Capítulo 23

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Faltava somente mais um dia para que o navio Cold Fishes ancorasse na costa, e com a ajuda de Campbell, Benn terminava de escolher o grupo de invasão. Era uma equipe pequena, mas composta de ótimos agentes com habilidades que seriam úteis para qualquer situação.
Desde aquele dia, ele e Elisabeth não voltaram a trocar nenhuma palavra sobre o ocorrido e as poucas falas do dia era sobre o trabalho e nada mais.
Na sala de reuniões, onde o general Clarke se instalara temporariamente, Elisabeth relatava ao homem sobre os progressos com Allan. Contou a ele que o cientista finalizava os comunicadores, e que estava pegando o jeito em defesa pessoal. O general parecia satisfeito, e finalizou a conversa dispensado Becker dos seus afazeres. Ele queria garantir que a jovem estivesse bem disposta no grande dia.
Antes de sair, Lizzie observou mais uma vez sua mesa, feliz por não ser mais a "moça dos relatórios". Se tudo desse certo, provaria o seu valor, e nunca mais precisaria voltar à aquele posto.
Tomou um táxi até a esquina do seu prédio, e como o movimento estava pequeno descidiu parar e conversar com Jane, já que a padaria estaria quase vazia se não fosse por um homem no canto da janela, que bebia uma xícara de café enquanto analisava algumas folhas.
Avistou Jane sentada ao lado do balcão, com as mãos apoiando o queixo enquanto lia o jornal do dia. A jovem ergueu os olhos, e assim que viu a amiga, sorriu. Elisabeth sentou-se em uma das mesa, e segundos depois a garota apareceu com uma sexta de doces.

-Não pedi nada...

-Eu sei, é por conta da casa!

-Jane! Não quero ser a causa da sua demissão!

-Fica tranquila, meu chefe autorizou comer pelo menos uma dessas cestinhas por semana! e como não comi a minha ainda, podemos dividir!

-É... afinal das contas...- murmura pensativa. -Esse deve ser um bom trabalho...

-Se não fosse pelo salário, seria o melhor!

-Está morando aqui perto? -indaga curiosa.

-Não, ainda estou morando lá. Mas pretendo me mudar. Sabe de algum lugar aqui perto?

-Não... Não saio muito, então quase não sei sobre os apartamentos alugados.

-Continua com essa mania?! Não acredito, já disse que você deve sair mais! Inclusive, temos uma saída marcada, não é?

-Jane, ando muito ocupada, não posso sair agora!

-Ocupada nada! Podemos sair hoje a noite!

-M...

-Sem mais! Saímos hoje a noite... Lembra do meu primo? Vou convida-lo, você vai gostar de conhece-lo!

Elisabeth sorri, um pouco forçado, concordando com a cabeça. Ela não estava interessada em um romance nesse momento. Nem sua vida, e muito menos a sua cabeça tinha espaço pra isso. Seu trabalho exigia responsabilidades, e não poderia cumpri-las se existisse alguém no seu encalço.
Mais tarde, a ideia de inventar alguma desculpa para não comparecer ao compromisso ainda rodava-lhe a cabeça. A coisa ficou ainda pior quando Carnegie descidiu dar pitacos no que deveria vestir. A russa parecia estranhamente animada. Não era de seu feitio apresentar esse comportamento, normalmente ela carregava um expressão séria e irônica no rosto.

-Onde vai assim? - indaga Allan.

O cientista observava Elisabeth de baixo a cima de modo curioso.

-Sair com uma amiga. - responde.

-Que bom, divirtam-se, e Lizzie?

-Sim?

-Encontre alguém interessante, por favor.

Ela revira os olhos e desce até a padaria, onde Jane já a esperava. Mas não antes de pedir a Black Rose que cuidasse de Allan.
As duas pegaram um táxi até um dos bailes na Time Square, onde o primo da sua amiga estaria. Elisabeth não se cansava de admirar as ruas da cidade, via casais, crianças, famílias e, é claro, muito brilho! Talvez Jane estivesse certa e ela precisasse sair mais...
Abriu um pouco a janela, deixando o vento esparramar os seus cabelos, enquanto tentava prestar atenção no que Jane Scott falava. A mulher tagarelava o tempo todo, parecia feliz por finalmente convencer Lizzie a dar um passeio. E ainda mais feliz por apresentar aquela mulher ao seu primo.
O táxi parou na frente de um prédio luminoso, onde a música era tão alta, que podia ser ouvida desde o lado de fora do local. Jane entregou ao moço da porta dois cartões, e somente então, ambas entraram no lugar.
O salão era ainda mais bonito do que o lado de fora, a iluminação era maior, e agora, Elisabeth não só ouvia o som da música, como também o da voz das pessoas. Alguns casais dançavam no centro da pista de dança, outros conversavam com seus amigos. Existiam até aqueles, que namoravam escondidos nos cantos do salão.
Era tudo muito colorido e vivo, e Becker soube na hora, que a escolha de um vestido longo e vermelho, foi a melhor que fizera.
Permitiu-se ser arrastada pela colega, que segurava sua mão com toda força até o outro lado, atravessando o amontoado de pessoas da pista. Poderiam muito bem ter desviado, mas assim, era bem mais rápido.
Por incrível que pareça, Jane a levou a até a mesma mesa que o Capitão Moore estava, Lizzie demorou um pouco para captar o que estava acontecendo. O que ele fazia ali?
Ela sentou-se, sobre o olhar surpreso daquele homem e lhe dirigiu o mesmo olhar, deixando claro que também não sabia de nada.
Jane, percebendo a troca de olhares, sorriu, satisfeita por seu plano estar dando certo. Porém, mal sabendo o que aqueles olhares realmente significavam.

Agent BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora