-Isso é algo que eu deveria ter feito a muito tempo!
-Como pôde?!
Ele segura firmemente o braço da mulher, contendo sua fúria para não fazer nada que depois se arrependesse. Elisabeth o encarava, com um sorriso debochado, esperando que ele fizesse qualquer movimento para ter mais um motivo de ataca-lo.
-A verdade te deixa nervosa?!
-Acredite, você ainda não me viu nervosa! Francamente! quanta merda sai dessa boca!
-Peterson vai ficar sabendo disso e...
-Vai mesmo contar ao seu chefe que apanhou de uma mulher?! -ironiza, tocando no seu ponto fraco. - Não acha que é humilhação suficiente você mesmo saber? - indaga, cutucando ainda mais a sua fraqueza.
-Isso não vai ficar assim Becker!
-Não faça ameaças que não poderá cumprir! Fique a vontade para contar o que aconteceu aqui!
Arrancou seu braço das mãos do agente com brutalidade e desceu até o primeiro andar. Disfarçando sua expressão de raiva assim que chegou a mesa de Campbell.
Benn descidiu ficar mais algum tempo no local, para limpar toda aquela sujeira, e esperar que o sangue estancasse. Aquela mulher tinha uma boa esquerda, e conseguiu deixar seu nariz muito dolorido.
Já a caminho do seu apartamento, Elisabeth enfrentava o clima tenso que Campbell trouxe ao carro. Os dois não se falaram desde que saíram da OSCU com os materiais recomendados pelo Dr.Powell. Lizzie estava preocupada, esperava que Allan tivesse ouvido pelas escutas e ajudado Carnegie a se esconder.-Por que está irritado comigo? - indaga. - Já sabe que não sou nenhuma criminosa!
Ela queria saber o motivo do seu colega não lhe dirigir mais a palavra, acreditava ter esse direito. Mas o homem continuou mudo, e não obtendo resposta, bufou contrariada.
-Vai se ferrar então. -sussurra.
Lizzie sente seus olhos sobre ela durante alguns segundos, para depois finalmente ouvir a voz do agente.
-Você me enganou, e não gosto de ser feito de bobo!
-Estava trabalhando, eram ordens diretas, não poderia desobedece-las!
Campbell sabia que ela tinha razão. Mas se sentia traído, pensava que ela confiava nele e que aquela amizade começava a tomar outro rumo, mas pelo visto, aquilo era fruto da sua imaginação. Mesmo assim, não tinha direito de exigir mais de Becker, afinal, eram somente amigos.
-Podemos esquecer isso? - propõe, incomodada por tanto drama desnecessário.
Ele suspira, frustado e concorda com a cabeça. A partir dali, não houve mais conversa até que chegassem ao final do destino.
Elisabeth desceu do carro, segurando uma caixa, enquanto Campbell fez questão de levar as outras duas. Lizzie entrou no apartamento um pouco tensa, mas se tranquilo ao sentir a falta de Black Rose naquele ambiente. Constatou também, que os equipamentos de espionagem não estavam sobre a mesa, como de costume. E deixando as caixas bem ali, ela gritou por Allan, que apareceu logo em seguida sem camisa.-Allan! Quantas vezes eu tenho que dizer pra não andar por aí assim?!
Ele revira os olhos, e coloca sua camisa verde, abotoando os botões sem tirar os olhos de Campbell.
-É seu namorado? - indaga.
-Quê? Você sabe que não!
Allan sorri, fingindo pedir desculpa. Obviamente tinha feito aquilo de propósito.
Elisabeth não pode deixar de notar o estado do amigo, estava ofegante e veio correndo do quarto assim que a ouviu chamar.-Precisam de ajuda para tirar essas coisa da caixa? - questiona Campbell.
-Não, obrigada... Quer um café?
-Não, ainda tenho muito serviço à fazer, passar bem.
Ela o acompanhou até a porta, e assim que a fechou, Carnegie surgiu do outro cômodo. Elisabeth encarou os dois, analisando os estado de cada um, e sorriu com malícia.
-Vocês dois estavam fazendo o que?
Black Rose foi a primeira a entender.
-Antes morta! Nunca relaria um dedo nesse imbecil!
-O que vocês estão querendo dizer?- questiona o cientista, confuso.
-Deixa pra lá Allan. - suspira Lizzie. - O que faziam?
-Estava te ajudado, poupando o seu tempo, e ensinando a Allan algumas técnicas de luta. Sinceramente? Ele não leva jeito pra coisa! Não sei nem como tem todos esses músculos!
-Isso se chama genética, querida. - murmura Matte.
-Genética ou não, poupe seus esforços, ele é horrível com atividades físicas!
-Não posso fazer isso Carnegie, ele precisa saber pelo menos alguma coisa para se defender.
-Correr já vale alguma coisa... mas você é quem sabe, não conte mais comigo...
-Eu vou me esforçar, preciso aprender alguma coisa. - diz ele. - Não gostei nada de saber que vou ser a isca...
-Não tivemos outra opção, Allan. - explica Becker.
-Eu sei, e até entendo.
-Vai voltar pra OSCU? - interfere Carnegie, me vendo debositar minha arma sobre a mesa.
-Não, Clarke me deu folga para ensinar Allan.
-Não podemos treinar aqui nesse cubículo!
-Nós vamos até a academia da OSCU. É lá que os agentes treinam, e Peterson garantiu que não tivesse ninguém hoje.
-Não é perigoso tomar um táxi?
-Sim, mas nós vamos disfarçados, quer dizer, eu não, só vocês. Até porque, não sou uma fugitiva...
-Entre aspas, você quer dizer. - provoca Allan.
Carnegie franze a testa, intrigada. Não estendeu muito bem o que o cientista acabara de falar, mas sabia pela expressão dele que Elisabeth escondia algo, e ela pretendia sonda-la até descobrir.
Becker nem precisou reprovar o que o amigo acabara de dizer na frente da russa. Ele mesmo se martirizou por ter dito tais palavras sem pensar, agora teriam de ter cuidado redobrado, e aquilo era tudo culpa dele. Lançou um olhar de desculpas na direção de Lizzie, e ela abanou a cabeça, como se fizesse pouco caso do que ele acabara de fazer.-Podem se arrumar? Temos pouco tempo. - murmura Becker.
Carnegie esfregou as mãos animada.
-Vai ser ótimo ver o riquinho levando uma surra!
*

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Agent Becker
AcciónElisabeth, uma moça independente numa época totalmente machista que luta pelo reconhecimento do seu valor dentro de uma das mais secretas organizações do governo, a OSCU. Afastada da família após fugir aos Estados Unidos em busca da liberdade, aos p...