pelo que ele me disse hoje: o casamento está próximo.
Finalmente entro em casa, coloco as roupas da lavanderia para o lado de fora do jardim de trás da casa, passo pela sala e a Lori está dormindo apoiada no braço do sofá. Depois de deixar o cesto lá fora eu vou até o quarto da mamãe. Noto que a Lori havia dado os remédios — verifico se são os certos e, por sorte, são. Guardo eles na caixa de volta e fecho. A Lori está aprendendo rápido.
A Mamãe acorda e então gagueja alguma coisa, eu não sei, mas ultimamente ela está fraca demais, não consegue nem falar às vezes. Eu espero que essa doença não mate-a antes que eu possa pegar esse dinheiro para a cirurgia e para as quimioterapias.
— Cadê o bolo? — praqueja.
— Eu já trago, mamãe.
Respondo meio sem saber do que ela está falando, mas me lembro que na noite do aniversário eu saí e quando voltei a Lori me disse que mamãe comentou sobre um bolo, e que ela foi comprar as coisas, acho que elas devem ter comentado algo sobre isso.
— Eu vou buscar, mamãe, já volto. — Dou um beijo em sua testa, ligo a televisão na novela que ela gosta e saio do quarto.
Tomo um banho de um jeito que a água possa me lavar por completo, tento tirar o maior peso possível que eu estou sentindo. Por mais que esse pensamento seja utópico, eu gosto de acreditar que existe, sim, um mundo perfeito, aonde não há dor ou qualquer tipo de doença, as pessoas são verdadeiras, não passam a perna umas nas outras para se sentirem melhores. Aonde a felicidade d o sorriso são a satisfação de um bom dia de trabalho, onde o ódio não existe. Gosto de ter pensamentos positivos de vem em quando.
Quantas turbulências precisamos passar para chegar ao nosso destino? Se a minha vida fosse comparada com uma viagem de avião, a minha viagem seria a mais difícil possível, eu levaria horas e horas para chegar ao meu destino, se é possível: levariam dias, meses ou, até mesmo, anos. Eu queria que a minha vida fosse uma viagem de jatinho, sem turbulências, problemas, falta de gasolina e você chega muito mais rápido e nem vê. Ou talvez eu esteja em um jatinho, mas não devo ter destino.
Saio do banho bem mais relaxada, coloco um pijama bem solto, amanhã tem uma conferência de hotéis e eu não vou trabalhar, que sorte. Hoje o dia foi bem frustrante. Passo um perfume de cereja que eu gosto muito e vou ver se a Lori já havia acordado.
— Lori? — Passo a mão por ela e a mesma dá uma mexida. — Lori, são nove da noite, quer ir para a cama, ou me ajudar a fazer o jantar, quero falar com você.
— Ah, sim, claro, vou tomar um banho e já vou. — Ela se remexe no sofá e se espreguiça.
— Certo. Vou pendurar as roupas no varal e já vou para a cozinha também.
Ela assente então eu faço o que falei. Estendo todas as roupas que foram lavadas hoje, eu sou uma negação para lavar roupa, então eu já mando para a lavanderia antes que eu estrague alguma coisa.
Depois de estender as roupas eu vou para a cozinha, começo a separar as coisas para fazer uma sopa para a mamãe.
— Então, o que queria me falar? — Lori chega perto de mim e começa a mexer nos legumes.
— Senta aí e vamos conversar enquanto cortamos as coisas.
Oi! Obrigada por ter chegado até aqui! Não se esqueça de comentar e deixar a sua estrela se gostou do capítulo, obrigada!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contratada Para Amar | concluída
RomancePode a vida de uma garota virar de cabeça para baixo por causa de um pequeno contrato? Podem as pessoas da sua própria família se virarem contra você? A resposta para essas e mais perguntas é sim. A vida de Clary Highgate vira de pernas para o...