Capítulo 8

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-E o que ela está fazendo aqui?

-É isso o que quero descobrir​ Allan. Olhe bem esse último nome, ao contrário, encontramos Coatra.

-Aquele Coatra? Impossível!

-Não conheço nenhuma outra casa de apostas chamada Coatra.

-Aquele lugar é infestado de criminosos!

-Justamente! é um lugar perfeito para uma mulher como ela se esconder, e se me lembro bem, você é ótimo com apostas!

-É perigoso, Lizzie.

-Atravessar a rua também é perigoso, e fazemos isso todos os dias!

-As vezes acho que você tem tendências suicída, ou melhor, kamikaze!

-Isso é um sim?- indaga, cansada das piadinhas sem graça do amigo. -Bom...se estiver com medo pode ficar, não tenho problemas em ir sozinha.

-Não vou deixar uma dama ir sozinha!

    Ela estreita os olhos.

-Eu sei que você sabe se cuidar, Lizzie. Mas não me sinto bem em deixá-la sozinha naquele lugar!

-Como quiser, sua companhia será bem vinda. Partimos ao anoitecer. - responde rapidamente.

-Espera! Por que sinto que fui manipulado?

(...)

Apesar de conhecida pela cidade, Coatra se localizava nas ruínas de um porto mal cheiroso. Mesmo depois de anos, aquele lugar ainda cheirava a peixe morto com um toque de álcool e restos de comida.
Ambos seguem pelo beco a esquerda, a chuva começava com pequenos respingos, molhando a peruca ruiva de Elisabeth. Allan vinha logo atrás, reclamando a cada dois segundos sobre o cheiro e o quanto aquilo era perigoso.
Lizzie revira os olhos, parando em frente a porta de ferro maciça, isso não estava nos seus planos, da última vez não existiam portas. Mas ainda assim, sabia que a casa de apostas contínuava alí, o som de risadas abafadas pela porta podiam ser ouvidos a quilômetros.
Allan segurava a mão de Elisabeth, enquanto com a outra batia três vezes na porta.
Uma pequena fresta é aberta, e olhos negros intimidadores espiam.

-Nome?

-Allan, Allan Matte.

Quase que instantaneamente a porta é aberta, liberando passagem para que ambos pudessem entrar no local.

-Desculpe senhor, mas não é permitido a entrada de mulheres.

-Como?

-Regras da casa, sem mulheres. Elas causam muita confusão.

-Querida, me espere no carro. - diz Allan.

    Diante disso seus olhos encontram o brutamontes a sua frente, e depois  vagam pelo salão, repleto de mulheres. Algo não andava bem.
     Entretanto, antes que pudesse protestar, a porta já estava fechada frente ao seus olhos. A chuva começava a engrossar, e ela sabia que precisava criar um jeito melhor de entrar sem despertar confusões. Confiava em Allan, mas não queria deixa-lo sozinho com aquela mulher.
 
-Bando de idiotas.- murmura, irritada.

    O som de uma garrafa de vidro se espatifando contra o chão prende sua atenção no canto escuro, no final daquele corredor. Talvez fosse o vento, pensou.
     Tamanha foi a surpresa quando mãos fortes a agarraram, e o seu cérebro demorou para processar o que estava acontecendo. Em questão segundos o malfeitor a desmaiou com uma coronhada na cabeça.

(...)

      Elisabeth inspirava pela décima vez, contendo o medo que a assolava. Desde pequena nunca fora fã desse meio de transporte e o frio da Rússia contribuía para tornar a viajem ainda mais tensa.

Agent BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora