A tão esperada data chegou, e o tumulto nos corredores da OSCU tornavam o local quase intransitável. Por sorte, Elisabeth estava na sala de reuniões e esse ainda era o único lugar tranquilo daquela base.
Peterson e o general terminavam de organizar o plano, e
segundo algumas fontes, o navio chegaria ao porto da cidade em duas horas. Elisabeth já estava disfarçada, e sentia-se incomodada com os olhares de Benn, que parecia impressionado pela transformação da mulher em um marinheiro.
Becker fez uma rápida explicação sobre a finalidade do comunicador, e como usá-lo para os agentes que ainda não tinham entendido a invenção do seu amigo, e a importância dela no plano.
Minutos antes, ela e o general trataram de acalmar o amigo, mas aparentemente ele continuava apreensivo. Ela dava-lhe razão, afinal a última vez que ele esteve em campo, Oliver Castex morreu.
Elisabeth se despediu do General com um aperto de mão. O homem apenas lançou um olhar orgulhoso e um sorriu paternal.-Você vai ficar bem? - sussurra.
-Claro que vou, senhor.
Ele concordou, e se dirigiu até Campbell para lhe dar a localização do local onde deveria deixar Elisabeth. Ele não falava, mas por mais que Becker fosse capaz, ficava preocupado que algo acontecesse à moça.
-E... Allan? Apenas fique vivo. - diz ela, lembrando-se das palavras de Oliver.
-Pode deixar, ainda pretendo ter filhos.
-Há, isso sim vai ser difícil!
-Até aqui você não para com essas provocações.
-São ossos do ofício.
Com mais um sorriso, ambos se afastam. Estava na hora de ir, e Campbell a levaria até o local.
O caminho para o porto foi silencioso, apesar dos dois já terem feito as pazes, para Elisabeth, Campbell continuava estranho e cada vez mais distante. Ela queria conversar com ele, pois sabia que isso serviria como uma distração até chegar ao porto, mas como o homem não lhe dirigiu a palavra, Lizzie achou melhor ficar calada e se concentrar nas ruas.
O carro parou alguns metros antes de chegar ao seu destino. Era perigoso se aproximar demais, e a partir dali, ela estava sozinha. Desceu do carro e acenou para o motorista. Campbell sorriu, como se naquele sorriso, tentasse acalmar a amiga.
Elisabeth arrumou as roupas e verificou se a peruca estava bem colocada, para somente então, iniciar sua caminhada até o porto. Agradeceu mentalmente por homens não usarem saltos, isso facilitava muito seu trabalho de andar naquela estrada velha e cheia de pedras.
Em menos de meia hora, Lizzie já estava a espreita, sentada em um bar ao lado da janela que dava vista ao local onde o navio deveria ancorar. Naquele horário, apenas marinheiros e tripulantes ocupavam o local, com um cheiro de bebida tão forte, que ela sentiu que a qualquer momento poderia ter um coma alcoólico.
Pediu uma vodca à garçonete, precisava acalmar os ânimos, e o meio mais rápido era tomar algumas doses.
Voltou o foco ao porto, e de longe, avistou o navio chegando à cidade. Era velho e de grande porte, com escritas apagadas na lateral da embarcação enferrujada, indicando o nome, Cold Fishes.
Os tripulantes descem um a um do navio, em direção ao bar onde ela estava. Provavelmente fariam uma parada para beber, e esperar até a hora de partir. O que certamente aconteceria ao anoitecer, já que esse era o horário mais propricío para se encontrar com o sequestrador.
Ela observou o comportamento de cada um deles enquanto fingia beber da caneca de vodca vazia. Ficou satisfeita em saber que eles não se conheciam muito bem, assim que entraram, cada um ocupou um canto do bar, claramente dispensando a companhia dos colegas.
Procurou discretamente algum homem parecido à ela, precisava de alguém com a mesma estatura, e sentado no canto esquerdo do bar, achou o que procurava. Ele era um pouco mais alto que Lizzie, mas ninguém perceberia a diferença.
Pediu mais uma bebida, e continuou com olhos grudados no homem, à espera da oportunidade perfeita para trocarem de lugar. Foi quando finalmente essa chance chegou. Ele levantou, e seguiu para o final do estabelecimento por um corredor estreito.
Elisabeth seguiu-o com precaução, tomando a devida distância até avista-lo entrando no banheiro masculino. Adentrou o local, trancou a porta com a chave na fechadura e se pôs a lavar as mãos.
Ouviu o zíper na calça do homem fechar, e somente então decidiu agir. Assim que ele deu meia volta, desferiu um soco no seu rosto o pegando desprevenido. Surpreso, cambaleou um pouco pra trás e olhou para ela com fúria. Sem esperar um contra ataque, Elisabeth enrolou os dedos em seu cabelo e bateu a cabeça dele contra os ladrilhos da parede. Forte suficiente para atordoa-lo e dar o tempo necessário que Lizzie precisava para sufoca-lo com as mãos, até que perdesse os sentidos.
Da cabeça do homem escorria um filete de sangue, formando uma trilha desde o seu cabelo à orelha. Ela arrastou-o até o final do banheiro, e procurou deixá-lo o mais confortável possível naquele chão úmido, ele com certeza teria uma seria dor de cabeça amanhã.
Respirou fundo e se concentrou no que precisava fazer. Começou a desnuda-lo. Precisava das roupas dele para se misturar facilmente entre os tripulantes. Assim que eles desceram do navio, ela percebeu que a roupa que escolhera não era a indicada e que aquele estilo não a ajudaria a se passar despercebida. Tirou-lhe a camisa e o cinto, mas travou antes de desabotoar as calças.-É por uma boa causa... - repetia a si mesma.
Fechou os olhos e terminou de arrancar-lhe as calças. Ainda com as pálpebras apertadas deu meia volta até o outro lado do banheiro, e iniciou a troca de roupa. Apertou um pouco mais a faixa que cobria-lhe os peitos para colocar a camisa. Essa faixa começava a machuca-la, mas teria que estar bem apertada para que ninguém percebesse que de um minuto ao outro, um marinheiro ganhou seios.
Terminou a troca e saiu do banheiro o mais depressa possível, trancando a porta logo em seguida enquanto enfiava a chave no bolso da calça. Ele demoraria algum tempo para acordar, e mais tempo ainda para sair dali!
Voltou à barra do bar e pagou sua bebida, pretendia pedir outra, mas não avistou os tripulantes do navio naquele local. Forçou mais a vista, pensando estar enganada, todavia aquilo não era uma ilusão, eles realmente não estavam mais alí.
Saiu do estabelecimento e rumou ao navio, subiu as escada de madeira improvisada que ligava o trapiche ao Cold Fishes e adentrou curiosa. Becker ficou um pouco desconcertada pela correria do interior da embarcação.
Homens corriam para todos os lados alçando velas. Outros rolavam barris de peixes para o subsolo, enquanto alguns gritavam uns com os outros, no que parecia ser uma conversa. Encontrou também mulheres, esfregando o chão com esfregões.
Rolou os olhos mais uma vez pelo local e encontrou a entrada para o subnivel. Ela precisava conhecer melhor aquele lugar, e estando grande parte dos tripulantes alí, isso seria mais difícil de se fazer sem levantar suspeitas.-É... A viagem vai ser longa... - suspira, torcendo o nariz ao sentir o cheiro de peixe.
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Agent Becker
ActionElisabeth, uma moça independente numa época totalmente machista que luta pelo reconhecimento do seu valor dentro de uma das mais secretas organizações do governo, a OSCU. Afastada da família após fugir aos Estados Unidos em busca da liberdade, aos p...