Capítulo 47

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Elisabeth retirou as roupas sujas e jogou perto do colhete manchado de sangue com barro que havia acabado de depositar sobre as pedras. Ela continuou retirando suas peças, até finalmente estar em roupas menores para adentrar a pequena lagoa que encontrara. Pegou o isqueiro guardado na sua bota esquerda, e ainda sentada alcançou o papel branco que encontrou durante sua invasão à base.
A lagoa ficava longe o suficiente para que não houvesse qualquer perigo de ser pega naquela situação, e por isso ela não se incomdou em continuar daquele jeito, observando minuciosamente o papel por quanto tempo fosse necessário.
Quando encontrou aquela folha, descidiu guarda-la para inspecionar melhor por puro instinto, pois alguma coisa lhe dizia que havia algo à mais que os seus olhos não viam. Mas naquele momento, analisando cada canto do papel costatou que teria de recorrer à uma última opção. Discou duas vezes o isqueiro, até que a primeira chama surgisse em meio as faíscas, e aproximou a traseira do papel da mesma. O contato entre o fogo e ele era mínimo, tostando e modificando de forma lenta a cor braca para um marrom avermelhado que se espalhava ao redor de linhas finas e brancas, revelando o que estava escrito.
Lizzie suspirou alivida, por alguns segundos chegou a pensar que perderia sua única pista, mas ali estava diante dela a palavra que os russos trataram de esconder. Ela franziu o cenho, quase juntando as duas sobrancelhas de tanto enrrugar a testa ao ler e reconhecer que a palavra era na verdade, um nome.

"George Wilker"

Ok, ela não tinha a mínima idéia de quem era esse homem, mas sabia que antes de fazer qualquer coisa precisava investigar. Se fosse uma informação realmente relevante, os russos não seriam tão burros a ponto de deixa-la numa simples gaveta. Além disso, sabendo que a Maré Vermelha tem provavelmente algum dedo em tudo o que aconteceu, concluiu que precisaria da ajuda de Matte, afinal o cientista passou meses estudando sobre essa organização por acreditar que eles tinham alguma coisa haver com a morte de Oliver Castex, deste modo, talvez ele soubesse de algo que ninguém mais sabia.
Pelo menos agora já não havia mais dúvidas sobre como os sequetradores invadiam os países e falcilmente capturavam os cidadãos sem serem detectados. A Maré Vermelha é um grupo composto por homens de diferentes países, e poderosos e influentes sempre tendem à ter os seus contatos. Resta saber a causa dessa parceria repentina com a União soviética, pois em anos, isso nunca aconteceu.
Lizzie suspirou ao guardar o isqueiro e escorregar pela pedra até a água, com o papel ainda em mãos. Ela leu mais uma vez o nome escrito na folha, e então com a ajuda da água, destruiu totalmente aquela pista. Mergulhou seu corpo lentamente, até estar totalmente submersa pela água gelada e cristalina.

(...)

-Ai está você! - grita Carnegie, chamando a atenção dos homens que estavam ali perto.

A mulher se aproxima de vagar, com os braços cruzandos antes de sussurrar.

-Onde estava?

-Não importa.

-Seu cabelo está molhado...- analisa.

-Sério? - questiona sarcástica.

A russa bufa.

-Tanto faz, não é isso que vim perguntar. - ela descruza os braços. - E então? O que era aquela pista?

-Que pista?

-Comigo não Elisabeth... - sorri de lado. - Encontrei o papel escondido quando fiz o curativo.

-E por que está perguntando sobre ela? Você mesma viu que não havia nada.

-Sério? Não consigo ler se está dizendo a verdade ou não. Mas sei que é inteligente o suficiente para já ter descoberto. Estamos do mesmo lado, lembra?

-O que sabe sobre Geoge Wilker?

-É brincadeira?!

-Tenho cara de quem está brincando?

-Qual é? Ele é diretor de cinema lá em Hollywood! - murmura indignada. - Você não tem vida socil? Até eu sei quem ele é!

Agora Elisabeth estava ainda mais confusa, o que um diretor de cinema tinha haver com a Maré Vermelha?

-O nome dele estava naquele papel?- questiona Carnegie, juntando as peças.

-Sim.

-Isso é esquisito.

-O que é esquisito? - indaga Moore, se aproximando das duas com os olhos semicerrados.

-Ei Capitão! Como anda esse ombro? - indaga Lizzie. - Acha que já podemos partir?

-Sim, vim avisar vocês e...- ele franze a testa. - Está tentando me enrolar... sobre o que estavam falando?

-Sobre o ferimento do Benn, Tamy achou estranho alguém usar flechas numa batalha de tiros. - responde Lizzie.

Ela tinha realmente achado aquilo estranho, então só utilizou o que pensava ao seu favor.

-Hum...- diz o capitão, convencido. - Falando em batalha, antes de ir, nós dois precisamos conversar.

-Que modo sutil de me expulsar. - Fala Rostova, sarcástica.

-Me desculpe, não foi minha intenção ser rude e...

-Está tudo bem. - intervém ela, prevendo que Moore teria mais um ataque de cavalheirismo.

A russa revira os olhos, totalmente incomodada pela educação excessiva do capitão que as vezes chegava a dar náuseas.

-E então? Quer fala sobre o que? - pergunta Julie.

-Acho que você já sabe o assunto...

-Gostaria que fosse direto ao ponto. - interrompe.

-Você desobedeceu uma ordem direta do seu superior! - cruza os braços. - Não estava em seu posto, e deixou seu grupo sem comando.

-Eu estava em meu posto. - contesta ela. - Só que depois que vi um número enorme de soldados saindo da base, percebi que o lado de dentro estaria bem mais cheio e que a equipe 1 e 4 talvez precisassem de ajuda.

-E você descidiu ir lá sozinha?!

-Por que não? Você mesmo já disse que sei me defender.

-Foi irresponsabilidade deixar sua equipe sozinha.

-Eles não estavam sozinhos. Tamy supervisionava tudo.

-Não importa se ela estava no comando. Confiei em você, e dei ordens claras que deveria ficar do lado de fora! Levei uma facada porque precisei deixar meu posto e te procurar!

-Em primeiro lugar, levou uma facada porque não tem bom reflexo, da próxima, pelo menos bata na porta antes de entrar.- debocha. - E em segundo, se você também saiu do seu posto, por que está me crucificando?

-Não confunda as coisas, agente Becker. Estou no comando aqui, e por isso, lamento lhe informar, mas seus superiores vão ficar sabendo do que aconteceu hoje.

-Como quiser, Capitão. -diz seca. - Mais alguma coisa?

-Te...

-Ótimo, porque precisamos continuar a viajem, ou não chegaremos lá nunca! - intervém Lizzie, deixando o capitão com as palavras na boca enquanto via a jovem se afastar.

Agent BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora