Capítulo 12

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De volta a rotina do seu dia a dia. Elisabeth separava alguns documentos do almoxarifado para Peterson. O chefe desejava a lista de criminosos russos que residiam nos Estados Unidos.
Aquela sala, parecia não ter sido limpa a muito tempo, e a poeira sobre as caixas começavam a incomodar suas narinas.
Retirando as pastas necessárias, caminha até a sua mesa, deixando aquele amontoado de poeira para atrás,e do outro lado da sala, avista Campbell, concentrado nos seus afazeres. Há três dias, desde que os agentes fizeram o teste, ele não lhe dirigiu mais a palavra. Nem mesmo Benn, que adorava irrita-la, não soltara mais nenhuma gracinha.
O som estridente do telefone sobre a mesa chama sua atenção. Do outro lado da linha, a voz de Allan se faz presente.
Apertou com força o telefone, sentindo-se cada vez mais frustada à medida que o pressionava. Allan não poderia estar ligando, muitas pessoas estão a sua procura, e as telefonistas costumam ser muito fofoqueiras.

-Precisamos nos encontrar. - diz, encerando a ligação em seguida.

Rondou os olhos pelo ambiente, encontrando Peterson em sua sala. Atrás do vidro via-se perfeitamente o homem falando ao telefone com um semblante sério estampado no rosto. Ela limitou-se a recolher seu casaco do acento e sair o mais rápido possível. Seu amigo não era burro, ele sabia dos perigos que corria, e se estava ligando, algo grave aconteceu.
Já nas ruas, apressa os passos para chegar ao apartamento, a curiosidade e a preocupação a corroía por dentro. Avista Jane conversando com algumas senhoritas na portaria do prédio, mas como não tinha motivação alguma para inventar desculpas naquele momento, fingiu que não a viu, e passou despercebida entre as outras jovens.
Tateou o pequeno bolso do blazer azul, encontrando suas chaves e respirou aliviada, por alguns segundos pensara que havia se esquecido delas na base. Girou e entrou, parando para fechar a porta atrás de si enquanto seus olhos não conseguia acreditar no que estavam vendo.

-O que faz aqui?!

-Disse que iria procurá-la, não é?

Carnegie Rostöva se divertia com a reação de Elisabeth, não esperava que a garota se surpreendesse com sua presença. Ela termina com seu cigarro, jogando-o sobre a pia, e cruzando as pernas no sofá.
Allan, que até então permanecia em silêncio, caminha até a janela, abrindo-a para espantar o cheiro de fumaça impregnado no local, relatando os acontecimentos.

-Me desculpe Lizzie, mas quando acordei ela já estava aqui dentro, eu nem sequer sei como ela entrou!

-Entrei pela porta. - intervém Black Rose. -Como uma pessoa normal faria.

-Você não é uma pessoa normal. - murmura Matte.

-Deixou que alguém a visse? - questiona Elisabeth.

-Essa pergunta me ofende Becker. É claro que não.

Lizzie queria perguntar-lhe como a encontrara, mas sabia que essa seria uma pergunta muito besta. Afinal ela era Black Rose, com certeza teria seus contatos.

-Bem, imagino que você tenha dúvidas, não está curiosa? - indaga a russa, entediada.

-Não. Foi você quem me procurou, então comece a explicar.

-Tecnicamente foi você, mas tudo bem. O motivo pelo qual a procurei é simples: soube que aquela organizaçãozinha com a qual você trabalha esta investigando os sequestradores.

-Na verdade ainda não temos suspeitos. - admite.

-Você conhece o homem? - indaga Allan.

-Sim.

Elisabeth revisa os olhos, cansada.

-Vai nos dizer, ou não?

-Depende, quero algo em troca.

-Se estiver ao nosso alcance. - diz Allan.

-Proteção.

-Você não me parece o tipo de pessoa que precisa disso.- afirma Lizzie, cruzando os braços séria.

-Esta certa, não preciso. Sei me cuidar sozinha, mas vocês têm algo que eu perdi: contatos.

-Se você explicar melhor talvez a história comece a fazer sentido. - murmura Matte.

-Não antes de ter uma garantia.

-Quê garantia? - indaga.

-A garantia de que vocês manteram o acordo.

-Eu te dou a minha palavra - fala Becker.

-Agora nos diga quem é o sequestrador! - diz Allan.

-Sua palavra não vale nada pra mim. - contesta a russa.

-Mas é só ela que você vai ter. Comece a falar.

-Estão olhando para o sequestrador...

Assim como o amigo, Elisabeth demorou alguns segundos para digerir as palavras da mulher e encontrar o motivo pela qual ela confessava aquilo tão naturalmente.
A russa ri, divertida, ela adorava provocar confusão. E sua diversão era ainda maior quando a confusão estava dentro da cabeça de alguém.
Elisabeth retoma a sua postura, adquirindo um tom mais sério ao mandar Carnegie se explicar melhor. A mulher tinha mania de dificultar as coisas.

-É simples! Contrataram Black Rose para esse serviço. E eu disponibilizei os meus homens em troca de uma cadeira na "Maré vermelha". Mas acredite, os russos não são bons em negócios, e os americanos não aceitam uma mulher no grupo. E quando percebi, o governo soviético já não precisava mais de mim, já tinham homens suficientes.

-Eles te traíram? - questiona Allan.

-Não só eles, como grande parte dos meus homens. A maioria aceitou a traição em troca de perdão judicial.

-Mas ainda sobram alguns, por que está aqui? - diz Elisabeth, lembrando-se da última vez que a vira.

-Porque os que sobraram se acovardaram, se esqueceram de quem eu sou e, é por isso, que preciso derrotar os soviéticos, só assim terei a confiança deles de volta.

-Você sabe que é impossível derrotar um governo, não é? - indaga Allan, mostrando o quão óbvio era a situação.

-Se conseguirmos acabar com os seus planos, será mais do que suficiente.

-Mesmo assim...essas suas intenções malucas de enfrentar o governo só para ter seus homens de volta não me convence!

-Becker, você não entenderia nem se quisesse. É a nossa cultura. Quem quer confiança, tem que demonstrar o seus valor! No meu país a confiança não vem com o tempo, vem com o feitos!

-Há algo que não me sai da cabeça, a Maré vermelha está envolvida? - indaga Allan.

-Não tenho a mínima idéia. Meu serviço foi terceirizado.

-E desde quando o governo russo lida com criminosos? - indaga.

A morena ri, diante da pergunta.

-Desde sempre, eles nos caçam, mas trabalham conosco.

Lizzie estava louca para saber mais detalhes sobre o que Rostöva sabia sobre o caso, mas precisava voltar para a OSCU o quanto antes. Provavelmente Peterson já teria dado falta dos documentos que ainda não chegaram a sua mesa, e estaria furioso.

-Preciso ir, mas nós ainda temos assuntos a tratar! Esteja aqui quando eu voltar, ou o nosso acordo não valerá mais!

Agent BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora