Capítulo 53

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    Entrando no personagem, Julie ergueu o queixo do modo mais esnobe que conseguia, mantendo uma expressão doce e envergonhada no rosto para convercer aos olhos sobre si, e caminhou de braços dados com seu "namorado". Sim, eles decidiram por manter uma relação um pouco menos íntima entre eles.
    O estúdio de gravação era muito grande, tanto que ela e Benn estavam caminhando à horas em busca do diretor, que sempre estava em algum lugar diferente quando eles pediam por informação. Ambos suspiraram um pouco mais tranquilos, quando finalmente uma mulher loira confirmou que George estava ali e apontou para o homem sentado atrás de dois televisores, supervicionando a gravação de uma cena ao ar livre.
    Enquanto esperavam, Lizzie sentiu a mão de Benn descer para a sua cintura e puxa-la mais para si. Se não soubesse que era tudo encenação, teria cortado a mão dele antes mesmo de chegar ao seu destino. Moore e Campbell suspiraram atrás do casal, cansados de seguir os dois por todos os lugares como cãos de guarda. O sol estava forte naquele dia.

-Corta! -grita George, um ruivo extremamente baixinho. -Ainda temos mais uma cena! Quinze minutos de descalço!

-Com licença, senhor Wilker. -intervém Benn, antes que o diretor fosse abordado pelos funcionários.

-Não estou contratando mais ninguém, rapaz. -diz, analisando Benn dos pés à cabeça. -Talvez em alguns meses.

-Não quero um emprego. Vim tratar de outro assunto, mas que também é do seu interesse.

-Quem deixou você entrar? -estranha.

-Não preciso de permissão pra entrar onde quero.

-No meu estúdio, você precisa.

      Lizzie colocou a mão no peito de Benn, com um jesto delicado de quem tentava evitar alguma briga, e sorriu de forma doce para o diretor. Aquilo foi ensaiado. Seus lábios se encurvaram levemente antes de dizer:

-Senhor Wilker. Sei que é um homem muito ocupado, mas ficaria muito feliz se pudesse nos dar alguns minutos do seu precioso tempo. Desculpe os modos do meu namorado, ele não esta muito acostumado à receber um não. -fala, melodiosa.

    George enrrugou a testa, interessado naquela mulher. Sua mente criativa já conseguia imaginar algum papel que ela poderia fazer no mundo do cinema, ainda mais com o novo projeto que tinha em mente. Não tinha a mínima idéia se ela alguma vez já tinha trabalhado num mundo como esse, mas a questão é que beleza não faltava naquele sorriso.
     Becker controlou a vontade de revirar os olhos, ela sabia exatamente o que o homem estava fazer ao examina-la, e conseguia concluir qual seria a sua decisão:

-Vocês tem cinco minutos. -fala George, puxando o casal discretamente para um canto mais reservado.

-Só precisamos disso. -diz Benn.

-E então? Qual o seu interesse? Filmes? Teatro? Quem sabe algo mais discreto? -questiona Wilker, sorrindo para Elisabeth.

-Meu interesse são armas. Mas acredito que você não costuma trabalhar com isso...bom...pelo menos não publicamente...- Lizzie sorriu. -Se é que me entende...

     O ruivo enrrugou a testa, fingindo confusão.

-Não precisa mentir. -diz Benn. -Estamos aqui em missão de paz.

-Queremos nos associar à Maré Vermelha. -diz Lizzie, direta.

-Maré Vermelha? Do que vocês estão falando? -questiona George.

-Ainda não me apresentei. -diz Julie. -Meu nome é Elisabeth Becker, e esse é o meu namorado, John Benn. Somos ex agentes do governo, interessados em trabalho.

-Não estou entendendo nada...-murmura George, fingindo confusão.

-Admito, vocês são bons. E realmente foi muito difícil encontrar uma ponta solta, demandou muito tempo e esforço. Mas sabemos exatamente o que vocês fazem. -diz Benn.

Agent BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora