Capítulo 20

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Sentado na mesa de reunião, o General Clarke ouvia atentamente o que Elisabeth tinha a lhe dizer. Ela explicava a ele a aliança que fizera com um suposto criminoso. Ele não parecia satisfeito com a parceria do criminoso, mas confiava que Becker manejaria a situação do melhor modo possível. Até porquê, se alguém chegasse a descobrir, ele deixou bem claro que não se envolveria. Contou-lhe também sobre a confirmação do nome do navio e essa notícia sim, pareceu animar aquele homem.
Quando finalmente terminou, o general sinalizou com a cabeça, autorizando a entrada de Peterson, Benn e Campbell. Que esperavam do lado de fora, com aparente nervosismo por não participarem da reunião.
A francesa, que até então permanecia em pé, tomou lugar e cruzou os braços sobre a mesa.

-E então? É esse o navio? - indaga Campbell.

-Sim. - confirma Clarke. - Agora só nos resta elaborar um bom plano, temos três dias...

-E se usarmos o Sr. Matte como isca? - propõe Benn.

-Não acho seguro. - murmura Peterson. - Ele é apenas um cientista, não tem experiência com armas, ou até mesmo com técnicas de luta! Precisamos de uma pessoa apta para a missão!

-Podemos enviar Allan e um infiltrado. - diz Becker. - Alguém pode tomar o posto de um marinheiro.

-Proponho que seja Benn, afinal ele é homem, e pode passar facilmente passar despercebido em meio à tantos outros. - murmura Peterson.

O general Clarke refletiu alguns instantes sobre as opções que tinha. Não confiava o suficiente em Benn para tal missão, mas ele era o único que realmente poderia se misturar entre aqueles homens. Ele respirou fundo antes de lançar o seu veredito.

-Está bem, Benn será o infiltrado. Mas Elisabeth dará aulas de defesa pessoal para Allan. Ele não pode se arriscar sem ao menos saber se defender!

-Em três dias? - indaga Benn.

Elisabeth jurava ter ouvido uma pontada de deboche naquela pergunta, mas era tão pequena, que pensou ser implicância sua.

-Sim, e mais, reúna um pequeno grupo para a extração. Chame aqueles que achar melhor!

-Sim senhor. - responde Lizzie.

-Agora precisamos saber somente como infiltrar Benn.

-Vocês esqueceram um detalhe importante. - intervém Elisabeth.

Clarke a encara, esperando que contínuasse.

-Benn sabe falar russo?

-N-não. - gagueja.

-Você pode ensina-lo Agente Becker. - afirma Clarke.

-Com todo respeito senhor, mas é impossível ensinar a alguém a língua soviética, em três dias! - exclama.

-E se Becker fingir ser homem, isto é, usar um disfarce? - intervém Campbell, pela primeira vez.

-Ela é uma espiã, não teria dificuldades em se infiltrar, só me preocupo com a aparência. - diz Clarke.

-Aqui na base temos um setor de disfarce, talvez encontremos alguma coisa... - murmura Peterson, ainda duvidoso.

-Mas e a equipe de extração? - questiona Benn.

-Isso ficará em suas mãos. Becker entrará e encontrará os reféns, e somente então vocês iram invadir!

-Como saberemos a hora exata de invadir? - indaga Campbell, preocupado.

-Nisso Allan pode ajudar... ele construiu uma espécie de telefone portátil que chama de comunicador, que pode ajudar muito nessa missão. Além disso, é bem pequeno e difícil de ser descoberto. Só que ainda precisa de alguns ajustes...

-Nossa base está aberta para ele, aqui temos recursos que seguramente o ajudarão!- murmura Peterson.

-Não podemos trazê-lo aqui. - relembra Clarke. - Campbell, ajude Elisabeth a levar tudo o que o Sr. Matte precisar.

-Sim senhor.

-Agora só precisamos pensar em como infiltrar a Srt. Becker! - exclama Peterson.

-Isso não vai ser problema... Pode deixar comigo. - diz ela. - Pretendo me esconder no navio, e só me infiltrar quando chegar lá

-É uma boa idéia, e garante que os tripulantes não tenham a chance de te reconhecer. - diz Campbell.

-Senhor...- intervém Peterson, se dirigindo à Clarke. - Não acha que deveriamls mandar outra pessoa? Becker quase não tem experiência em campo e....

Sua fala é interrompida por uma alta e sonora risada, carregada no sarcasmo.

-"Sem experiência"? - murmura o general.

Essa foi a unica frase que ele se limitou a falar, deixando que os próprios agentes a interpretassem como quisessem.

-Tudo bem... - suspira. - Agente Benn, pode acompanhar Becker até a sala dos disfarces? - questiona Peterson.

-Sim senhor.

Clarke da por encerrada a reunião, ele precisava telefonar para o presidente e dizer tudo o que escutará hoje, tinha certeza que ele ficaria feliz com as notícias.
Benn acompanha Elisabeth até o segundo andar, onde ela nunca estivera antes. Grande parte daquele local era para o armazenamento de equipamentos, armas e roupas. Na segunda porta a direita, encontraram um quarto grande, semelhante a uma loja de roupas, com perucas organizadas em ondem de tamanho numa espécie de cabide. Lizzie se demorou um tempo admirando cada canto daquele lugar, para somente então começar a procurar por algo adequado.
Benn ficou prostrado na porta observando Becker, que analisava cada roupa, peruca e bigode falso. Ele não estava gostando nada da autonomia que aquela mulher adquiriu em menos de vinte e quatro horas. Percebeu que Peterson, por mais que não gostasse, parecia tentar tratá-la do mesmo modo que general a tratava. Benn não pode deixar de notar o carinho nos olhos do general quando falava com Elisabeth. Talvez em um passado próximo, eles tivessem um caso... Mas essa hipótese parecia um pouco absurda, já que nunca vira Becker com algum homem. Contudo, nunca se sabe, as aparências enganam.
Elisabeth encontrou um par de sapatos e uma calça negra, acompanhados de uma camisa verde escura. Pegou também um bigode falso, prendeu seus cabelos em um coque, e arrumou bem os fios para fixar a peruca preta.
Quando saiu do provador, o agente analisou cada centímetro daquela mulher. Ela estava irreconhecível, e tinha que admitir que era boa com disfarces.

-Como estou? - indaga.

-Até que ficou bom, mas vai tem usar uma facha nos seus... Bom... É... Pra esconder... - gagueja, estendendo uma facha branca.

-Já entendi agente Benn, pretendo fazer isso, mas não hoje. Vim apenas para separar a roupa.

-Podemos ir?

-Não vou sair desse jeito por aí, espere um minuto.

Ela voltou ao provador e colocou seus trajes tradicionais, se assegurando de retirar o bigode, e guardar tudo no mesmo lugar. Quando saiu, Benn ainda a esperava, impaciente pela demora e irritado pelas perguntas sem respostas que rondavam a sua cabeça.

-Onde pretende ir? - indaga Benn.

Lizzie arqueia uma sobrancelha, imaginando onde ele queria chegar

-Com Campbell, recolher os materiais importantes para Allan. Precisamos levar tudo.

-Quer ajuda?

-O que pretende, Agente Benn? Sabe que não confio em você, e que você não confia em mim. Então o que quer? - questiona direta, irritada pelos rodeios dissimulados.

-Saber desde quando.

-Desde quando o que?!

-Desde quando você o General Clarke tem um caso.

Ela permanece em silêncio, impactada, não pensava que Benn chegaria tão longe com suas insinuações.
O homem não teve tempo e nem agilidade o suficiente para desvirar do soco dela contra o seu nariz. Que traçou um corte no ar em linha reta até o sua face, provocando um pequeno e dolorido sangramento. Ele limpou o sangue com a costa da mão, manchando seu rosto com o rastro do sangue, ainda perplexo.

-Mais o que é isso?! - indaga furioso.

*


Agent BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora