Capítulo 40

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Aneurin franziu testa, tão confuso quanto o resto da sala com as palavras de Elisabeth. Ele olhou para sua filha mais nova, e então entendeu o que a agente queria dizer. Nicolette ainda estava ali, e poderia sofrer algum dano colateral pelas balas perdidas.

-Franklin, tire minha filha daqui. - pede.

O rapaz tenta obedecer o futuro sogro, mas é barrado por Elisabeth. Ela encarou profundamente os olhos dele, e então se voltou para o seu pai, com nojo explícito no olhar e uma raiva crescente.

-Escuta aqui! Você não vai fazer isso! Nicolette não vai se casar com esse homem! - impede irritada.

-Quem você pensa que é? Pirralha?!

Distraída pela raiva, Lizzie nem percebeu quando um dos soldados pegou Nicolette por trás e começou à arrasta-la com força pra longe da mira deles. Ela até tentou alcançar a irmã, mas assim que deu o primeiro passo, ouviu o som das armas sendo engatilhadas. Agora ela seria a única prejudicada.
O general olhou para mulher a sua frente, sorrindo vencedor. Peterson tentou interferir, mas Austen nem siquer o deixou falar.

-Pelo jeito você continua o mesmo imbecil de sempre!- grita Elisabeth, agora furiosa, ela estava pronta para derramar tudo o que segurou todos esses anos. - Forçar sua filha mais nova se casar com o mesmo homem que forçou sua filha mais velha à casar?! Que droga de pai é você? Deixa que eu respondo! Isso não é um pai! Você! Deixou essa responsabilidade pra mim! Então quer saber?! Se eu quiser! Nicolette não casa! Porque você não tem direito nenhum de opinar nisso! Porque quem cuidava dela todas as noites enquanto você estava na guerra era eu! Quem supria a falta dos país era eu! Você foi apenas o covarde que se escondeu debaixo do trabalho depois da morte da esposa e carregou as duas filhas pra cima e pra baixo como se fossem duas malas!

O general praticamente emudeceu, perplexo demais para retrucar. Como aquela agente parecia saber tanto sobre a sua vida?
Lizzie percebeu seu olhar confuso, e ficou ainda mais irritada, gritando mais auto:

-É realmente cômico ver você tão perdido assim. Passou tanto tempo desligado do mundo, que nem mesmo sua filha consegue reconhecer?! - ela ri, debochada. - Já que você parece lento demais para falar. Deixa que eu mesma me apresento: Olá papai querido!

Aneurin sentiu um arrepio eletrizante percorrer sua carne, desde o inicio ao fim da coluna quando finalmente compreendeu o que estava acontecendo.

-Impossível...pensei que....estivesse morta... -ele ri. - Deixa de piada... ela...Você...morta...

-Estou mais viva do que você!

-Julie? - sussurra Nicolette, chorosa.

Lizzie sentiu uma aperto no coração, ela não merecia saber disso assim. Tratou de esquecer a presença de Nick, e continuou com o seu discurso cheio de ironias. Satisfeita por finalmente poder descarregar tudo aquilo que pensava.

-Julie Elisabeth Austen! - murmura Lizzie. - Meu nome agora é Elisabeth Becker, muito prazer papai!

Todos nem siquer ousavam respirar mais forte, com medo de atrapalhar a discussão que rolava. Ninguém ali parecia acreditar no que estava acontecendo, principalmente os agentes da OSCU, insatisfeitos por descobrirem que novamente sua colega não era quem dizia ser. Carnegie nem mesmo conseguiu esconder a sua surpresa, e já tinha se sentado à muito tempo sobre uma mesinha próxima para observar melhor a cena, como se estivesse em um cinema.

Aneurin continuava encarando os olhos de Becker, lembrando-se daqueles olhos numa criança de doze anos que bagunçava pela casa, pensando que ele não estava olhando. Quando essa criança sumiu, ele entrou em despero, demorou muito tempo pra finalmente aceitar o fato de que talvez ela estivesse morta. Foi então que descidiu tratar melhor a única filha que lhe restou, mas acabou cometendo os mesmos erros de antes.
Como não reconheceu sua filha antes? Ela estava diferente, isso era fato, mas os olhos e o jeito continuavam o mesmo. Talvez bem la no fundo, ele já soubesse quem ela era, afinal não é qualquer um que fala com ele no mesmo tom que Becker usava e saia impune.
Nesse momento, Aneurin não sabia se podia abraça-la, até porquê imaginava que Julie certamente rejeitaria algo assim.

Agent BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora